Canais e produtores fazem balanço da produção nacional

Próximos à data de cinco anos da Lei 12.485/11, programadores e produtores saúdam os avanços da produção nacional, mas lembram que ainda há desafios para ambos os lados. De sua parte, canais celebram que a audiência e boa aceitação do produto nacional compensaram a grande corrida que foi a adequação às novas regras das cotas, com necessidade de novos esforços e investimentos; no entanto, reclamam que ainda há gargalos no setor da produção e morosidade em aprovações da Ancine. Pelo lado dos produtores, as dificuldades em obter recursos e financiamentos vão sendo sanadas com buscas por caminhos alternativos.

Tiago Mello, produtor executivo da Boutique Filmes, acredita que houve uma capacitação geral do mercado e citou vários produtos que deram certo num cenário de competição com produtos estrangeiros. Para ele, o momento é bom para a indústria. A Boutique está produzindo a primeira série nacional para a Netlix, "3%".

Sócio-diretor da Mixer, João Daniel Tikhomiroff tem exemplos de grandes realizações para todas as principais programadoras. Sua produtora, uma das maiores do País, tem realizado parceiras que envolvem tanto os canais da TV por assinatura como da TV aberta, numa tríade que tem gerado produtos de bons resultados – esta semana a produtora anunciou "A Garota da Moto", feita para SBT e Fox Life.

Não bastasse isso, o seriado que a Mixer produz para a HBO, "O Negócio", é outro case de sucesso, e está sendo exibido no mercado norte-americano. "Criamos um núcleo de desenvolvimento próprio que nos deu uma excelência de qualidade". Para ele, o mercado está em processo de amadurecimento e os resultados da lei vieram muito rapidamente.

Para Tereza Trautman, do CinebrasilTV, esse boom que o setor vive chegou com dez anos de atraso. Com 6 milhões de assinantes e distribuído pela Sky e uma série de operadores regionais, o CinebrasilTV consta do pacote mais básico, o que segundo Tereza tornou possível levar a uma população carente desse tipo de produto uma seleção de conteúdo nacional relevante. "O básico tem menos canais, então cada um tem mais importância e visibilidade", lembra.

Na Turner, a diretora sênior de conteúdo do núcleo de canais infantis, Daniela Vieira, relata que o Cartoon Network já conta com 18% de sua grade formada por produção nacional. "Não temos medo de arriscar. Existe uma relevância de conteúdo brasileiro para o público brasileiro", diz. Ela, todavia, aponta para gargalos que preocupam, a despeito de a lei ter sido positiva: "A demanda da lei não acompanhou a capacitação do mercado." Há, segundo ela, uma demora nas avaliações dos projetos, com uma série de obrigações legais que geram backoffice para os canais, devido à burocracia. Ela diz que a programadora também aporta dinheiro próprio nas produções.

No GNT, a diretora do canal Daniela Mignani lembra que a produção nacional está no DNA do canal, desde o seu início. Hoje o conteúdo nacional responde por 90% da grade; são 21 produtoras independentes que trabalham com o canal, que terá em 2016 um total de 14 novos projetos, além de 31 novas temporadas de programas. A executiva diz que há necessidade de maior celeridade nos processos de usos de leis de incentivo, e há ajustes que precisam ser feitos quanto à vigência de exibição no caso de cruzamento de uso de leis. "Mas a produção nacional é o oxigênio do canal e da nossa empresa. O nosso desafio não é apenas olhar para o novo mas também recalibrar o que temos na grade, afirma. Tanto ela quanto Daniela Vieira, da Turner, gostariam que houvesse maior investimentos disponíveis para desenvolvimento de projetos e também para que se criasse uma cultura de produção de temporadas das atrações no "timing'.

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