Marcas passam a enxergar games como nova janela para publicidade

Há mais ou menos seis ou sete anos, o universo dos games ainda ficava restrito às crianças aos jovens e, por isso, eram poucas as marcas que os viam como janela para exibir anúncios ou realizar campanhas publicitárias. Esse insight foi apresentado por Cristian Pedroso, fundador da Hero99, durante o segundo dia do Festival Whex nesta quarta, 31/10, em São Paulo.

O painel analisou os games como janela relativamente nova para a publicidade e definiu o status atual do mercado como em crescimento. Fernando Macedo, da Spirit, representa uma das produtoras que têm dividido bem o trabalho de publicidade e entretenimento internamente. Um dos maiores sucessos em relação às produções audiovisuais da empresa, a animação "Carlos", atualmente em exibição no Brasil pelo Disney XD, é um exemplo de propriedade que evoluiu para se tornar game. "Temos cerca de 15 propriedades novas em desenvolvimento. Os bons resultados que angariamos nos ajudam a incentivar nossa equipe e a investir em conteúdos diferenciados.", explica Macedo. Outro exemplo de propriedade que evoluiu para o universo dos games foi uma campanha publicitária que a Spirit criou para o Detran.

Fernando Chamis, da Webcore Games, também trabalha com publicidade, mas não esconde que o objetivo maior é a produção de games próprios. "Já arrecadamos fundos em dois editais da Ancine. Ter esse tipo de incentivo para o mercado de games é muito importante e torço pelo crescimento e pela ampliação desses editais.", ressalta. Para ele, o caminho contrário, isto é, um game que vira uma série de TV também é válido. "Uma das grandes vantagens é que os games são mais fáceis de adaptar para outros idiomas e, uma vez prontos, podem ser vendidos diretamente, não dependem de canais de TV como acontece com as séries.", aponta. Nessa questão da tradução, Chamis relembra que games em português é algo relativamente novo, e que anteriormente o público usufruía dos mesmos em seu idioma original.

Cristian, da Hero99, considera que os games viraram janelas para a publicidade principalmente depois que chegaram aos celulares e, assim, atingiram um público para além do infanto-juvenil. "Hoje, para as marcas, estar dentro de um game pode ser tão importante quanto fazer uma campanha. Elas podem participar não só com anúncios tradicionais, mas também patrocinando determinada fase do jogo.", sugere "Os modelos são amplos e o mercado já tem absorvido essa modalidade de forma ativa.", declara. Nesse sentido, Chamis acrescenta que é importante para a marca avaliar o que faz sentido. "Há anunciantes que nos procuram querendo criar um jogo próprio. Mas produzir game demanda tempo e dinheiro e, especialmente o tempo, é um fator que esses clientes normalmente não têm.", afirma.

Para Macedo, a demanda por games começou a vir dos próprios fãs dos seriados, que são o público-alvo desses desdobramentos. E, para as produtoras interessadas em adentrar esse universo, Chamis sugere trabalhos em cocriação. A Webcore, por exemplo, fechou recentemente uma parceria com a Bossa Nova – juntas, as empresas ganharam um edital para desenvolverem um game de uma propriedade da produtora. "A junção entre produtoras com estúdios de games é um bom caminho, por isso sugiro que as produtoras tomem essa iniciativa. Hoje, no Brasil, são cerca de 300 empresas especializadas em games. Então a tendência do mercado é só crescer.", conclui.

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