Receita para a crise é pisar no acelerador, diz presidente da América Móvil Brasil

Como não poderia deixar de ser, a crise da economia brasileira em um cenário de ajuste fiscal, alta nos tributos e o encolhimento da base do setor de TV por assinatura nos últimos meses foi tema frequentemente abordado por executivos do setor de telecomunicações que participaram nesta terça, 4, do primeiro dia da Feira e Congresso ABTA 2015, que acontece em São Paulo.

Entretanto, para o presidente da América Móvil Brasil, José Félix, a crise é passageira e é nesses momentos de crise que o executivo enxerga oportunidades para crescer. A meta do grupo, diz ele, é a liderança em todos os mercados em que disputa.

"Eu, pessoalmente, estou ignorando a crise, fecho os olhos e ponho o pé no acelerador, mas de forma responsável", diz Félix, com bom humor. "Na hora em que todo o mundo pisa no freio é que temos oportunidade de ultrapassar˜, completa. Segundo ele, o setor já passou por um momento muito crítico em 2002. "O dólar disparou e se colocou em dúvida o futuro do Brasil enquanto um país capitalista, e isso é sempre problemático em qualquer lugar", comentou, em referência à primeira eleição do presidente Lula. "Não consigo prever como será 2016 nem mesmo como será o final deste ano, mas de uma coisa eu tenho certeza: nós sobreviveremos, como em outras situações. Sempre descobrimos um fundo de poço novo, e sempre saímos dele. Sairemos desse de forma gloriosa". De acordo com Félix, o grupo continua vendendo bem e isso é um bom indicador. "Não é espetacular como há dois ou três anos, mas são vendas significativas. Tão logo passe o período de adaptação, talvez voltemos ao que estávamos crescendo nos últimos tempos".

O peso do dólar

Apesar de não revelar valores, o presidente da AMX Brasil garante que os investimentos da holding mexicana no Brasil não serão reduzidos – ao menos não em reais. "Não posso falar em valores porque não sei se é publico e isso muda todo o dia, mas o investimento esse ano vai ser muito alto e não vai ser reduzido. O que acontece é a infelicidade do dólar e aí cai por causa do dólar, mas o valor em reais se mantém". O problema da desvalorização do real frente ao dólar, explica o executivo, é que com o mesmo dinheiro você faz menos, e a grande maioria dos insumos é vendida em dólar. "Estão lá nossas caixinhas que deixamos de comprar, nossos chipsets, equipamentos, cabos. Mas vamos dar uma acomodada, comprar menos, esbanjar menos, fazer menos estoque. A expansão de operação para novas áreas que era duvidosa se haveria retorno financeiro, aí freia, é natural, porque o retorno do investimento é importante", conta Félix, garantindo também que a América Móvil continuará com seu plano de expansão para novas cidades, embora não tenha revelado um número. Em 2014, a Net expandiu operações para 16 novas cidades.

De qualquer forma, vale lembrar que em abril deste ano o presidente da Claro, Carlos Zenteno, anunciou um investimento de R$ 8 bilhões do grupo mexicano no Brasil. Em outubro do ano passado, o CEO da América Móvil, Daniel Hajj, já havia declarado que o investimento para o Brasil poderia ficar em cerca de R$ 8,5 bilhões, mas em em fevereiro Hajj afirmou que o montante poderia ser menor, dependendo da situação econômica brasileira e o consequente impacto na geração de receita.

Tecnologia

O presidente da AMX Brasil continua a ver o investimento em redes híbridas de fibra ótica e cabos coaxiais como o de melhor retorno para a companhia. "Ainda não faz sentido economicamente entrar com fibra dentro da casa do cliente. Já conseguimos entregar 500 Mbps de velocidade por cabo coaxial. Na medida em que a demanda por velocidade vai aumentando e a nossa tecnologia permite, a vida é coaxial", disse ele aos jornalistas. A ideia é chegar com a fibra cada vez mais perto da casa do usuário e há um limite para a evolução tecnológica do cable modem e, eventualmente, Félix afirma que o grupo terá fibra na casa do usuário. "Mas dizer que a fibra faz sentido economicamente é quase uma 'forçação de barra'. É o recurso que outras têm para entrar dentro da casa do cliente e oferecer serviço com qualidade, mas não é o nosso caso. Nosso posicionamento não mudou. Continuamos investindo em rede HFC. Vamos chegar no limite", pontua.

1 COMENTÁRIO

  1. "Já conseguimos entregar 500 Mbps de velocidade por cabo coaxial" Mal e porcamente né? Nunca vi uma operadora à cabo do tamanho da AMX ficar com medo de entregar uma banda larga decente pros clientes com limite de tráfego. Poderia muito bem ter a opção de 30MB ao invés dos 25MB que tenho da GVT se não fossem os 80GB de tráfego mensais. Como eu vou limitar o tráfego de uma casa com 9 dispositivos conectados à internet? É o fim da picada!!!

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