MinC e Ancine lançam edital de games com investimento em produção e comercialização

Nesta quarta-feira, 05 de dezembro, o MinC e a Ancine lançam oficalmente o maior edital de games já apresentado para o setor. A nova linha de investimento em Jogos Eletrônicos do FSA será divida em quatro, sendo duas voltadas à produção, uma à comercialização e outra aos investidores.

O novo edital apresenta o valor de R$45,2 milhões em investimento com recursos oriundos do Fundo Setorial do Audiovisual. "Nós incluímos essa rubrica no Plano Anual de Investimento, o que significa que a tendência é que isso se repita para os próximos anos.", garante o atual ministro, Sérgio Sá Leitão.

A primeira linha é voltada à produção e funciona em sistema de processo seletivo, no qual os projetos inscritos serão analisados e selecionados por uma comissão formada por técnicos da Ancine e especialistas do mercado. O valor total aqui é de R$16.750 milhões, dividos em três modalidades. Na Modalidade A, o valor é R$9 milhões com aporte máximo de R$3 milhões por projeto; na Modalidade B, o valor é de R$6.750 milhões com aporte máximo de R$750 mil, diferenciando assim os grandes dos pequenos e médios projetos; por fim, a Modalidade C, com valor de R$1 milhão e aporte máximo de R$500 mil é voltada para games que trabalhem com questões relacionadas à acessibilidade. "Consideramos importante que a indústria trabalhe com essa dimensão em todos os âmbitos, por isso os games não ficam de fora.", diz Leitão.

Na linha descrita acima, há cotas regionais de 30% para a região Norte, Nordeste e Centro-Oeste e outros 10% para Sul, Minas Gerais e Espírito Santo, somando assim quase metade do investimento total. Além disso, a novidade é que 10% dos recursos das Modalidades A e B deverão ser destinados a projetos de VR e AR. Todos os projetos contemplados por essa linha terão o prazo máximo de 36 meses para serem concluídos.

A segunda linha, também voltada à produção, funciona sob sistema de fluxo contínuo e visa ser uma forma de complementação de fundos para quem já tem os recursos principais e quer ou ampliar o escopo do seu projeto ou finalizá-lo e lançá-lo ao mercado. A linha conta com R$10.5 milhões e trabalha com aporte máximo de R$1 milhão por projeto.

Nessas linhas de produção, o FSA terá participação nas receitas de 0,6% para cada 1% de participação de investimento total. Por exemplo: se o game custou R$2 milhões e o FSA investiu R$1 milhão, ele terá 60% da receita desses 50% investidos. A conta vale até que o FSA recupere o valor, depois o Fundo passa a ter uma participação de 10% nas receitas do produto ao longo de sete anos e então encerra-se.

A terceira linha diz respeito à comercialização e também funciona com fluxo contínuo. Nela, o investimento total é de R$8 milhões de reais, voltados aos jogos já concluídos ou em fase de finalização, com o objetivo de lançá-los da melhor forma possível e potencializar seu horizonte de receitas. O FSA entra com até 50% do lançamento e tem que haver a comprovação do investimento de outras fontes.

Por fim, a quarta linha foi criada para as aceleradoras. Ou seja, serão selecionadas aceleradoras que estejam dispostas a investir para acelerar empresas de games brasileiras – aqui, englobando tanto investimento de recursos quanto capacitação, e jogos "tradicionais" ou VR e AR também, potencializando o crescimento de startups. O modelo para isso foi o desenvolvido pelo BNDES, o chamado "BNDES Garagem", que já existe e funciona especificamente com startups.

"Nós estamos trabalhando isso para que seja uma política de estado, e não de governo, justamente para que ela tenha continuidade independente da mudança de gestão. O impacto de uma política como essa se dá em médio a longo prazo, por isso é tão importante sua continuação.", conclui o Ministro.

É importante ressaltar ainda que, com a nova formação do CSC, é a primeira vez que um membro da Abragames faz parte do Grupo. Sandro Manfredini foi nomeado como suplente do conselheiro Ricardo Fifini Leite, exibidor. "Do ponto de vista da indústria, queremos agradecer no sentido de que toda política pública se faz com diálogo, e tanto o Sérgio quanto o Christian foram muito parceiros nesse processo, ouvindo as principais demandas do setor. Fomentar a produção é importante, mas fomentar a comercialização é ainda mais desafiador, um dos principais desafios da nossa indústria, já que concorremos com jogos de âmbito mundial.", pontua Manfredini.

Panorama atual do mercado

"A Ancine considera a complexidade da cadeia do audiovisual e quer desenvolvê-la como um todo. Nesse sentido, estamos investindo em novas frentes como recuperação de acervo, festivais, eventos de mercado e capacitação artística, técnica e de empreendedorismo também. É pensando nesse cenário que o investimento em games e realidade virtual está crescendo. O mercado de games é maior do que todo o audiovisual junto, não podemos perder esse potencial.", declara Christian de Castro. "O empreendedor de games já nasce conectado com o mercado, em termos de tecnologia, e querendo ser competitivo globalmente. E isso vai ao encontro do viés mais moderno que a Ancine quer ter, juntamente a esse foco no lado empresarial do setor.", completa.

Dados apresentados pelo Ministério da Cultura identificam que, em termos de faturamento, o mercado de games é três vezes maior do que o de cinema e sete vezes maior do que o musical. Com taxas de crescimento aceleradas, o segmento no Brasil viu o número de empresas ativas em games crescer 182% de 2014 para cá e se fortaleceu como o maior mercado de games da América Latina.

Em termos de fontes de financiamento, os dados indicam que, em 2018, 46,1% dos valores investidos vem de fundadores, famílias e amigos, ou seja, de recursos próprios dos profissionais do setor. Apenas 12,2% são provenientes de editais de jogos digitais; 9,2% de investimento-anjo; 5,4% de publisher internacional e 5,1% de financiamento coletivo. Mas esse cenário já está mudando. Neste ano, o MinC apresentou a primeira etapa dos editais "#AudiovisualGeraFuturo", nos quais foram investidos R$2,5 milhões para o Edital de Jogos Eletrônicos e R$13,5 milhões em Editais de Narrativas Transmídia para a Infância. Segundo o ministro, a demanda foi maior do que a esperada. Os resultados serão divulgados até o fim do ano e os recursos estão assegurados, ainda de acordo com Sá Leitão.

Todas as informações relacionadas ao novo edital bem como as falas acimas foram apresentadas durante a palestra "Novos Investimentos em Games", dentro da programação da Unlock CCXP, evento de negócios da CCXP, nesta quarta-feira, 05 de dezembro, em São Paulo.

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