CTA prevê mundo cada vez mais permeado por máquinas

Se a evolução da tecnologia digital nos permitiu até aqui manter uma certa barreira entre homem e máquinas, esta fronteira está próxima a desaparecer. Pelo menos é a impressão que se tem ao percorrer os corredores e paineis da CES 2016.

Até aqui, podíamos desligar a TV, o computador e o celular e voltar às nossa vidas analógicas a qualquer momento. Mas a se confirmarem as principais tendências apresentadas na feira de tecnologia, nossas relações uns com os outros e com os objetos que nos cercam serão cada vez mais permeadas por chips e sensores.

Esse cenário de ficção científica, que pode trazer muito benefícios e também todo o tipo de problema, não parece intimidar o presidente da CTA (Consumer Technology Association), Gary Shapiro. Ele aponta as muitas vantagens da tecnologia, e acredita que ela própria solucionará os eventuais problemas que venha a causar.

Os drones, por exemplo, além de entregar mercadorias, aliviando o trânsito, podem levar remédios a áreas de difícil acesso, ajudar em resgates e em atendimento nos desastres naturais, na inspeção de pontes, na agricultura. Mas também podem levar armas para dentro de presídios ou ajudar traficantes de drogas. Para Schapiro, são "trade offs", trocas que se tem que fazer para ter benefícios e também potenciais problemas.

Ele cita uma lista de benefícios que as tecnologias em desenvolvimento podem trazer. "A impressão 3D muda a forma como criamos coisas. Podemos criar próteses, membros para prática cirúrgica, abrigos de emergência, prototipos de novos produtos em tempos muito menores", conta.

"Com os carros autônomos (sem motorista) podemos compartilhar os veículos, fazer entregas, auxiliar crianças, idosos e deficientes, reduzir o tráfego", continua.

Os sensores e a Internet das coisas podem ajudar na prevenção e tratamento de doenças. "10% dos americanos já usam um dispositivo de medição de atividade. Podemos fazer o cuidado remoto de idosos, detectar HIV e sífilis em minutos, como estão fazendo em Ruanda. Minha mae teve Alzheimer, e eu daria tudo pra ter na época tecnologia de reconhecimento de voz e rostos para ela, e chips de rastreamento, para quando ela se perdesse", contou Shapiro em um encontro com a imprensa nesta quarta, 6, durante a CES.

"Uma tecnologia de reconhecimento facial poderia detectar suspeitos na rua, e poderia medir o stress destas pessoas, permitindo deter um terrorista, por exemplo", disse.

"Temos que ter cuidados com a privacidade", reconheceu. A questão é delicada, e cada país tem definições próprias a respeito, disse.

Ele questiona por exemplo se um sistema de rastreamento de veículos que compartilha informações sobre clima, trânsito e acidentes com outros carros violaria a privacidade. "Sim, mas com grandes benefícios para a sociedade, redução de acidentes", disse.

Shapiro enxerga como desafios da indústria de CE (eletrônicos de consumo) a retração da economia mundial e a interferência dos governos. "A inovação precisa de liberdade. Quando os governos regulam demais, inibem", disse.

"Quando a empresa opera num país, tem que obedecer as leis, a não ser que isso conflite com algo que acham que é mais importante. Ela pode ter um compromisso maior com o cliente, de não revelar seus dados, por exemplo. Pode até sofrer sanções, mas tem que poder tomar essas decisões", afirmou.

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