MPA apresenta estudo sobre o mercado audiovisual no Brasil

A pesquisa O Impacto Econômico do Setor Audiovisual Brasileiro foi lançada na tarde de hoje, no RioMarket 2016, braço de mercado do Festival de Cinema do Rio. A radiografia foi elaborada pela Consultoria Tendências por encomenda da Motion Picture Association na América Latina (MPA-AL) e apoio do Sindicato da Indústria do Audiovisual (Sicav).

O estudo mostra que a indústria de cinema e televisão injeta diretamente, e em valores atualizados, R$ 23 bilhões por ano na economia brasileira (valores de julho de 2016). Para se ter uma ideia, este montante equivale ao valor total do Bolsa Família (maior programa social do Governo Federal) no ano de referência. Na mesma linha, o faturamento bruto do setor é de R$ 55,4 bilhões (julho/2016), sendo responsável por 0,38% do Produto Interno Bruto do Brasil.

Ricardo Castanheira, da MPA, apresenta o estudo no RioMarket
Ricardo Castanheira, da MPA, apresenta o estudo no RioMarket

Só em 2014, diz o estudo, o setor foi responsável pela criação de 168,8 mil empregos diretos e 327,4 mil indiretos. Em 2012, o setor gerava 110 mil e 119 mil vagas, respectivamente. E mais, para cada emprego criado no setor de audiovisual 1,94 empregos são gerados em outros setores da economia, colocando o audiovisual como um setor altamente demandável por outros da economia (4oº lugar entre os 33o setores de serviço da Matriz Insumo-Produto (MIP) do IBGE.)

A pesquisa foi realizada a partir de dados do IBGE e da própria indústria — que, além da produção de conteúdo, engloba a distribuição e exibição em diversos meios, como salas de cinema e festivais; TV aberta e paga, vídeo sob demanda e a venda e locação em mídia física etc. Segundo o estudo, a arrecadação direta de tributos foi de R$ 2,7 bilhões corrigidos em julho de 2016. Em 2014, o audiovisual gerou uma massa salarial de R$ 7,2 bilhões (alta de 58% em relação a 2007).

Consumo

Entre 2013 e 2015, verificou-se elevação do número de ingressos de cinema vendidos no país (de 149,5 milhões para 173 milhões de ingressos no período). No mesmo intervalo, o número de salas de exibição aumentou 12,2%, passando de 2.679 salas para 3.005 salas.

O percentual de salas capazes de reproduzir conteúdo digital apresentou significativa elevação, passando de 31,1% do total de salas em 2012, para 95,7% do total de salas no primeiro trimestre de 2016.

Apesar dessa evolução, o acesso ao cinema no Brasil continua limitado. Em 2015, 93,2 milhões de pessoas não possuíam acesso ao cinema no município de residência – número que representa cerca de 46% da população brasileira. Destaca-se que, apesar do percentual ainda elevado, houve uma melhora nos últimos anos, sendo que em 2012, a população sem acesso a salas de exibição nos municípios de residência correspondia a mais da metade do total (51,6%).

VoD e pirataria

O estudo também abordou o impacto do vídeo on-demand (VoD) no mercado audiovisual. O Brasil é o 8º mercado de VoD do mundo (faturando quase 500% a mais de cinco anos para cá), com receitas estimadas em US$ 352,3 milhões em 2016. É ainda o maior mercado latino-americano de VoD, praticamente duas vezes maior do que o do México e quase três vezes o mercado argentino em termos de receitas (estimadas em US$ 188,4 milhões e US$ 124,8 milhões em 2016, respectivamente).

Se o VoD é uma das soluções para coibir a pirataria, o consumo ilegal de conteúdo audiovisual ainda é enorme. O estudo aponta que existem mais de 400 websites de pirataria audiovisual voltados para o mercado brasileiro, entre os quais 57 recebem mais de um milhão de visitas mensais, oferecendo mais de 13 mil títulos nacionais e estrangeiros. Entre dezembro de 2015 e maio de 2016, estes sites receberam 1,7 bilhão de visitas.

A Tendência menciona pesquisa da Ipsos e Oxford Economics (2011), que mensurou os impactos para a economia brasileira, estimando que as perdas no PIB sejam de R$ 3,5 bilhões. Do ponto de vista do trabalhador, a pirataria resulta na perda de 92 mil empregos formais.

O estudo completo pode ser baixado neste link.

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