Virtualização viabiliza novos serviços

A migração do conteúdo de vídeo para IP, armazenamento em nuvem, o desenvolvimento de redes de distribuição e virtualização foram temas centrais da ABTA 2015, evento promovido ao longo da última semana em São Paulo. Em um ano no qual operadores apresentaram números que indicam uma popularização das suas plataformas de VOD e TVE, os principais fornecedores do mercado apresentaram tecnologias capazes de atender uma demanda crescente por conteúdo disponível a qualquer hora e em qualquer lugar

De acordo com Hugo Ramos, CTO da Arris na América Latina, a migração do conteúdo para IP, combinada com tecnologias de virtualização e computação em nuvem, é uma maneira de atender um consumidor com novas demandas. "Há uma mudança de comportamento do usuário. A nva geração quer assistir aquilo que ela quer, quando ela quer, no device que ela escolher. Ela muda o conceito de ter um canal preparado por alguém e dividido em silos – carros, comida, vida selvagem – para algo absolutamente personalizado", diz.

Durante a feira, a empresa apresentou sua solução de Cloud DVR, que permite gravar conteúdo em nuvem. Para o consumidor, a novidade representa comodidade, uma vez que ele não precisa deletar um conteúdo para gravar outro. Já para o operador, soluções de Cloud DVR permitem serviços de recomendação avançados "Hoje os serviços OTT estão baseados em sistemas de recomendação conteúdo para conteúdo. Acreditamos que haverá duas novas etapas: primeiro, conteúdo para usuário, com a criação de um perfil para cada assinante, e depois usuário para usuário, interagindo com as redes sociais. Quando o conteúdo do consumidor está hospedado na nuvem, você tem acesso a informações que permitem avançar nos serviços de recomendação", diz Ramos.

Além disso, seria possível  ofertar espaço para o consumidor  de forma escalar, sem demandar a atualização dos set-top boxes, e aumentar a janela de receita com publicidade. "Hoje nossas pesquisas mostram que a preocupação do consumidor começa a não ser mais o que gravar e começa a ser o que deletar, porque ele tem muito conteúdo personalizado. Com a nuvem, o operador pode vender esse espaço a mais sem grandes dificuldades. Além disso, como o conteúdo está na nuvem, é possível atualizar a publicidade, fazendo com que seja rentável por mais tempo", explica o executivo.

De acordo com ele, o armazenamento do conteúdo possibilitaria atender outra tendência identificada pela empresa – o "download to go".  "Devido à instabilidade das redes móveis, é comum o consumidor querer baixar de forma segura um conteúdo que ele está insistindo para não interromper a experiência quando vai pegar um avião, por exemplo", diz.

Segurança

De acordo com Thierry Martin, diretor executivo e vice-presidente da Nagra na América do Sul, a evolução para um universo multi-screen demandará mior investimento em segurança por parte das operadoras. Na avaliação do executivo, em um universo com diversas telas e conteúdo trafegando em IP, a segurança se torna ainda mais complexa. "Nesse universo, a parte de back office e investimento em nuvem é mais importante.  A logística e a infraestrutura são mais conectadas, mais próximas a estrutura da internet e mais vulneráveis a ataques típicos desse ambiente. Pessoalmente acho que parte de defesa cibernética será cada vez mais importante no ambiente multi-screen, porque se podem usar técnicas tradicionais de invasão pela internet", diz.

4K

Ao lado das soluções de vistualização e IP, o 4K foi um dos destaques da feira. Assim como na edição anterior, televisores com a tecnologia e recursos como o HDR (High Dinamic Range), que permite maior precisão nas cores, exibiam imagens com nitidez muito superior ao HD tradicional. O consenso entre fornecedores é de que o Ultra HD é o próximo estágio na qualidade do conteúdo televisivo.

Contudo, há obstáculos conhecidos para sua adoção que permanecem relevantes, principalmente no broadcast. O principal é o consumo elevado de espaço em banda que a tecnologia demanda. A massificação da tecnologia dependeria do HEVC, nova forma de compressão que promete o dobro da eficiência em comparação com as tecnologias atuais. "O 4K e o Ultra HD só existe de forma massificada com o HEVC", disse Ramos, da Arris.

Para Ronaldo Dias, diretor de serviços de compressão da Ericsson, a adoção do Ultra HD passa por evoluções em compressão e produção. "O HEVC é fundamental, porque consegue comprimir mais o vídeo, e é preciso uma padronização do HDR. Para que o 4K deslanche como serviço, o HDR também é essencial. Inclusive, na nossa visão, o HDR pode ser complementar inclusive no HD, em um momento de transição".

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