Após passar por mais de 80 festivais, "Tito e os Pássaros" estreia no Brasil

Nesta quinta-feira, 14 de fevereiro, estreia no Brasil a animação "Tito e os Pássaros", dirigida por Gustavo Steinberg, Gabriel Bitar e André Catoto. O filme foi pré-indicado ao Oscar 2019 na categoria de "Melhor Animação" – o único brasileiro em uma lista com 25 títulos, e está concorrendo ao prêmio de "Melhor Animação Independente" no Annie Awards, o "Oscar da animação". O longa passou por mais de 80 festivais ao redor do mundo e ganhou reconhecimento internacional especialmente com as participações em Annecy e TIFF, além dos prêmios no Anima Mundi, Chicago e Havana.

Na trama, o medo é uma doença contagiosa que, em seu estado mais avançado, faz as pessoas perderem os movimentos até virarem pedras. Diante desse cenário assustador, um garoto e seus dois melhores amigos partem em uma missão a fim de recuperar uma antiga pesquisa, feita pelo pai do menino, que relaciona as canções dos pássaros com a cura da epidemia. "Mais do que entreter crianças e adultos, queremos que o filme abra um espaço de diálogo sobre a cultura do medo entre as famílias.", afirmou Gustavo Steinberg, um dos diretores, em coletiva de imprensa realizada em São Paulo na última semana sobre este que é seu primeiro trabalho com animação e também sua estreia no segmento de filmes para crianças. "As crianças reconhecem o medo com mais facilidade do que os adultos. Nós esquecemos disso e precisamos ser lembrados de tempos em tempos.", completou Eduardo Benaim, roteirista.

Além de ter sido aclamado por seu roteiro, "Tito e os Pássaros" destaca-se ainda por conta de sua trilha sonora, assinada pela Ultrassom Music Ideas, com Ruben Feffer e Gustavo Kurlat, e pela direção de arte, de Gabriel Bitar e Vini Wolf. Produzida de forma mais artesanal, a trilha sonora é responsável por criar a constante atmosfera de medo e suspense presente no longa. Já a estética foi buscar no movimento expressionista as inspirações para os cenários, que são pinturas, em um trabalho pintado à mão, frame a frame, para retratar efeitos como fumaça, luzes, iluminação de carros passando nas ruas e demais acabamentos. "Conforme a questão do medo vai ficando cada vez mais evidente na história, as imagens ficam mais distorcidas na tela, ajudando a criar esse clima.", explicou Bitar.

Desenvolvido ao longo de oito anos, o projeto de "Tito e os Pássaros" contou com uma equipe de 120 pessoas – um número significativo se comparado com as produções nacionais, porém extremamente baixo em relação às internacionais – e um orçamento que também é "normal" para o país mas muito pequeno no contexto mundial – cerca de cinco milhões de reais, contando os fundos voltados ao lançamento. Dentro desse ponto, Daniel Greco, produtor executivo (da também animação nacional de sucesso "Uma História de Amor e Fúria") refletiu: "Os orçamentos para as animações nacionais precisam crescer. Nós passamos pelos festivais internacionais, estamos entregando resultado, os valores têm de ser condizentes. Nesse cenário, nossos talentos vão embora daqui porque não têm o retorno financeiro que deveriam.". Para ele, a estratégia deve ser investir em coproduções. "Temos de trazer parceiros de fora para ampliar nossos recursos e, assim, fazer obras de maior porte.", finalizou.

"Tito e os Pássaros" estreia nos cinemas de todo o Brasil nesta quinta-feira, 14 de fevereiro.

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