América Móvil testa novas tecnologias para continuar com cabo no Brasil

A América Móvil, controladora da Claro, Embratel e Net, não está com urgência em atualizar a rede fixa para a fibra até a residência (FTTH). Em teleconferência para analistas nesta quarta-feira, 13, o diretor do negócio fixo da América Móvil, Oscar Von Hauske Solís, destacou que, com a tecnologia de cabo coaxial, a empresa atualmente conta com participação de mercado de 54% entre os acessos fixos acima de 34 Mbps. "Achamos que temos no DOCSIS 3.1 um bom produto, com bom market share, e estamos indo bem contra a fibra", declarou ele.

O executivo destaca que o padrão DOCSIS 3.1 permite entregar velocidades de gigabit para cada cliente, mas conta que já planeja uma outra atualização, utilizando a plataforma de acesso de cabo convergente e distribuído (D-CCAP). "Podemos colocar 1 Gbps por cliente. É claro que tem que atualizar os nós, mas [a capacidade] é similar à fibra. E estamos testando o D-CCAP, combinando a tecnologia de cabo com a GPON. O FTTH não será em curto prazo, então a tecnologia vai combinando. E em todas as novas cidades, estamos usando FTTH e GPON", declara Von Hauske. Uma fornecedora que trabalha com a solução D-CCAP é a Huawei. Em seu site, a companhia promete atender a requerimentos de ofertas triple-play em serviços de rede híbrida de fibra com coaxial (HFC) com alta capacidade e suporte à infraestrutura legada.

De qualquer forma, a fibra parece inevitável. O diretor da AMX afirma que, com a demanda por maior capacidade – especialmente em vídeo, que hoje representa 70% do tráfego na rede de banda larga da Net -, é preciso chegar mais próximo à residência. "Estamos chegando com fibra nos nós mais perto, chegamos a 200 metros da casa", conta.

O CEO da América Móvil, Daniel Hajj, lembrou também da competição com provedores regionais no Brasil com fibra, mas destacou que a movimentação do grupo mexicano em suas operações na América Latina tem sido mais em busca da modernização da infraestrutura ótica. O alvo de Capex da companhia para 2019 é de US$ 8,5 bilhões. "Colocamos fibra por toda a América Latina, tanto em FTTH quanto anéis óticos. Fibra é muito importante para a gente", declarou. "Para aumentar nossa capacidade de dados, estamos usando nova tecnologia de fotônica que pode dar maior throughput com menor custo", completa. Além disso, Hajj diz que a empresa busca investir em TI e na transformação digital.

As operações do grupo mexicano no Brasil encerraram 2018 com 9,361 milhões de acessos em banda larga fixa, após um crescimento de 5,25% no ano. A AMX lidera com folga na faixa de velocidade acima de 34 Mbps: a companhia encerrou 2018 com 4,41 milhões de contratos na categoria, ou quase metade (47,1%) de sua base total. Isso representava 54,45% do total de acessos acima de 34 Mbps no País.

TV paga

Em seu balanço financeiro do quarto trimestre e do ano de 2018, a América Móvil registrou resultados positivos no Brasil com receita de pós-pago e pré-pago no serviço móvel, além da banda larga fixa. Na telefonia fixa e na TV paga, por outro lado, ainda há desempenhos negativos, embora Hajj destaque que o recuo de 5,3% neste último seja melhor do que a tendência de queda dos últimos trimestres. "Temos três segmentos crescendo bem, e dois que estão arrastando para baixo a receita. Mas a TV paga provavelmente vai virar crescimento", declarou.

O executivo ainda comentou a concorrência com possíveis cord-cutters (que deixam de pagar a TV por assinatura para utilizar serviços over-the-top) no Brasil. "Temos um bom pacote com aplicativos do Now e Claro Vídeo. Há um pouco de pressão, porque eles têm muito mais ofertas e conteúdo do que temos, mas achamos que somos bem competitivos, com bons pacotes e preço baixo. Temos um equilíbrio com produtos e mais de 48 mil títulos entre Now e Claro Video. E no futuro, vamos colocar o bundle com Netflix dentro de nosso produto", voltou a afirmar, mas ainda sem detalhar a estratégia de parceria com a OTT. 

1 COMENTÁRIO

  1. Venho do futuro de 2020 avisar que não há indícios que a NET/Claro vai aumentar a velocidade de upload dos usuários.

    Essa semana, um técnico veio aqui na minha residência trocar o roteador antigo pelo novo modelo Humax HGJ310 (tem, inclusive, uma logo da Claro na lateral) que já é DOCSIS 3.1. Aqui uso cabo coaxial e continua o mesmo, não mudou nada!!!!! Questionei o técnico sobre a velocidade de upload e falei com um usuário no Twitter chamado u/filipeesposito (créditos a ele pela informação), pelo que ambos disseram: a limitação se deve à toda infra-estrutura deles, desde a central de servidores até a residência, passando pelos cabos no poste e até aquela caixa que fica no poste também.

    Acredito tanto que isso seja verdadeiro que em 2012 eu ainda tinha um modem Arris horroroso que ainda usava a versão 2.0 do início do milênio. Me corrijam se eu falei coisa errada, mas não há esperanças de velocidades de upload na casa dos 100Mbp/s por essa operadora à longo prazo. Vai demorar, infelizmente!

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui