MCNs desafiam modelos comerciais da TV, mas são oportunidade para grupos de mídia

A nova economia do audiovisual na Internet está, definitivamente, centrada nas MCNs (Multichannel Content Networks) ou agregadoras de canais e conteúdos que operam nos grandes portais de distribuição, como YouTube ou Vimeo. Segundo estudos apresentados pelo diretor de pesquisas da consultoria Ampere Analysis, Richard Broughton, as MCNs brigam pelo mercado de publicidade em TV, estimado hoje em US$ 200 bilhões globalmente. E, a depender dos resultados do maior dos portais, o YouTube, ainda há muito espaço para isso, já que a receita da plataforma de vídeo do Google fatura hoje cerca de US$ 5 bilhões, e vem crescendo cerca de 20% ao ano.

Em sua apresentação durante a IBC 2015, que acontece esta semana em Amsterdã, ele destacou que as grandes MCNs já foram compradas ou estão na mira dos grupos tradicionais de mídia, e que isso continuará acontecendo enquanto a escala ainda permitir valorações baratas. Hoje a Ampere estima que o valor de uma MCN possa ser calculado aproximadamente pela multiplicação da sua quantidade de visualizações por mês por US$ 0,10, o que coloca a valoração em 25 a 30 vezes a margem dessas operações. "É um dos mercados de Internet em que se pratica os maiores múltiplos", diz ele. Empresas como Machinima, Maker, Zoomin TV passaram por processos de capitalizações importantes no último ano, diz ele.

Uma das empresas que apostam nesse mercado é a Whistle Sports, MCN focada em conteúdos esportivos cujo vice-presidente, Jeff Nathenson, foi por oito anos parte da equipe do Google, onde dirigiu a divisão de parcerias com times de futebol do YouTube. Segundo Nathenson, esse mercado é tão aberto a inovações que é possível um grupo de cinco pessoas montar um canal com truques de basquete com mais audiência do que toda a plataforma digital da NBA, a liga de basquete norte-americana considerada exemplo de sucesso no uso de plataforma de Internet.

"O foco das MCNs não é capturar a audiência da Internet. Todo mundo assiste a vídeos do YouTube. O nosso foco é o espectador que comenta e compartilha os vídeos. Essa é a nova geração de consumidores de vídeo que queremos".

Para ele, o YouTube, apesar de importante, tende a ter sua centralidade pulverizada em outras plataformas, como o Facebook. "O papel das MCNs cresce nesse ambiente mais fragmentado, pois a gestão desses canais em múltiplas plataformas é mais complexa e passa a exigir esse novo intermediário", diz ele. As MCNs, diz ele, têm a função de "explicar" para o mercado publicitário as novas possibilidades e, sobretudo, cobrar que também o anunciante se adapte a essa nova linguagem. "Não adianta um conteúdo inovador e um anúncio de 30 segundo feito com cara de TV"

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