Com novas estratégias de distribuição, O2 Play quer valorizar filmes no VOD

A O2 Play, distribuidora do grupo O2, está dando largos passos para ocupar um espaço cada vez maior com o cinema brasileiro nas plataformas digitais, sem perder a atenção nas outras plataformas de distribuição. Um grande passo foi o recente lançamento do selo O2 Play DOC, que conta com estratégias inovadoras de distribuição de documentários, inclusive em cinema. Na sequência virão novos selos e novas formas de curadoria e até um site para concentrar seus títulos em um único lugar, ainda que em parceria com plataformas como iTunes, Google Play, Netflix etc.

"Começamos pequenos, como sempre fizemos, para ter um pé no VOD. Hoje já temos um papel importante. O VOD, nesse tempo, também ganhou outra dimensão", diz Paulo Morelli, sócio da O2. "Queremos que a Play seja a casa do cinema brasileiro brasileiros, nos cinemas e no VOD", completa.

"É papel do diretor de digital tentar destacar a obra nas plataformas, mas isso não pode ser comprado e nem é garantido. As plataformas têm soberania editorial", diz Igor Kupstas, diretor da O2 Play.
"É papel do diretor de digital tentar destacar a obra nas plataformas, mas isso não pode ser comprado e nem é garantido. As plataformas têm soberania editorial", diz Igor Kupstas, diretor da O2 Play.

Segundo Igor Kupstas, diretor da O2 Play, a ideia com o O2 Play DOC é explorar a sala de cinema de forma alternativa, com estreias seguidas, rapidamente, do lançamento no digital e nas demais janelas. "Metade dos filmes brasileiros lançados em cinema fica abaixo dos 5 mil espectadores. Muitos têm qualidades cinematográficas e merecem uma chance na janela cinema. Mas há tantos filmes, grandes e pequenos, que para muitos títulos não dá tempo de gerar boca a boca, uma relação com o filme em cartaz. Sala vazia é ruim para o exibidor, para o distribuidor e para o produtor", diz Kupstas. "O VOD, por sua vez oferece espaço infinito", lembra.

Segundo diretor da O2 Play, a ideia é fazer lançamentos-evento nas salas de cinema, em poucas salas, por períodos muito curtos e em dias alternativos. Para ele, quando previamente acordado com os exibidores, a curta exclusividade na janela theatrical não é um problema. "Podemos fazer uma exibição mais exclusiva, quase uma pré-estreia, em poucas salas, numa terça-feira, e, com a estratégia correta de divulgação, conseguir ocupação bem acima da média das salas neste dia da semana, que tem ocupação baixa", explica.

Cases

Mesmo antes da criação do selo, a estratégia já foi testada pela distribuidora com o documentário "Paratodos", que teve o evento de lançamento "Um Dia Paratodos", uma espécie de pré-estreia em 14 salas, com meia entrada para todo o público e a presença de diversos atletas olímpicos e paralímpicos. O resultado foi, em um único dia, um público pagante de 1,1 mil pessoas, um terço do público total do filme em salas de cinema. O mais importante é que o título ganhou relevância para a negociação com outras janelas. "Com a repercussão, fizemos uma venda interessante para o Netflix", conta Kupstas.

Outro case foi o lançamento de "Junho", em 2014, sobre as manifestações do ano anterior. O documentário foi lançado simultaneamente em salas de cinema e no iTunes. "Foi a melhor performance da O2 Play no iTunes", conta Kupstas. O título teve boa repercussão nas redes sociais e acabou conquistando um espaço na home page do iTunes em diversos países, fazendo com que 1/3 do resultado viesse de fora do Brasil. Depois, foi vendido para a Netflix e para o Canal Brasil.

Segundo o executivo, em ambos os casos, o filme passou pelo cinema e seguiu sua carreira no mercado, mas tendo o digital como meta principal.

Os primeiros filmes confirmados do selo O2 Play DOC são "Olhar Instigado", da produtora Bossa Nova, "Rogério Duarte: O Tropikaoslista", do diretor Walter Lima, sobre o artista plástico e pensador da Tropicália, e "Cordel de Trancoso", de Felipe Solari e Pedro Urizzi.

Estreantes e grandes mestres

Um selo em formatação pela distribuidora será dedicado a jovens diretores, que estão em seus primeiros filmes. "Quando conseguimos 'empacotar', os títulos ganham algum destaque nas plataformas. E se o público sabe que aquela obra é de um diretor estreante, tende a ver de uma outra forma", justifica Kupstas.

Além disso a distribuidora que dar continuidade ao projeto de lançar obras completas. Recentemente, lançou a obra completa de Ugo Giorgetti em plataforma digitais. No iTunes, a obra foi concentrada em uma página dedicada a ele, com chamada na home page. "Foi o iTunes que deu esse tratamento com destaque para os filmes do Ugo Giorgetti. Os títulos estão no Google Play também, mas sem este tratamento", conta Paulo Morelli. "É papel do diretor de digital tentar destacar a obra nas plataformas, mas isso não pode ser comprado e nem é garantido. As plataformas têm soberania editorial", completa Kupstas.

Curadoria

A O2 Play prepara um site onde terá todos os títulos disponíveis, com links levando para as plataformas parceiras. Além disso, a distribuidora conta agora com uma página própria dentro do iTunes, no endereço itunes.com/o2play.

A distribuidora digital – que também é encoding house do iTunes, Netflix, Google Play, Now e Vimeo – uniu a Apple e o diretor e sócio da O2 Fernando Meirelles em um projeto inédito no mundo. Meirelles foi o primeiro curador de conteúdo da plataforma, listando 10 filmes "Fora da Casinha" que ele gosta em itunes.com/fmeirelles. O diretor estreia uma nova lista nesta quinta, 15, a "Filmes com mais de 40 anos que vale a pena assistir". O destaque Fernando Meirelles Recomenda estará em toda a América Latina.

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