Situação econômica do Brasil deve continuar grave

Fonte de nível ministerial já admite a possibilidade de fracasso na execução das medidas fiscais que o governo promete anunciar no próximo dia 20. O que pode significar novas dificuldades para a obtenção de recursos externos e renovadas expectativas de uma mudança futura na política cambial. A principal razão para o pessimismo é a dificuldade de fazer uma amarração política com governadores e prefeitos. Cita especificamente o caso do Estado de São Paulo onde, segundo a fonte, o caixa (de R$ 750 milhões) estaria quase 50% abaixo do nível normal para esta época do ano. "Só dá para pagar as obrigações com o funcionalismo (inclusive 13º salário) até o dia 5 de janeiro". Nem Covas nem Maluf (os dois candidatos ao governo do Estado) devem aceitar novos sacrifícios. O mesmo valeria para os Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul além de suas capitais.
O principal executivo de uma das maiores corretoras brasileiras reforça a tese da gravidade da situação do Estado de São Paulo observando que as empresas estaduais lucrativas como a Sabesp, por exemplo, estão sendo obrigadas a adotar uma política generosíssima de distribuição de juros sobre capital próprio aos acionistas (leia-se: principalmente o governo paulista). São R$ 140 milhões agora e serão outros R$ 150 milhões em janeiro de 1999. Analistas ainda apontam dificuldades na base governista para a elevação de impostos (Antônio Carlos Magalhães) e cortes de gastos (José Serra e Paulo Renato). Lembram ainda que a oposição, revigorada com as eleições, tende a promover pactos com a indústria (contra a recessão, abertura excessiva e juros altos) e a reforçar a mobilização de funcionários públicos e aposentados. A idéia de que os Estados Unidos, Europa e o FMI não podem deixar o Brasil quebrar é, segundo outra fonte do governo, mais um foco de temeridade para a realização do pacote fiscal. Com base nesse argumento – que já vem sendo utilizado por alguns aliados do governo – pode ficar muita enfraquecida a base de apoio para a efetivação de cortes de gastos públicos.

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