Operadoras se surpreendem com CNN Brasil, mas não fecham portas

As operadoras de TV por assinatura receberam com surpresa o lançamento do canal CNN Brasil. Nenhum tipo de consulta prévia foi feita a elas, pelo menos entre as mais relevantes. Há anos existe esta expectativa de um canal de notícias brasileiro com a marca CNN, até porque nos contratos celebrados pela Turner para seus canais sempre houve uma previsão de que, havendo uma versão brasileira do canal, sem custo e sem compromisso, haveria por parte das operadoras a boa fé de abrir uma negociação. A Turner pertence à Warner Media, mesmo grupo da CNN International, que licenciou a marca CNN para o grupo de brasileiros que querem viabilizar a nova empreitada.

As operadoras não descartam a ideia de um canal CNN brasileiro em seus line-ups, mas existem algumas condições iniciais: que o canal seja ofertado sem custo, que ele tenha qualidade e que ele tenha o respaldo editorial da CNN. Ninguém quer embarcar em uma aventura de colocar um canal no ar sem saber como será assegurada a responsabilidade jornalística do conteúdo. Ainda que inicialmente as primeiras informações sejam de que o CNN Brasil será independente da distribuição e comercialização da Turner, nos bastidores existe a expectativa de que a programadora acabe ficando responsável pelas vendas dos canais para as operadoras. De acordo com a CNN Brasil, as vendas publicitárias não terão a participação da Turner. Operadores lembram do Woohoo, também independente, mas que já foi comercializado e distribuído pela Turner, que assegurou junto às operadoras algumas garantias de qualidade ao canal.

De qualquer maneira, ainda existe uma grande apreensão sobre a viabilidade do novo canal de notícias, ainda mais se ele contar com as estruturas mencionadas (fala-se em até 800 funcionários, metade de jornalistas, incluindo sucursais e correspondentes), e sem o compartilhamento de estrutura com alguma emissora aberta, como fazem Band e Globo. Dificilmente o CNN Brasil conseguirá ser distribuído com custo para as operadoras, já que a janela de segundo canal jornalístico obrigatório por lei às operadoras é ocupada pelo Band News, que tem décadas de parceria com as operadoras e está empacotado junto a outros canais da Band. A primeira vaga de canal jornalístico é do quase intocável Globo News, empacotado nos canais Globosat.

Também é improvável que haja demanda pelo modelo à la carte para um canal de notícias. Sobra o modelo de remuneração de publicidade, e canais de notícias não têm forte apelo junto ao mercado anunciante. Por isso, despontam preocupações de que o canal possa vir a ter uma espécie de "apoio" governamental (por isso a preocupação com a qualidade editorial) ou que venha a atender a outros interesses econômicos dos acionistas. Espera-se agora rodadas de conversas entre os empreendedores que querem lançar o CNN Brasil e as operadoras.

Especula-se também a possibilidade de que o canal venha a tentar uma distribuição aberta, por meio de emissoras de radiodifusão, modelo já tentado, também sem sucesso, pelo antigo Record News. Outro caminho é a distribuição OTT, que traz pouca receita.

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