Uso de satélite para banda larga ganha força entre operadoras e governo

O mercado de comunicações por satélite apresenta tendência de aquecimento, a julgar pela demanda apresentada durante painel sobre oportunidades de TIC promovido pela Fiesp nesta quarta, 18, em São Paulo. Mas diferentes tecnologias apresentam diferentes implantações. A Oi considera que o uso de satélite para a banda larga pode ser mais adequado para conectar escolas e como backhaul para operação móvel nas 152 cidades em que opera, mas onde não conta com infraestrutura de fibra. A companhia pretende usar banda Ka para o programa banda larga nas escola: hoje, a empresa leva conexão a 6 mil instituições de ensino com banda Ku, que traz custo elevado e velocidade restrita. Segundo o diretor de negócios TI B2B da Oi, Luis Carlos Faray de Aquino, o custo da banda Ka ainda não é compatível com banda larga fixa, por enquanto. "É uma competição inglória para a satelital, mas chegará a um ponto que passa a se concretizar", afirma.

Ele explica que a banda Ka também pode servir para atendimento em zonas com dificuldade de infraestrutura não necessariamente rurais. "Há sim (demanda) para essas zonas que a Hughes comenta, que são mal atendidas, e onde não há possibilidade de passar fibra, que não é barata o suficiente. E a rede metálica, por mais tecnologia que se tenha com o VDSL, não consegue chegar com qualidade", explica, citando a operadora de satélites que pretende lançar banda larga via Ka a partir de junho deste ano.

Para o backhaul da operação móvel, no entanto, a estratégia da Oi seria com soluções de baixa órbita, por trazer menor latência e maior capacidade. "As primeiras contas não estão fechando, mas começa a fazer sentido com baixa órbita de 100 Mbps a 200 Mbps com latências reduzidas de 100 ms. Já colocamos em pauta de estudo para fornecer (conexão) em municípios com qualidade de transporte que já não é mais a solução SCPC (canal único por portadora)", diz Aquino. O diretor diz que a Oi conta com 45 transponders para soluções "tipicamente SCPC".

Outras demandas

O diretor de governo digital da secretaria de tecnologia da informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Wagner de Araújo, afirma que há uma demanda por satélite em serviços públicos. "Temos visto sim iniciativas inovadoras, empresas que processam imagens de satélites com dados abertos, públicos, processando e gerando informação e conhecimento à sociedade", explica.

O comandante Kleber Pizolato, do núcleo do centro de operações espaciais principal das Forças Armadas, ressalta que a Defesa contará com a banda X no Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação (SGDC). "É a primeira vez que militares estarão na gerência do link, que hoje é contratado também, tanto na parte operativa quanto administrativa", diz, falando em outras demandas, como provimento de conexão em bases internacionais e produção de imagens. "Para as Olimpíadas, por exemplo, estamos procurando para operar parte do payload para o carregamento e downlink das imagens no próprio Centro de Operações Espaciais, é mais uma demanda que estamos gerando." Essa operação seria dividida ainda entre as três áreas militares, além da Abin e Polícia Federal. Além disso, diz que há necessidade de comunicação UHF para missão crítica e de emergência. "Hoje não temos satélite para isso, mas para as forças armadas é interessante, são (receptores) portáteis e mais baratos".

Contraponto

A Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) também considera o uso de satélite, mas de forma complementar. "É evidente que é necessário que (o avanço da banda larga) seja feito com fibra, e outra parte só será possível com satélite", declara Erich Rodrigues, presidente da associação. Ele afirma que os pequenos provedores são hoje responsáveis pela compra de metade da fibra vendida no Brasil. Além disso, diz que 337 empresas ganharam licença para uso da frequência de 2,5 GHz em 2.906 cidades no leilão de sobras "para usar com LTE ou não".

Para o diretor de inovações e desenvolvimento de negócios da TIM, Janilson Bezerra, o satélite não pode ser a resposta para tudo, ainda mais com o crescimento da demanda de dados. "Temos que encarar a infraestrutura satelital como plano de estado, como alavanca, mas não meta final. Precisamos ter fibra, backbone, capilaridade, ainda mais com cliente que demanda vídeo." Ele ressalta ainda um horizonte de consumo de Internet das Coisas (IoT), com baixa capacidade, mas latência otimizada, sobretudo para modernização de agricultura de precisão.

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