"Cauda longa só funciona em OTT", diz Fábio Lima, da Sofá Digital

A Imprensa Mahon entrevistou Fábio Lima, diretor executivo da Sofá Digital, empresa agregadora que disponibiliza conteúdo audiovisual para plataformas de VOD (Video On Demand), como iTunes, NOW, Vivo Play, Google Play e Netflix: "Trazemos volume de conteúdo para disponibilizar nas plataformas. Se eu trouxer 100 filmes para colocar na plataforma A, o custo pra eu colocar nas plataformas B, C e D é marginal. Então ele permite que esse filme tenha escala de colocação em vária plataformas, e permite que as plataformas tenham economia de escala, ao invés de ter que falar com cada produtor individualmente", explica. A Sofá Digital também trabalha com outras plataformas de cabo na América Latina, como a Cablevosión e a VTR, no Chile; e no México com a Cablemax e a Cinépolis klic, está última uma plataforma transacional focada em diminuir a janela entre o cinema e VOD.

Fabio Lima critica o modelo de distribuição atual, e mostra como sua empresa pode solucionar o problema: "Se você faz um filme, pela legislação e pelo modelo de fomento atuais, ele obrigatoriamente tem que ir para o cinema. Então é preciso arrumar uma distribuidora. Se não arrumar você cria uma para lançar dois filmes a cada dois anos, no melhor dos casos. Lanço um filme que o exibidor não vai marcar. E não é nada pessoal, é uma questão de volume. Um distribuidor de cinema opera como eu nas plataformas. Eu falo com as plataformas todos os dias, manhã, tarde e noite: brigo por espaço, visibilidade, pela parte técnica, estratégia de preço. Te dou filme bom essa semana, um filme menor na outra, é um varejo. O cinema é um varejo também. Então não adianta eu fazer um filme se o ponto de venda não tá acostumado a entregar aquele produto, e consequentemente o consumidor daquele ponto de venda não está indo lá para buscar aquele produto. Não adianta montar uma distribuidora pra lançar um filme. Esse filme pode vir pra Sofá Digital e a Sofá vai fazer esse trabalho de varejo no transacional, e eventual também representar e vender para o SVOD, tentar a Netflix, por exemplo.

O diretor executivo da Sofá Digital conta para Krishna Mahon que não acredita que este seja o momento para proteger o mercado, regular e impor cotas para VOD, e sim o contrário: "A indústria, os produtores, os distribuidores e a Ancine precisam olha pro VOD como uma oportunidade. O que a gente precisa é criar um plano de indústria", afirma, para completar: "No modelo de financiamento hoje, por conta da lei 12.485, uma serie de dez episódios a R$ 100 mil cada vai custar um milhão. O produtor faz uma proposta para algum canal, se for estrangeiro por 20% da licença. São R$ 200 mil reais de receita para o produto, e quem financia é o Fundo Setorial. A produtora executou, o canal pagou. Qual seria o modelo mais inteligente para um futuro próximo? Demos R$ 1 milhão para o produtor, que cedeu a licença para o canal exibir o produto por um, dois ou três anos, e ficou com 51% do produto. Na segunda janela o licenciamento vale menos, vai ser pouco dinheiro para a produtora, e é um produto que acabou. Esse mesmo R$ 1 milhão poderia financiar um canal no YouTube. O espectro de audiência de um produto premium, colocado sob demanda no YouTube, é bem maior do que na TV. O YouTube gera receita recorrente para as produtoras. E a propriedade intelectual se mantém do produtor, e monetizando. Hoje não adianta nada ele ter 51% de um produto que vai parar na prateleira de um armário quando acaba a licença, porque ninguém mais vai ver", conta.

Veja a entrevista:

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