Incertezas e falta de planejamento inviabilizam investimentos, diz Rohde & Schwarz

Para o diretor presidente da fabricante de transmissores digitais Rohde & Schwarz, Heitor Vita, há grandes chances de o prazo para o desligamento do sinal da TV analógica no País ser novamente postergado. O prazo original previa o desligamento em junho de 2016. Em 2013, um decreto flexibilizou a data do desligamento, prevendo que ele começaria já neste ano nas principais cidades e se estenderia gradualmente para o interior, sendo concluído em 2018.

Vita avalia que "há problemas nos dois lados – na ponta (emissoras) e também na cadeia de produção". Segundo ele, a indústria de transmissores dificilmente conseguirá produzir o suficiente para atender o prazo e, com falta de verbas, emissoras seguem postergando seus projetos. "A indústria de transmissores, por exemplo, está muito aquém de atender as necessidades do Brasil. Se pensar na demanda necessária e no que se fabrica hoje no País, não há condições de atender no prazo. Ao mesmo tempo, as emissoras não estão bem economicamente e os projetos vêm sendo novamente postergados".

De acordo com o executivo, incertezas em relação ao prazo do desligamento e a falta de planejamento e recursos por parte de emissoras menores inviabilizam a expansão da produção. "Não tem continuidade e uma fábrica precisa ter um planejamento antecipado, não pode arriscar investir e aumentar a produção em um cenário instável – se expande e não há projetos, a situação fica complicada", explica.

Na outra ponta, diz, o problema é maior em cidades pequenas, com menos de 100 mil habitantes, e em pequenas emissoras, as afiliadas e redes religiosas. "Muitas vezes não há caixa e não há planejamento. Essas são empresas pequenas, o investimento para elas é grande e não há retorno financeiro imediato. No entanto, ao mesmo tempo, elas precisam fazer isso para manter a outorga", pondera.

O executivo lembra, entretanto, que há uma demanda do setor de telecomunicações para que o prazo seja cumprido, uma vez que operadoras dependem da liberação do espectro ocupado pela TV analógica para expandir o serviço 4G.

Resultados positivos e incertezas

Segundo Vita, a Rohde & Schwarz registrou, entre julho de 2014 e junho de 2015, seu melhor ano desde que começou a operar no Brasil, com faturamento 47% superior ao do ano anterior. "Foi um ano excelente, com crescimento em todas as áreas em que atuamos – broadcast, teste de medição, de comunicações seguras e rádio monitorado. Foi nosso melhor ano aqui no Brasil", diz.

No broadcast, o crescimento foi impulsionado principalmente pela demanda resultante do processo de digitalização. "O principal vetor de crescimento foi a digitalização, com muitas empresas iniciando seu projeto, principalmente no interior", conta Vita.

Para o ano fiscal iniciado em julho deste ano, segundo o executivo, a empresa "tem expectativas boas, mas não sabe se vão se realizar devido à situação complexa pela qual passa o País". Como principais motivos para a posição cautelosa, o executivo cita a instabilidade econômica e política do Brasil.

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