Christian de Castro se pronunciou mais uma vez sobre as novas regras do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). Durante o MAX 2018, em Belo Horizonte – MG, o diretor-presidente da Ancine listou os principais objetivos das mudanças – destacando entre eles o aumento da competitividade envolvendo o desempenho artístico e comercial das obras nacionais – os meios para alcançar esses objetivos e ainda os efeitos das ações esperados pela Agência.
Castro abriu a apresentação na defensiva e logo reforçou que "todas as alterações feitas no FSA foram amplamente discutidas pelo Comitê Gestor em reuniões preparatórias e deliberativas", lembrando ainda que dentro do comitê há três profissionais de dentro do mercado e três suplentes, o que totaliza seis envolvidos. A próxima reunião do grupo, inclusive, está marcada para esta sexta-feira, 31 de agosto.
Sobre as mudanças no FSA, que ainda seguem como foco de polêmica especialmente por conta da aproximação da data de abertura da nova linha de produção cinematográfica / fluxo contínuo no valor de 150 milhões de reais, marcada para a próxima segunda, 03 de setembro, Christian elencou objetivos, meios e efeitos esperados em relação às novas regras. Como objetivos, estão, além do aumento da competitividade citado acima, o fortalecimento regional – o que contrapõe diretamente uma das grandes críticas por parte dos produtores, que temem uma reconcentração dos recursos no eixo Rio-São Paulo – e ainda o estímulo à inovação de linguagem, diversidade e novos entrantes – este último, também em resposta às recentes críticas recebidas na Agência.
Já como "meios" para alcançar o tal aumento da competitividade, foram citadas diversas ações, mas o diretor destacou, além das óbvias e já conhecidas – e atacadas – pelo setor, como "valorização do desempenho das empresas" e "automação dos critérios de pontuação e investimento" – a capacitação técnica e gerencial, o investimento em infraestrutura tecnológica e o fortalecimento de coproduções internacionais. "Não conseguimos ter um mercado forte se não tivermos empresas fortes. Por isso é tão importante valorizar seu desempenho e investir na capacitação dos setor.", declarou, relembrando que a capacitação é, inclusive, uma das novas linhas de investimento do Fundo Setorial. "Quando falo de capacitação me refiro a ela em termos técnicos, artísticos e especialmente em gestão e empreendedorismo, pontos fracos do nosso país. Aqui, somos administradores, e não gestores nem empreendedores, o que faz muita diferença.", seguiu. Com já conhecido interesse em ampliar os investimentos em tecnologia, Castro complementou ainda dizendo, dentro dessas duas prioridades, ele enxerga uma necessidade de trazer ainda a mentalidade do empreendedor de tecnologia para dentro do setor audiovisual. E, sobre o fortalecimento de coproduções internacionais, esse exemplificou com produções de gênero: "O cinema de gênero está crescendo no Brasil e isso é bom, pois ele tem potencial de comércio forte internamente e circula bem lá fora também.".
Deixando claro ter a empresa no centro como nova lógica dominante do "novo" FSA, o presidente da Ancine bateu mais uma vez na tecla de "mais transparência e maior controle" quando questionado sobre os motivos por trás da decisão de adotar pontuação automática, e revelou ainda os efeitos esperados pela Agência com as novas regras. Entre eles, estariam diminuição no tempo de captação, aumento de previsibilidade e autonomia e atração de investidores privados – sobre este último tópico, Castro ressaltou: "É importante trazer o investidor privado para o mercado para diminuir a dependência do Estado para o fomento do setor e fortalecê-lo de maneira sustentável.".
Christian apresentou ainda o calendário com as próximas ações e editais FSA para os próximos meses. Em outubro, abrem os editais relacionados ao desenvolvimento, a coprodução internacional e a games. Já em novembro é a vez de preservação e memória, questões inéditas no Fundo. Antes delas vem, claro, o edital cinematográfico do dia 03/09, sobre o qual Castro afirmou: "Temos que lançá-lo logo para que o mercado sinalize na prática para nós quais caminhos devemos seguir e quais eventuais erros precisaríamos corrigir. Graças a esse sistema automático, teremos indicadores mais específicos.".