TV por assinatura caminha para ser agnóstica em relação a telas e redes

Rodrigo Duclos, da Claro; Gustavo Nóbrega, da Vivo; e Marcos Takanohashi, da Arris

Novas tecnologias – como redes all IP, plataformas de distribuição não-linear, redes domésticas inteligentes e novas plataformas de relacionamento e interação com usuário – podem criar novos vínculos e engajamento com os consumidores. As operadoras já percebem que o serviço de TV por assinatura pode agnóstico à tela e à rede, podendo explorar novos modelos de negócio. A transformação digital na TV paga foi um dos temas no primeiro dia do Pay-TV Fórum 2018, organizado por TELETIME e TELA VIVA nos dias 30 e 31 de julho, em São Paulo.

A Vivo, por exemplo, Se inspira em alguns cases de sucesso de distribuição de conteúdo exclusivamente para dispositivos móveis para se posicionar. A operadora estabeleceu com a NBA, por exemplo, um acordo inédito para distribuição de conteúdo móvel do campeonato, alguns deles exclusivos. O resultado foi tão positivo que o Brasil já é, hoje, o segundo maior em número de acessos de conteúdo NBA por aplicativos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. "Isso nos mostra que a oportunidade existe. O foco é trabalhar nesses modelos de negócio mais flexíveis", disse Gustavo Nóbrega, diretor de marketing residencial da Vivo. Segundo ele, "boas ofertas são aquelas que não obrigam o cliente a pagar por aquilo que ele não quer", mas que o objetivo, é claro, é dar mais benefícios para aquele cliente que adquirir mais produtos da operadora.

Nóbrega revelou ainda outros planos da Vivo, como firmar acordos com players – a Vivo foi, por exemplo, a primeira operadora a estabelecer acordo com a Netflix, o que permitirá oferecer aos usuários franquia a mais para o uso da plataforma. "Esse acordo foi firmado para o móvel e a TV e já estamos negociando com outros players internacionais também. Estamos abertos a esse tipo de parceria e estamos preparados, em termos de tecnologia, para agregar na caixa todos esses OTTs.", garantiu. A entrada dos serviços da Netflix no set-top de TV paga da Vivo deve estar concluído até o final do ano e o ambiente que está sendo criado permitirá a agregação de outros players OTT e não-lineares à mesma plataforma.

Para Rodrigo Duclos, CDO da Claro Brasil, ainda há muito espaço para reação e inovação dentro do setor. "O consumidor se acostuma rápido às novidades e, enquanto entregarmos, a demanda por essas novas tecnologias vai seguir crescendo", disse. "Otimizar a experiência do usuário é o que norteia o trabalho", completou. Quando questionado se hoje já é possível crescer com liberdade plena, em relação a aplicativos e redes all IP, Duclos declarou: "Precisamos rever nossas 'auto-amarras' (contratuais), como número de devices onde estamos e possibilidade de funcionamento em telas simultâneas. É necessário encontrar um jeito de lidar com essas questões que, embora hoje sejam variáveis, no passado não eram".

"Virar a figura do agregador é o grande desafio", disse o CDO da Claro. Ele listou algumas "missões" para tornar isso realidade. Entre elas, está uma interação cada vez maior e mais constante com o consumidor – não só resolver os eventuais problemas que ele tenha – em uma otimização do sistema de suporte/atendimento para ajudá-lo a descobrir o valor da TV por assinatura para além do entretenimento (passando por educação e formação, por exemplo). "Não é só 'cobrar pedágio' pela rede", brincou Duclos, "e sim mostrar a relevância do conteúdo da TV por assinatura. Esse é o foco, e não o aprimoramento da tecnologia em si.", concluiu. Ele reconhece que esses processos de recomendação que as operadoras querem dar ao consumidor passam por essas questões tecnológicas, e nesse quesito declarou: "Estávamos acostumados a só comprar essas soluções. Agora, temos de refiná-las também. Não é só implementar a tecnologia, e sim conduzir seu uso".

Parcerias tecnológicas

Marcos Takanohashi, VP sênior de vendas da Arris Latin America, lembrou que há questões controversas na inovação. Por exemplo: ao mesmo tempo em que as novas gerações se contentam em assistir a conteúdos em telas cada vez menores, estamos prestes a vivenciar uma mudança da função dos aparelhos televisores como os conhecemos – com telas maiores, eles caminham para ter cada vez mais funcionalidades nos lares brasileiros. "Não perderemos o controle dessa primeira tela", afirmou.

O executivo destacou ainda as novas tecnologias como insumos para criação de valor e impulsionadores de mudanças para as operadoras de TV paga – já que elas encontram-se num ambiente mais favorável para se tornarem as grandes agregadoras, oferecendo aos consumidores um serviço hiper-personalizado, com descoberta de conteúdo e constante inovação. Pensando nesse cenário, ele elencou três grandes tendências: uma velocidade de conexão cada vez maior, com bandas de um mais gigabits; a TV everywhere, que já é uma realidade presente; e o consumo de conteúdo wireless, que é prioridade para o consumidor, seja via wifi ou rede de celular.

"Parceiros de tecnologia estão de fato virando parceiros, e não meros fornecedores", refletiu Duclos, que concluiu dizendo que o plano para o futuro é basicamente atuar em ritmo crescente em termos de entrega para o usuário, focando na melhoria de sua experiência e otimizando a interação – os processos de recomendação são só uma parte do que dá para fazer dentro disso.

Por fim, ambos os executivos das operadoras não acreditam que os OTTs, por já terem nascido no ambiente digital, tenham vantagem sobre elas. "Em contrapartida, nós temos mais informações e dados sobre o consumidor.", lembrou Nóbrega. "As operadoras ainda usam pouco esses dados. Eles podem virar ativos de competição", completou Duclos.

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