Em entrevista ao programa "Café com Pixel", o diretor Vicente Amorim, diretor da série "Senna", compartilhou detalhes sobre sua trajetória, os desafios da produção e sua visão sobre o futuro do mercado audiovisual brasileiro. O programa, conduzido por Samuel Possebon, diretor de Tela Viva, e pelo advogado Fábio Cesnik, da CQS/FV Advogados, explorou a fundo a carreira de Amorim e o impacto global da série.
Com uma trajetória que se estende desde a época do Cinema Novo, Vicente Amorim acumula experiência como assistente de direção de nomes como Leon Cakoff, Cacá Diegues e Hector Babenco, além de dirigir 10 longas-metragens, 5 curta-metragens e 8 séries de televisão. O diretor descreve sua carreira como "eclética", abrangendo diversos gêneros, formatos e suportes.
Amorim destaca a influência do pai, o diplomata Celso Amorim, que também foi assistente de direção de Rui Guerra, em sua paixão pelo cinema. "Fui criado numa casa onde cinema era parte do dia a dia", afirma o diretor, lembrando das sessões de filmes de Chaplin, clássicos japoneses e obras de Eisenstein na Cinemateca.
Sobre a série "Senna", Amorim revelou que o projeto já existia na Gullane Filmes há cerca de 7 ou 8 anos, e que ele se juntou à equipe como showrunner e diretor. Ele enfatizou os desafios de retratar a vida de Ayrton Senna, um ícone brasileiro, com fidelidade e emoção. "Não é um projeto que você possa fazer com improviso, com irreverência em relação ao seu biografado", disse o diretor.
A produção exigiu a construção de 22 carros de corrida, a recriação de 36 circuitos e a colaboração de uma equipe de 90% de brasileiros. Amorim destacou a importância da equipe nacional para o sucesso da série, que se tornou um fenômeno global. "Nunca houve uma série brasileira com impacto global que o 'Senna' teve", afirmou o diretor.
Ao abordar o mercado audiovisual brasileiro, Amorim demonstrou otimismo, destacando o potencial do país para produzir conteúdo de qualidade para o mercado global. Ele defendeu a importância da regulação do mercado e da coexistência de produções independentes e projetos em parceria com grandes plataformas de streaming.
Sobre a Inteligência Artificial (IA) no audiovisual, Vicente Amorim a vê como "muito mais um fantasma e um bicho Papão do que uma ameaça real". Para ele, "a inteligência artificial é uma ferramenta como tantas outras que a gente tem, como a computação gráfica, os efeitos ópticos mecânicos". E completa dizendo que "há interações que são perigosas e há apropriações que são antiéticas. Dentro do uso da inteligência artificial, eu acho que essas têm que ser reguladas, respeitadas e eticamente evitadas na medida do possível. Mas não acho que a inteligência artificial vá mudar fundamentalmente a forma da gente fazer audiovisual."