APRO incentiva produtoras a encontrarem novas formas de trabalhar em meio à pandemia

Desde o dia 17 de março, estão suspensas as autorizações de filmagens em equipamentos e logradouros públicos por prazo indeterminado, por conta das medidas de contenção à pandemia do novo coronavírus. Em relação às filmagens e gravações em ambientes privados, como estúdios e locações próprios, não há qualquer ordem legal expressa que proíba o acontecimento das mesmas. Ainda assim, a APRO (Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais) recomenda que as produtoras sigam as recomendações dos órgãos públicos para que o isolamento social seja mantido e que, portanto, não haja gravações em sets tradicionais, com equipes reunidas em um mesmo local.

Mas isso não significa que os profissionais da área devam parar de trabalhar. Em entrevista exclusiva para TELA VIVA, Marianna Souza, presidente-executiva da APRO e gerente executiva da FilmBrazil, afirma: "Estamos estimulando que as produtoras se ajustem a um novo modelo de trabalho, criando novas maneiras de botar as produções de pé, de forma a respeitar as restrições". Apesar de não existirem regras atuais proibindo as filmagens privadas, há uma restrição no CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) que prevê que clientes que insistirem nesse tipo de iniciativa podem ter seus comerciais tirados do ar. "Pela responsabilidade social que têm", explica Souza.

"O momento é difícil, claro, mas acreditamos que seja possível criar um ambiente positivo. Podemos nos surpreender com novas oportunidades. Nunca tivemos uma audiência tão sedenta por conteúdo, assistindo a tantos filmes e séries e precisando urgentemente de válvulas de escape. As marcas, por sua vez, precisam se posicionar: é hora de mostrar o propósito que elas têm em seus DNAs", defende. "Agora, não bastam os comerciais tradicionais, e sim conteúdos que possam entreter. O Itaú, por exemplo, fez um comercial com duas idosas falando via Skype sobre as possibilidades do aplicativo do banco. A produção foi feita de forma remota pela Café Royal. Ou seja, possibilidades existem. Precisamos sair da zona de conforto", diz.

A executiva faz a seguinte análise: se passamos por uma primeira fase na qual nos deparamos com a pandemia e lamentamos o cancelamento de eventos e suspensão de estreias, por exemplo, é hora de olhar para frente e entender como será o trabalho, já que a situação atual permanecerá por tempo indeterminado. "O Road Show que faríamos em Los Angeles, por exemplo, foi adiado, mas logo virou um evento digital, com conteúdos compartilhados via redes sociais. Estamos desenvolvendo outros materiais voltados a esse momento de trabalho remoto, com foco especial na animação e nas produtoras de áudio, que têm potencial para trabalhar com força nesse período", comenta.

Além disso, a APRO está fazendo um movimento junto das produtoras e agências no sentido de ajudá-las com informações: possibilidades e técnicas de trabalho remoto e especialmente em relação à parte jurídica, tributária e trabalhista. "Estamos dando essa assessoria e temos uma luta com os governos federal, estadual e municipal por articulações, para que tenhamos medidas visando mitigar os impactos negativos dessa crise no setor. Sabemos que, no fim do dia, o dinheiro será bem menor. Os orçamentos já estão chegando menores e com menos verba de mídia, por exemplo. O impacto vai existir", declara. "Temos que lembrar que boa parte da mão de obra desse mercado é composta por profissionais autônomos, que dependem desses filmes para viver. A maioria não tem renda fixa. É preocupante olhar para essas iniciativas do Governo Federal e ver que não nos encaixamos em nenhuma delas. São medidas voltadas para CLT, MEI e pessoas que ganham muito pouco. É necessário incorporar os técnicos nesse pacote de apoio do governo. O momento é delicado para todos", analisa.

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