Para Clearwire, redes 3G não conseguem atender ao crescente tráfego de dados

Uma das operações mais importantes para o futuro dos serviços de WiMax é a da Clearwire, nos EUA. Não só porque é a que consome maiores investimentos, mas também porque é a que pode marcar a presença da tecnologia no mercado norte-americando, gerando escala e modelos que beneficiarão outros operadores em todo o mundo. A Clearwire tem a Sprint como acionista e estão construindo uma rede de banda larga móvel em dezenas de cidades pelos EUA na faixa de 2,5 Ghz. Por esta razão, a palestra de Barry West, presidente da Clear, era tão aguardada no WiMax Global Congress 2009, que acontece esta semana em Amsterdã. West não deu nenhum dado novo sobre sua operação, que no ano passado passou por um período de ajustes financeiros complicado um pouco antes da crise.
Mas ele voltou a manifestar confiança no modelo de banda larga com mobilidade em que a Clear tem investido.
A base do raciocínio desenvolvido por West para justificar seu otimismo está no consumo de dados. Ele lembrou que um telefone normal consome 30 Mb de dados por mês com os serviços atuais (voz, SMS, algum uso da rede de dados). Com o iPhone, explicou West, esse consumo da rede se multiplica por 20. E se um laptop é conectado à rede móvel, o uso da rede de dados pode subir para 450 vezes o que era com um telefone simples. Ou seja, o uso mensal da rede passou de 30 Mb no telefone normal, para 1 Gb com o iPhone e para 15 Gb com notebooks. "Simplesmente não dá para encaixar toda essa banda no modelo do 3G. E não adianta os operadores móveis pedirem mais espectro. Eles precisam de canais maiores, porque as leis da física não permitem que se faça tudo em um canal de 5 MHz".
Barry West enumerou as formas como os operadores de redes wireless podem atender à demanda por banda larga móvel. "Espectro é importante. Outra coisa que pode ser feita é a tecnologia, e o OFDM é feita de forma mais apropriada para lidar com esses canais grandes do espectro. Outra coisa é tornar a rede em uma rede IP ponta a ponta. E, por fim, equipamentos baratos". Ele lembrou que essas são as características dos operadores de WiMax hoje. "HSPA é bom, LTE vai ser. As pessoas me perguntam por que eu não espero pelo LTE. Bom, eu não espero porque eu não preciso esperar", ironizou.
Mas a Clearwire mostrou que nem tudo é simples na vida de uma operadora de banda larga móvel. "O backhaul para dar suporte a tudo isso é realmente um desafio, e estamos investindo em redes de microondas ou fibras de maneira intensa".
Outro desafio é o desenvolvimento de aplicações para essa rede banda larga. "É preciso trazer para nosso ambiente, nossas redes, parceiros que usem essa rede. Por isso nós estamos oferecendo nossa rede de graça para esses desenvolvedores encontrarem novos modelos".
Outro desafio é a uniformização das redes pelo mundo, e nesse sentido a Clearwire aposta no seu programa de Global Alliance Partner. "É um projeto para promover a tecnologia e trocar experiências, mas no momento não estamos fazendo investimentos", pontuou o presidente da Clearwire.
Barry West foi duramente questionado por um analista que levantou o fato de, nos países escandinavos, as redes 3G já estarem substituindo as redes de banda larga fixa com resultados expressivos. West repondeu dizendo que, ainda que as pessoas estejam satisfeitas, elas ainda não tiveram a experiência plena da banda larga móvel que se tem em uma rede 4G, como as redes WiMax, segundo o presidente da Clearwire.

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