No mês de maio, Paula Cavalcanti comemorou um ano no comando do escritório brasileiro da Fremantle. Como resultado da nova gestão, a empresa vem ampliando o seu trabalho no país como produtora de conteúdo. Além disso, investe na aposta em conteúdo para web e em branded content. "Quando cheguei, a Fremantle era aqui (no Brasil) mais uma empresa de negócios do que uma casa produtora. Ela existe em outros 28 países como empresa produtora, seu negócio é muito mais a produção de conteúdo do que a venda de formatos, apesar de ter um catálogo de grandes formatos", explica a executiva. Hoje, conta, a Fremantle atua produzindo os formatos, sob coordenação dos canais parceiros. "No 'X Factor', nós fazemos a produção, com a coordenação artística da Band. É o mesmo modelo com o SBT (com 'Cozinha Sob Pressão'), sob comando do Fernando Pelégio, que é o diretor artístico da emissora", conta.
Segundo Paula, o mercado brasileiro vem se abrindo mais à produção independente e à coprodução. "O modelo de negócios que temos com o 'Hell's Kitchen' ('Cozinha Sob Pressão'), no passado não existiria, com uma TV absolutamente vertical. Hoje, as emissoras compram um formato e, junto, a produção", conta.
O momento de crise, diz, favorece formatos importados, já testados em outros mercados, mas a tendência entre os canais, sobretudo abertos, é investir também em novos projetos. "Se forem bem fundamentados e eficientes para a grade programação, encontram espaço. Mas precisa saber o que o canal precisa. Seu bom projeto tem que estar de acordo com o que a emissora planejou para daqui a seis meses. Uma emissora é um organismo complexo", diz.
Web
Além de ampliar a atuação da Fremantle na produção local dos formatos, a unidade brasileira começou a trabalhar com novos conteúdos para web. "Estamos tendo a oportunidade de explorar um mercado que é o oposto em tamanho (em relação à TV), que é o de web. Por ser outra escala, você tem a possibilidade de fazer coisas muito interessantes", conta. O primeiro lançamento foi o canal de comunicação da jornalista Marília Gabriela. O site Marília Gabi Gabriela traz entrevistas exclusivas para a web, emanando o conteúdo para Instagram, Facebook e youtube. "Ela queria mudar a forma de se comunicar com a audiência. Vamos poder explorar a comunicação de duas vias, com a possibilidade de troca que a web traz", explica.
Cabe também à Fremantle, que conta com uma área comercial de publicidade, rentabilizar o projeto feito a quatro mãos com Marília Gabriela."Fazemos toda a gestão do projeto, inclusive a negociação com as plataformas", resume.
Outro projeto em preparação é o "Londres de Metrô", baseado no livro homônimo do jornalista Rodrigo Rodrigues. O conteúdo vai para o Youtube. Em cada capítulo Rodrigues sai de uma estação londrina e mostra pontos de interesse no entorno. "Fomos para Londres filmar 25 roteiros. É um projeto fácil de ver no celular, não precisa levar o livro. É voltado para alguém que está viajando, mas também para o cara que faz turismo na web", explica Paula. A rentabilização será, a princípio, pela venda de publicidade do Youtube. "Acho que é um conteúdo que se paga em médio prazo. Esse não é um mercado onde se espera rentabilizar em curto prazo, ainda está em desenvolvimento. O mais importante é que estamos experimentando formatos. Na hora que esse mercado amadurecer, a Fremantle estará pronta", conta Paula.
A web também está presente nos projetos em desenvolvimento para a TV, com extensões online. "Acho que é um modelo que funciona bem, se for pensado e contar com material complementar. Não adiantar reeditar o vídeo da TV para a web. É um modelo que já está incorporado no comercial e no artístico dos canais. Não é um bônus, é um produto que amplia possibilidades", explica.
Branded content
Outra aposta da Fremantle Brasil é em conteúdo das marcas. "É uma tendência as marcas quererem estar dentro do editorial dos programas. Elas estão entendendo que a participação no conteúdo valoriza a marca". No entanto, aponta a CEO da Fremantle Brasil, é um trabalho difícil. "O conteúdo tem que ser de entretenimento, mas inserido no conceito da marca, bem como a marca deve estar no conceito do conteúdo".
"Trabalhamos muito com a demanda de clientes que querem desenvolver produtos, mas também na criação de projetos por que achamos interessantes e levamos a potenciais anunciantes", explica Paula.