Os impactos do Covid no consumo audiovisual e oportunidades

Vivemos um momento único em nossas vidas. Para a grande maioria que não passou por guerras, talvez a maior crise, sem precedentes. Nos últimos dias não assisti lives mas conversei com pessoas que muito admiro. Adoro a troca de ideias, impressões e percepções, e nesse momento, mais que essencial.

Entre as conclusões que divido com colegas e amigos como Mauricio Fittipaldi, Eloisa Winter, Iafa Britz, entre outros, destaco o impacto do COVID-19 no consumo audiovisual.

Entrada de grandes VODs, novos canais de TV

O Brasil é um dos maiores mercados digitais do mundo, apesar da sofrível banda larga. Os brasileiros passam mais tempo na internet do que americanos, e ficam 17 horas por semana no streaming de vídeo – enquanto os americanos 15 horas.

O consumo é tamanho que o Brasil é considerado o maior país de língua não inglesa para a Netflix, que recentemente anunciou 350 milhões de reais de investimento na produção de conteúdo local.

Somando Disney+, Apple TV+, Amazon Prime Video e Netflix, estima-se que 800 novas séries de streaming vem sendo produzidas para 2020 (pré COVID-19). Sem contabilizar HBO Max, Peacock da NBCU, Warner, Universal, BBC, Sony, Paramount+ e muitos outros. (Fonte Meio e Mensagem).

A Globo, maior grupo de mídia do país, vem investindo pesado em streaming para sua plataforma Globoplay. Enquanto a Record criou o Play Plus, o SBT anunciou para 2020 o SBT Play.

Com o COVID-19, houve grande aumento da demanda de streaming. O NOW, maior plataforma do Brasil, teve aumento de 50% no consumo de vídeo desde o início do isolamento social e a Disney + nos Estados Unidos detectou um aumento de 44% em março.

A tendência de fortalecimento do streaming e de meios digitais de comunicação foi acelerada com a crise, e seu impacto será sentido de forma significativa nos próximos anos.

Em 2015, os meios digitais contabilizavam 20% das receitas globais de entretenimento audiovisual – quatro anos depois, o segmento já responde por quase 50% do total e em 2020 deve crescer ainda mais.

Fonte: MPA

Concentração de mercado com a Disney dominando o mercado de cinema mundial

Os últimos anos foram marcados por diversos movimentos de fusão e aquisição no mercado de entretenimento, assim como em outros mercados. Recentemente a AT&T adquiriu a Time Warner, e a Disney comprou a 20th Century Fox.

Em 2019, a Disney – maior estúdio da América do Norte – atingiu US$ 3,8 bilhões de receita de bilheteria, o equivalente a 33% de market share. Considerando também o share da FOX, o número sobe para 40% de share. No Brasil, a situação não foi diferente.

Quando avaliamos o audiovisual como um todo, a briga deve ser ainda mais forte e promete para os próximos anos entre AT&T, Disney, Globo, Amazon e Netflix.

Ainda não se conhece a estratégia da Disney para produção local e qual o impacto da Disney Plus no Brasil, mas a empresa deve promover mudanças.


Adiamento de festivais internacionais ou mudança para eventos online

O Mercado de entretenimento é muito influenciado por grandes eventos e festivais como Cannes, Oscar, SXSW, e outros.

Com o COVID, os grandes festivais firmaram acordo que temporariamente altera a política que proibia a exibição online de filmes inéditos. O acordo prevê ainda o caráter de première na exibição mesmo que online e a possibilidade de exibição sem geoblock se não for possível.

Quando voltaremos a cruzar oceanos para eventos internacionais? Será que eventos online serão o novo normal?

Mudança no perfil de consumo com COVID-19

De acordo com a Comscore, os principais gêneros que tiveram maior procura no VOD em março foram Fitness, Life & Home e Premium. Já músicas, tiveram redução de consumo.

As premissas sobre o tipo de conteúdo como demanda no pós COVID-19 incluem uma tendência de conteúdos leves, reality shows, e aqueles que promovam fuga do momento atual.

Paralisação das produções

Como medidas tomadas pelo isolamento, tivemos a paralisação de diversas produções em todo mundo.

Entre os primeiros impactos estão diversos profissionais sem renda, e a necessidade de mudança de programação em diversos canais. Com retorno gradual, teremos talvez uma demanda excessiva por profissionais, e talentos com produções represadas.

Uma das empresas que teve protagonismo nesse momento ao anunciar fundos de apoio aos profissionais do setor foi a NETFLIX. Além de ajudar, a marca ganha valor e também os corações dos profissionais. Parabéns, Netflix!

Assim encerro com a última tendência que vejo no futuro – uma demanda de posicionamento responsável e sustentável das empresas e indivíduos.

Como diria Darwin – nas crises não é o mais forte que sobrevive, mas aquele que melhor se adapta!

* É CEO da Elo Company. Formada em administração de empresas na FEA-USP e Florida International University (International Business), possui cinco anos de experiência na Consultoria McKinsey & Company e dois anos como líder de comunicação e marketing – Ink Group e Edelman Group. A executiva foi homenageada no Rio Content Market 2016 e já ministrou diversas palestras e aulas no Brasil e no exterior, entre elas, no Festival de Cinema de Cannes.

4 COMENTÁRIOS

  1. Que matéria lixo! Se é que podemos chamar de matéria, porque é um compilado de control C, control V do mercado.
    Nem Jornalista essa pessoa deve ser. Deve estar querendo exposição e deve ter comprado esse espaço.
    Triste ver que o Tela Viva abre espaço pra tamanha cara de pau.

    • Bom dia, Cláudia Cristina,
      Este texto não é uma matéria, mas um artigo de opinião, conforme está escrito antes do título. A autora não é jornalista, mas uma profissional do mercado, o que também está anotado na assinatura da mesma, com as devidas credenciais.
      A Tela Viva abre espaço a profissionais com notório conhecimento de mercado para manifestar suas opiniões. O intuito é sempre o de promover um debate maduro baseado em conhecimento, na troca de ideias e, sobretudo, baseado em dados e fatos.
      A Tela Viva não vende espaço editorial, para isto há o espaço comercial, ocupado por banners.

  2. A Sabrina é um orgulho pra nós mulheres do audiovisual! Está sempre reinventando a Elo Company, fomentando a produção e a distribuição nacional, criando oportunidades para minorias viabilizarem suas obras e, se mantém muito atualizada, em relação às tendências do setor, no Brasil e no Mundo. Excelente análise da conjuntura. Parabéns ao Tela Viva por publicar o artigo.

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