Isenção para quem produz

Leia a íntegra do editorial da revista TELA VIVA do mês de setembro, que circula para os assinantes a partir desta semana.

"Uma reunião inédita, com o apoio e participação de Tela Viva, aconteceu no último dia 28 de agosto em São Paulo. À mesa sentaram-se representantes dos radiodifusores, das produtoras independentes de TV, das produtoras comerciais, dos engenheiros de televisão e dos fornecedores de equipamentos para falar de um tema comum a todos: a excessiva carga tributária na importação de equipamentos profissionais de produção, ou seja, dos bens de capital necessários para viabilizar uma indústria brasileira de audiovisual.
Diferenças à parte, é um problema que afeta a todos. E afeta, principalmente, ao País, pois o Brasil deixa de investir em um parque de produção que poderia torná-lo mais competitivo não apenas na área audiovisual, mas em diversos setores da economia.
Do lado do governo, há pouco a perder e muito a ganhar. Estes equipamentos representam quase nada na balança comercial ou na arrecadação de impostos. Pior: em boa parte dos casos entram no País pela mão do contrabando. Ou seja, o governo já não vê a cor desse dinheiro. Além disso, tratam-se de equipamentos sem similar nacional e sem perspectiva de produção local, devido à pouca escala de produção.
Como contrapartida, há benefícios enormes. É uma forma de enfrentar a crise do setor de mídia no País, que afeta tanto os veículos (emissoras) quanto as produtoras independentes e de publicidade (e ainda toda a cadeia de valor, laboratórios, pós-produtoras, agências, locadoras…). O projeto vai também ao encontro da necessidade de geração de empregos. A indústria audiovisual produz emprego qualificado, é uma indústria limpa, não poluente, com grande potencial de exportação. Ajuda a promover a imagem do Brasil no exterior, para além das transmissões de Carnaval, futebol e favelas. Um documentário exibido por um canal internacional, por exemplo, é visto por cerca de 300 milhões de pessoas.
Para que isso exista é necessário um parque de produção moderno, atualizado. O mundo da imagem está se tornando digital e de alta definição. A competição pela produção de programas, filmes, comerciais é globalizada, e o Brasil hoje briga, em condições desiguais, com África do Sul, Canadá, Argentina e outros. Segundo um produtor brasileiro que está investindo na exportação de serviços, se a demanda pelo produto ?made in Brazil? aumentar, em pouco tempo não teremos como atendê-la, pela falta de equipamentos.
O momento é, portanto, de união, de entender que este pleito não é apenas uma ação corporativa para obter benesses do Estado. É sim um movimento para mostrar à sociedade e ao governo que a indústria da produção de conteúdo é estratégica para o País, e corre o risco de ficar paralisada caso não haja uma política clara de desenvolvimento. A partir dessa constatação, representantes da Abert, SET, Apro, ABPI-TV e fornecedores de equipamentos concordaram em estabelecer os pontos comuns do setor, colocá-los num documento e a partir daí desenvolver uma estratégia de ação junto ao governo e à sociedade."

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui