Fundada pelo carioca Guilherme Coelho pouco após o lançamento do premiado documentário “Fala Tu”, longa de estreia do cineasta, a Matizar Filmes celebra este ano duas décadas com uma série de iniciativas que marcam a sua trajetória. Nesses 20 anos, a produtora vem desenvolvendo um catálogo de obras que inclui documentários e ficções que exploram a identidade, cultura e questões sociais do Brasil. Em seu caminho natural de amadurecimento, a Matizar pretende agora atingir novos patamares.
“Nosso objetivo é sedimentar esse novo momento de ambição da Matizar com projetos em várias frentes. Ao longo desses 20 anos, conquistamos uma credibilidade sólida e isso elevou o nosso nível de reconhecimento”, conta Guilherme Coelho. “Nosso grande desafio é entrar na cultura de massa brasileira, com produções que realmente se conectem com o grande público, e é para esse caminho que estamos direcionando nossos próximos projetos.”
Festival do Rio
Como parte das comemorações, a produtora – estabelecida por Coelho junto a Nathaniel Leclèry, sócio até 2006 – terá uma presença marcante nesta edição do Festival do Rio. De olho no futuro do audiovisual, no dia 5 de outubro, a Matizar anuncia o Fala Tu Lab, projeto que busca promover a inclusão social ao fomentar a produção entre estudantes cotistas das universidades públicas e beneficiários do Prouni nas universidades privadas da região metropolitana do Rio de Janeiro. Com inscrições abertas de 14 de outubro a 14 de novembro de 2024, o programa selecionará quatro curtas-metragens documentais que receberão apoio financeiro e mentoria de renomados profissionais do cinema. O lançamento oficial do edital acontece durante a aula aberta “A Gramática Mínima de Eduardo Coutinho”, conduzida pelo cineasta João Moreira Salles, em tributo aos dez anos da morte d documentarista.
“O laboratório será uma oportunidade incrível para jovens cineastas. Queremos celebrar nosso legado apoiando novos talentos e essa iniciativa vai justamente nesse sentido, oferecendo uma plataforma para vozes que ainda não tiveram espaço no cinema brasileiro”, ?aposta Coelho.
No dia 8 de outubro, a Matizar exibe no festival “Retrato de um Certo Oriente”, longa de Marcelo Gomes, na mostra competitiva Première Brasil. Além da sessão de gala no Estação Net Gávea, o filme – em cartaz nos cinemas de todo o país a partir do dia 21 de novembro – terá uma reprise no Cine Odeon, no dia 9, seguido de um debate com o diretor e elenco.
Entre outros projetos no horizonte estão o thriller “Neuros” (título provisório), segundo longa-metragem de ficção de Guilherme Coelho, atualmente em pós-produção. A Matizar está em um momento de expansão, investindo fortemente no desenvolvimento de roteiros e na aquisição de direitos editoriais para adaptações. A produtora pretende se inserir de maneira ainda mais profunda na cultura brasileira, com uma participação maior no streaming e no cinema comercial, produzindo conteúdo para o público de massa.
“Estamos ampliando o tipo de cinema que fazemos, buscando projetos mais comerciais e também novas parcerias para aumentar o volume e o retorno financeiro”, pontua Coelho.
A trajetória
Nessas duas décadas, a Matizar Filmes vem firmando parcerias com cineastas renomados, lançando obras de grande impacto no cenário nacional, como os filmes “Jogo de Cena” e “Moscou”, dirigidos por Eduardo Coutinho, com produção executiva de João Moreira Salles.
“Trabalhar com o Eduardo Coutinho e o João Moreira Salles em ‘Jogo de Cena’ foi um divisor de águas para a nossa produtora. Eles nos desafiaram a pensar o cinema de uma maneira completamente nova. Produzimos filmes com cineastas que sempre sonhamos, e essa relação com grandes nomes sempre nos trouxe aprendizados e momentos inesquecíveis”, celebra Coelho.
Os projetos mais recentes incluem a produção associada de “Motel Destino”, de Karim Aïnouz, exibido na competição em Cannes e lançado em agosto deste ano; o curta “Fotos Privadas”, de Marcelo Grabowsky; e o documentário “Luz Acesa”, de Guilherme Coelho, ambos de 2020. Em 2018, a Matizar produziu o premiado “O Chalé é uma Ilha Batida de Vento e Chuva”, de Letícia Simões (Cinelatino Toulouse), e, em 2015, o longa “Órfãos do Eldorado”, de Guilherme Coelho (Festival de Varsóvia e Festival de Chicago).
O catálogo inclui ainda “Bruta Aventura em Versos”, de Letícia Simões (2012), e a série de documentários “Retratos Contemporâneos da Arte”, realizada entre 2006 e 2011, e o filme “PQD” (2007), também de Coelho. Tais obras ajudaram a consolidar a produtora como uma das referências no cenário do cinema independente do Brasil, sempre dedicada a temas atuais e com forte apelo social.