Ocean Films e Schurmann Film Company gravam "Pequeno Segredo" em Santa Catarina e no Pará

Nas cidades de Vigia de Nazaré e Belém, no Pará, as equipes das produtoras nacionais Ocean Films e Schurmann Film Company estão gravando as cenas de “Pequeno Segredo”, longa com estreia prevista para o final de 2015. Com orçamento de R$ 10 milhões, a coprodução marca a estreia do cineasta David Schurmann na direção de um longa de ficção. O profissional já produziu uma série de documentários sobre sua família, famosa por suas viagens ao redor do mundo a bordo de um veleiro.

O roteiro de “Pequeno Segredo” inspira-se na história da adoção de Kat, irmã do diretor, pelo casal Heloisa e Vilfredo Schurmann. Neta de uma neozelandesa fria e solitária, filha de um casal que se conheceu e se apaixonou na Amazônia e adotada pela família aventureira, Kat une a história de três famílias retratadas no filme.

A história da garota órfã, adotada com três anos de idade e soropositiva inspirou o best-seller homônimo lançado por Heloísa, mãe de David, em 2013. O filme, no entanto, não será uma adaptação do livro. “A história do livro é, de certa forma, mais pesada, pois conta a experiência que minha mãe teve ao lidar com a doença da filha. Minha perspectiva desse caso, como irmão, é diferente. O foco do roteiro do filme está nos encontros e nas situações que mudam nossa vida para sempre. Um homem vem para o Brasil, conhece uma mulher, se apaixona e isso acaba mudando completamente a história de três famílias que até então não se conheciam – isso é fascinante”, conta o diretor.

Para isso, explica, o filme contará a história das três famílias de forma paralela e independente. “Não é um filme óbvio, mas ao mesmo tempo prende a atenção das pessoas. Existe um elo entre essas famílias, que é a Kat, mas são três núcleos que protagonizam as próprias histórias, que chegam a se cruzar”, explica.

Produção

A viagem ao Pará marca a segunda etapa do processo de gravação do longa, que começou em outubro, em Florianópolis. No início de 2015 a equipe gravará a última etapa na Nova Zelândia. “O filme é quase todo rodado em locações, com a exceção de algumas pequenas partes  nas quais utilizamos estúdio”, conta João Roni, produtor da obra.

A engenharia financeira que viabilizou o projeto conta com recursos do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual), de investidores individuais, patrocinadores e também com valores aportados por órgãos estaduais de Santa Catarina e do Pará. “Recebemos um apoio muito grande nos dois estados. Além do valor financeiro, houve um apoio logístico muito grande. São dois lugares muito bons para produzir, pois oferecem custos razoáveis e apoio logístico de sonho. Tivemos colaboração da Polícia Militar, secretarias da Cultura e Turismo, órgãos ambientais e até Secretaria de Mobilidade”, lembra Roni.

A história contada no filme inicia-se em 1984, atravessando duas décadas até o falecimento de Kat em 2006. “Isso demandou um trabalho de figurino muito detalhado e extenso. Também utilizamos conjuntos de lentes diferentes nas câmeras para identificar as diferentes épocas”, explica o produtor.

Com roteiro de Marcos Bernstein, que também assinou produções como  “Central do Brasil”, “Chico Xavier”, “Faroeste Caboclo”, “Terra Estrangeira” e “Zuzu Angel”, “Pequeno Segredo” chegou a ter cerca de cem profissionais envolvidos em sua produção. Entre eles, a diretora de arte Brigitte Broch, que faturou o Oscar por seu trabalho em Moulin Rouge, e o diretor de fotografia Inti Briones, vencedor do Festival de Veneza por “Las Niñas Quispe” e responsável pela fotografia de "To Kill a Man", vencedor do grande prêmio do Júri em Sundance.

O elenco é liderado pelos atores brasileiros Júlia Lemmertz, Marcello Antony e Maria Flor, além do neozelandês Erroll Shand e da irlandesa Fionnula Flanagan.

Transição

Sobre a experiência de estar dirigindo seu primeiro longa de ficção, Schurman conta que seu conhecimento sobre a história retratada no filme ajudou no processo de transição. “Sempre quis dirigir um longa de ficção. Há uns dois anos dirigi um curta e foi uma experiência incrível. Estava esperando a história certa para essa transição e essa acabou sendo a oportunidade ideal”, avalia.

A ideia de falar sobre a adoção de Kat em uma obra de ficção surgiu há mais de três anos, conta o diretor. Desde então, ele vem desenvolvendo roteiro, buscando parceiros e trabalhando na pré-produção da obra. “É um roteiro que vem sendo desenvolvido até mesmo antes do livro. Sempre tive a vontade de contar essa história, sempre achei que era uma história de cinema. Por uns anos, evitei contá-la em respeito a minha mãe. Antes de seguir com o projeto, conversei com ela e contei a respeito”, revela.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui