"Ainda Estou Aqui" faz história no Oscar e leva prêmio de Melhor Filme Internacional

(Foto: Alile Dara Onawale)

O filme brasileiro "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional na cerimônia realizada neste domingo, 2, em Hollywood. O longa, que também concorria nas categorias de Melhor Filme e Melhor Atriz para Fernanda Torres, consolida-se como um marco para o cinema nacional. A vitória ressalta o bom momento do audiovisual brasileiro, que, mesmo após enfrentar desafios como a pandemia de Covid-19 e ter superado uma crise no modelo de financiamento público, tem apresentado grandes lançamentos, tanto em salas de cinema, quanto nas plataformas de streaming.

O filme, que aborda temas sensíveis da história brasileira, como a ditadura militar, mostra que o público brasileiro se interessa por filmes que vão além da comédia. "Ainda Estou Aqui" já havia conquistado o público e a crítica, com prêmios como o de Melhor Roteiro no Festival de Veneza e o Globo de Ouro de Melhor Atriz para Fernanda Torres. O longa também teve um impacto significativo na indústria cinematográfica nacional, levando a cerimônia do Oscar de volta à TV aberta e permanecendo, até agora, 16 semanas em cartaz.

De acordo com dados da Ancine, com mais de 5 milhões de espectadores e R$ 104,7 milhões em renda, o filme já é a terceira maior bilheteria nacional desde 2018, atrás apenas de "Minha Mãe é uma Peça 3" e "Nada a Perder". Em 2025, "Ainda Estou Aqui" foi responsável por 32% do público de filmes nacionais, contribuindo para um market share de 30,1% do cinema brasileiro no período.

A trajetória vitoriosa do filme, que inclui prêmios em festivais internacionais e a indicação ao Oscar, impulsionou o público e a renda do longa. A Ancine aponta que a vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro, por exemplo, gerou um aumento de 57% na semana seguinte e um salto de 122% na semana subsequente. A indicação ao Oscar, anunciada em 23 de janeiro, também gerou um novo aumento de 89% no público semanal.

Em seu discurso de agradecimento, Walter Salles homenageou a protagonista do filme, Eunice Paiva, e as atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, que a interpretaram. "Esse prêmio vai para uma mulher, que durante uma perda sofrida em um regime autoritário, decidiu não se curvar e resistir", disse Salles.

Com distribuição da Sony Pictures, o longa é uma coprodução entre Brasil e França. É um filme Original Globoplay, produzido por VideoFilmes, RT Features e Mact Productions, em coprodução com ARTE France e Conspiração.

Obras vencedoras

"Ainda Estou Aqui" foi o primeiro filme brasileiro a levar o Oscar, mas a cinematografia brasileira já esteve em produções laureadas pela Academia. Em 1960, "Orfeu Negro" ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, mas representando a França. Baseado na obra de Vinícius de Moraes, fllmado no Rio de Janeiro e falado em português, o longa foi o primeiro de língua portuguesa a conquistar a estatueta do Oscar e, até agora, era o único na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, ou Internacional, dependendo da nomenclatura adotada pela Academia em cada ano. O filme é uma produção ítalo-franco-brasileiro de 1959, dirigido pelo francês Marcel Camus. Como o produtor majoritário era francês, quem levou a estatueta foi Sacha Gordine.

"O Beijo da Mulher Aranha", de Hector Babenco, levou uma das quatro indicações ao Oscar de 1986, de Melhor Ator, para o norte-americano William Hurt. Embora rodado no Brasil com grande parte do elenco e equipe técnica brasileiros, o longa também é uma coprodução internacional, sendo o produtor principal David Weisman.

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