Antonio Wanderley, CEO da Kantar Media Latin America, Spain, APAC & Africa, abriu as apresentações do Internacional Academy Day, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, com o painel "Welcome to Brazil – An Overview of the Market Landscape" na manhã desta quinta-feira, 3 de abril. No ano marcado pela comemoração dos seus 100 anos, a Globo é a anfitriã do evento, que é promovido pela Academia Internacional de Artes e Ciências da Televisão.
Wanderley fez uma detalhada apresentação sobre o Brasil, que definiu como um país poderoso e cheio de oportunidades. Para ele, é essencial entender a diversidade socioeconômica do país para realmente conseguir explorar esse mercado. "Num país tão diverso como o Brasil, são muitos os riscos envolvidos na hora de tentar agradar toda essa população. Um conceito que gostamos de usar é o de desafiar os produtores de conteúdo a não pensarem em criar conteúdo só no Brasil, mas para o Brasil, para aí sim poder ressoar e criar conexões autênticas". O executivo ainda apresentou alguns números do país, mostrando sua área, população, quantidade de diferentes biomas, fusos horários, climas e temperaturas.
Em relação ao consumo de conteúdo, também trouxe alguns dados, e garantiu que o Brasil tem potencial de alto alcance. Segundo dados da Kantar sobre a participação no consumo de vídeo doméstico, o Brasil tem os seguintes números: 59% TV aberta, 8% TV paga e 33% plataformas de vídeo online. A título de comparação, na Argentina os números são 29,5%, 34,6% e 35,9%, respectivamente. No Brasil, em um dia, a televisão alcança 64% da população. Em uma semana, 86%. E, em um mês, 94%. "Praticamente 100% da população brasileira assiste televisão. São números massivos. Quando a gente pensa em oportunidades, a tecnologia é importante. As pessoas assistem à televisão em diferentes momentos do dia e busca diferentes conteúdos", pontuou.
Nesse sentido, ele ressaltou a importância da tecnologia especialmente na personalização de conteúdos, e citou a chegada da TV 3.0, que vai entregar "o conteúdo certo, para a pessoa certa, no momento certo". Wanderley analisou: "Quando pensamos nos anúncios segmentados, é uma expansão do modelo de negócio. É sobre destravar possibilidades para monetizar. Tudo o que a TV fez ao longo das décadas agora será feito num nível mais personalizado e, ao mesmo tempo, em escala".
O CEO reforçou que os brasileiros são curiosos sobre as novas tecnologias e costumam adota-las assim que elas são lançadas. Quando as primeiras redes sociais surgiram, por exemplo, o país já era um dos principais consumidores. Outros dados interessantes comprovam essa relação: em 2024, sete em cada dez lares tinham TV conectada. No Brasil, são mais celulares do que pessoas, com uma média de 1,21 dispositivos por pessoa. E somos um país altamente conectado, com quase 52 milhões de acessos de banda larga em 2024.
Mas, ainda que o brasileiro goste de conhecer novas tecnologias – e isso inclui as plataformas de streaming, claro – ainda há muitas barreiras, e o preço é uma das principais.
Por fim, o executivo estabeleceu alguns pontos principais para quem deseja produzir no Brasil, com o Brasil ou para o Brasil ter em mente: levar em consideração as diferentes realidades regionais, étnicas e sociais para gerar representatividade, garantir acesso e gerar conexão com o público; pensar em modelos de negócios adequados à realidade econômica do país; fanáticos por diferentes tipos de produções, os brasileiros assistem, se engajam e reverberam o conteúdo; explorar as oportunidades criadas pela inovação e adoção tecnológica, como CTVs e IA; e a necessidade competitiva de mercado por diferenciação – de conteúdo, marca, produto e promoção, por exemplo.