Copa ainda não decolou no país do beisebol

A seleção dos EUA chegou mais longe nesta última Copa do que jamais havia chegado. Mas o sucesso da equipe não se traduziu em um aumento espetacular no número de espectadores do Mundial na TV norte-americana.
A final entre Brasil e Alemanha teve um rating de 3,9 pontos durante a transmissão ao vivo, que na costa Leste aconteceu às 6h30 da manhã. A reapresentação, mais tarde no mesmo dia, atingiu 2,8 pontos. A soma das duas ainda ficou abaixo dos 6,9 pontos observados durante a final Brasil x França em 1998.
Parte da explicação está na enorme diferença de horário entre o Japão e os EUA. Isto também afetou as Olimpíadas, quando aconteceram na Coréia (Seul) e Austrália (Sydney).
Os jogos dos EUA na primeira fase conseguiram audiência melhor que os de campeonatos anteriores. A partida entre EUA e México, por exemplo, teve 2,29 pontos na ESPN e um fantástico rating de 21,6 no canal de língua hispânica Univision (a Univision não alcança todo o país, então este rating significa, proporcionalmente, 2,2 milhões de lares, contra 1,9 milhão que assistiram ao jogo pela ESPN). A audiência do jogo na Univision foi a maior da história da rede.
Mas para as transmissões em inglês da ABC e da ESPN a Copa 2002 não foi o evento arrebatador que os fãs do "soccer" nos EUA esperavam. Além do fuso horário desfavorável, o Mundial sofreu com a falta de promoção.
A própria Walt Disney Co., dona tanto da ABC quanto da ESPN, não comprou os direitos de transmissão. Foi a liga profissional de futebol norte-americana, a Major League Soccer (MLS), que adquiriu os direitos e comprou espaço nas emissoras para a transmissão. As redes, portanto, não tinham nenhum interesse em promover os jogos, assim como com qualquer outro evento que paga para ser transmitido. A ABC e a ESPN costumam veicular milhares de vinhetas promocionais todos os anos para promover suas transmissões semanais de futebol americano, no programa Monday Night Football. Estes jogos normalmente atraem audiências entre 15 e 17 milhões de lares, cinco ou seis vezes mais que a final da Copa.
Finalmente, os EUA são um país muito autocentrado. Acostumado a assistir beisebol, basquete e futebol americano, três esportes inventados aqui mesmo, e praticados principalmente por atletas norte-americanos.
Os espectadores norte-americanos, ao contrário dos de muitas outras nações, não estão acostumados a ver equipes de outros países competindo, exceto nas Olimpíadas. E mesmo assim, a audiência cai dramaticamente quando não há atletas dos EUA participando.
Essa preferência arraigada pelos esportes domésticos praticados por nativos pode ser, em última análise, o maior obstáculo que a Copa do Mundo tem que atravessar em sua tentativa de atrair a audiência americana.

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