Nesta sexta-feira, 4 de abril, durante a agenda do International Academy Day, o diretor de Produtos Digitais da Globo, Manuel Belmar, bateu um papo com a imprensa sobre os resultados de "Ainda Estou Aqui", primeiro filme Original Globoplay, e os possíveis impactos disso na estratégia de filmes da plataforma. O longa de Walter Salles que foi premiado com o inédito Oscar de Melhor Filme Internacional para o Brasil chega ao streaming à meia noite de sábado, 5, para domingo, 6, coroando uma trajetória vitoriosa de distribuição nas salas de cinema tanto pré quanto pós-Oscar.
"Nossa expectativa é muito boa, mas é difícil pensar em números porque não temos um precedente como esse. Os filmes estão cada vez mais importantes na nossa estratégia de oferecer conteúdo diverso, e tendo tido o nosso primeiro premiado com o Oscar, vamos ver o que acontece", disse o executivo. A distribuição do longa é uma parceria com a Sony para a maior parte dos territórios. Ainda não está definida a plataforma em que o filme será disponibilizado nos países onde não tem Globoplay – onde o serviço funciona, "Ainda Estou Aqui" poderá ser visto a partir da mesma data.
Falando sobre janelas, Belmar contou que o Globoplay tem um pipeline de desenvolvimento de filmes e sabe exatamente quais são aqueles que fazem sentido ter uma janela de cinema e quais vão direto para o streaming. "Onde fizer sentido lançar no cinema, não vamos pular. A janela do cinema continua sendo um componente muito importante, e as empresas de mídia mundial estão percebendo isso de novo. Tem um passo atrás nessa lógica de distribuição. E nós vamos continuar observando as janelas pela ótica do melhor resultado econômico possível", explicou.
"Vitória", atualmente em cartaz, é o segundo filme Original Globoplay e também estreou nos cinemas como primeira janela – o executivo garante que essa já era a estratégia para o título mesmo antes da bem sucedida trajetória de "Ainda Estou Aqui" no circuito comercial. "Há um outro aspecto que são os filmes em que a Globo Filmes faz parte – estes, são majoritariamente para cinema. Estreiam primeiro nas salas e, depois, chegam à plataforma. Depende dos acordos, e eles variam muito de filme para filme. Mas a janela do cinema é importante e estamos comprometidos com ela", enfatizou.
O longa, que tem Fernanda Montenegro no papel principal e direção de Andrucha Waddington, é o título de trabalho atual. Ainda em cartaz nos cinemas, já fez mais de 550 mil espectadores. "É uma trajetória que também nos surpreende. O público brasileiro acolheu esse filme um pouco na esteira do que aconteceu com o 'Ainda Estou Aqui'. É um filme incrível, baseado em uma história real. E o filme é a atuação da Fernanda Montenegro. Pensar em Oscar seria ousado da nossa parte, mas vamos fazer um trabalho de distribuição muito forte, novamente com a Sony", contou.
Resgate da autoconfiança e aposta na distribuição
De certa forma, a surpreendente história com o "Ainda Estou Aqui" impactou a maneira como o Globoplay olha para os seus filmes. "Tiramos vários aprendizados desse processo. De toda a safra de filmes coincidentes com 'Ainda Estou Aqui', ele sempre foi nossa maior aposta – pela potência da história, a reunião de talentos que conseguimos, os parceiros e a aliança de distribuição, que é muito fundamental. É claro que jamais imaginamos que chegaria onde chegou. Não apenas na bilheteria brasileira, mas também fora do Brasil, e o Oscar nem se fala. Nossa alegria quando foi indicado era tão grande que foi como se tivesse acabado ali já. No dia da indicação, esperávamos no máximo uma, e vieram três. Então foi muito além. E a vitória, então, foi espetacular", lembrou Belmar.
Entre os principais aprendizados, ele cita o resgate da autoconfiança: "É saber que o Brasil pode, sim. A gente já beliscou algumas vezes prêmios e reconhecimentos internacionais muito relevantes. Mas o Brasil pode, sim, ter produtos premiados. Comemoro a vitória do cinema brasileiro antes mesmo de comemorar a vitória da Globo e do Globoplay porque foi o audiovisual do Brasil que venceu – mesmo com todas as dificuldades que a gente tem em termos de recursos e falta de fomento".
Outro ponto que Belmar traz é o esforço de divulgação e promoção que o filme recebeu – não somente com o trabalho da Globo, claro, mas a parceria com a Sony, que foi um verdadeiro break through. "Eles têm uma competência extraordinária e um conhecimento profundo do mercado audiovisual. A distribuição é a chave. Para o filme ser conhecido, visto, isso é muito importante. Isso ainda sem nem mencionar o trabalho do Walter Salles e da Fernanda Torres de promoverem o filme mundialmente. Eles se dedicaram realmente a isso. No fim do dia, quando você consegue somar essas competências a um filme extraordinariamente bem feito e bem executado, e com atuações espetaculares, aí de fato os astros se alinham e tudo isso acontece".