Mesmo com vacinas contra Covid-19, flexibilização nos sets de filmagem não será indicada

A produção em tempos de Covid foi tema de painel no Whext 2020, que foi realizado com transmissão online diretamente dos estúdios Quanta nesta sexta-feira, 4 de dezembro. Participaram da mesa Ricardo Pacheco, da OnCare Saúde; Moa Ramalho, da Café Royal; Mário Peixoto, do Grupo Papaki; Rafa Fortes, da O2 Filmes; e Leyla Fernandes, da produtora Associados. O grupo relembrou o processo de formação do Protocolo de Retomada das Produções Audiovisuais, que passou a valer em julho deste ano, comemorou os bons resultados da adoção do mesmo e ressaltou que, mesmo com a chegada da vacina, não será indicado relaxar as medidas estabelecidas.

"O trabalho de preparação do protocolo foi intenso, tivemos muita dificuldade de reagir diante das situações no começo da pandemia. Após algumas reuniões, concluímos que seria melhor profissionalizar, isto é, deixar essa responsabilidade na mão de profissionais da saúde, e não dos produtores. Padronizar também era nossa intenção, para que todos tivessem os mesmos cuidados e as mesmas respostas diante das dúvidas", relembrou Rafa Fortes. "Ninguém sabia o que ia acontecer, como seria nossa vida. Nosso setor foi um dos que mais sofreu no primeiro momento. Passado o susto inicial, fomos buscar um caminho, vendo especialmente o que estava sendo feito lá fora. Começamos a desenvolver o protocolo. Esse foi um grande diferencial do nosso setor, que está muito desenvolvido nesse sentido, munido de todos os cuidados e informações. Não tivemos graves problemas até agora", acrescentou Mário Peixoto.

Rafa Fortes, Ricardo Pacheco e Mário Peixoto no Whext 2020.

O Dr. Ricado Pacheco, da OnCare Saúde, definiu que o grande objetivo do trabalho era blindar a saúde do trabalhador: "Foi um trabalho feito muito sob medida, considerando todas as especificidades do setor, que teve suas filmagens suspensas em março. Em julho, o protocolo já foi publicado no Diário Oficial do Município de São Paulo". A OnCare foi a empresa de saúde e segurança do trabalho homologada pela APRO para colocar em prática as diretrizes protocolares. Em parceria com a entidade, foi criada uma metodologia e um processo evolutivo de trabalho para o atendimento funcional ao mercado. Entre as principais medidas adotadas, estiveram a testagem PCR contínua de todos, desinfecção do set de filmagem, uso dos EPIs protocolares respeitando as orientações dos fabricantes, respeito à quantidade de pessoas em um set de filmagem estabelecido (no máximo 20) e respeito à carga horária de 12 horas – "após esse período, as pessoas começam a cometer erros, tanto na parte de segurança do trabalho como nos cuidados com higienização e uso correto dos EPIs", disse Pacheco. Do começo da adoção do protocolo pra cá, foram feitos mais de 25 mil testes, 500 diárias de filmagem acompanhadas e mais de 70 pessoas trabalhando na aplicação das medidas protocolares.

"Aprendemos que o resultado mais eficiente segue sendo uso de EPI, distanciamento e higienização", apontou Fortes. "Vimos um esforço da base, todo mundo se cuidou. É um sucesso coletivo, mas só vai perdurar se mantiver essa coletividade", completou. Nesse sentido, Moa Carvalho declarou: "É de grande importância esse movimento que fizemos. É um dos setores produtivos do país mais organizados, que testou mais pessoas, que tem controle desses dados. Foi uma ação conjunta dos sindicados, com o protocolo registrado na Prefeitura. Isso se reflete na segurança que sentimos no set. Podemos afirmar hoje que nossos sets são seguros. E isso, como posicionamento do setor, é muito importante. A pandemia aproximou produtoras concorrentes, agências e associações. Fica a lição de que podemos produzir e gerar outras coisas legais pro nosso setor com essa aproximação". Leyla Fernandes, por sua vez, complementou: "Houve muita compreensão por parte dos anunciantes e agências especialmente na parte de negociação. Eles entenderam que ia mudar um pouco os processos, custos, organização, o timing por conta dos testes… Compreenderam também a importância de fazer o acompanhamento remoto das gravações, por exemplo. Foi uma movimentação conjunta de todo o mercado para que pudéssemos estar aqui hoje, trabalhando e prontos para trabalhar mais em 2021". Para Fortes, foi um ano de quebras de paradigmas de como se produzir e como fazer. "Filmagem remota, em casa, virtual. Descobrimos muito mais eficiência em alguns aspectos e mais pra frente poderemos falar sobre esse legado", pontuou.

Moa Carvalho e Leyla Fernandes participaram do evento de forma remota.

O que vem por aí

No entanto, mesmo com a chegada da vacina, Pacheco ressalta que não será hora de relaxar os cuidados: "Pelo contrário. Quando chegar a vacina, será preciso reforçá-los ainda mais. É importante lembrar que a faixa dos 17 aos 30 anos será a última a ser vacinada. Vamos conviver com isso no ano que vem inteiro – quanto mais vacinas chegarem, mais cuidado vamos tomar. Isso porque existe um relaxamento natural das pessoas. Mas essa conscientização que tivemos nos últimos meses tem que continuar. O protocolo faz com que o mercado continue caminhando de forma segura e eficaz". Em suma, o médico enfatizou que, mesmo com a chegada da vacina ao Brasil, as práticas definidas pelo protocolo – como testagem contínua, uso de EPIs, distanciamento e número máximo de pessoas no set, entre outras – devem seguir como regra.

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