Plataformas brasileiras prezam pela experiência do cliente e boa relação com os ISPs

Thiago Pereira, moderador; André Santini, da Watch Brasil; Aline Cavalcante, da Zapping; e Rodrigo Mattos, da TMW Telecom

O mercado de VMVPD (distribuidores virtuais de programação de vídeo multicanal) evoluiu muito nos últimos anos. Representantes da indústria estiveram reunidos nesta terça-feira, dia 3 de dezembro, no Nextv Series Brasil, em São Paulo, para discutir os atuais desafios e oportunidades. 

Aline Cavalcante é diretora comercial da Zapping, uma empresa de tecnologia focada na experiência do usuário. "Queremos que o cliente acesse de onde ele estiver e como quiser, mas como uma experiência fluida", comentou. "Nós focamos em colocar produtos relevantes na plataforma para que a gente tenha o que realmente o nosso cliente quer assistir. Nesse sentido, temos acordos com a WBD, Disney e afiliadas da Globo, por exemplo. Trabalhamos com a experiência do usuário inclusive colocando funcionalidades diferenciadas", detalhou. Entre essas funcionalidades, destacam-se opções para o consumo de esportes, como a possibilidade de ver as estatísticas dos grandes jogos diretamente na televisão. E em paralelo, a Zapping já atua com sete tecnologias para entregar jogos simultâneos em uma mesma tela. "A fluidez da plataforma é nossa prioridade", reforçou a executiva. 

O esporte é um conteúdo relevante para a empresa, que possui os canais próprios "Zapping Esportes", que podem aumentar conforme a quantidade de modalidades. "Valorizamos o aprofundamento no esporte, com programas específicos. E abrir mais canais dependendo das modalidades vai ao encontro desse projeto que temos em andamento de exibir duas telas simultâneas. Poderemos colocar jogos ao mesmo tempo. E isso vale para outras áreas também, e não só esportes", adiantou a diretora. E pensando em esporte, é inevitável não falar em latência: "Temos a ambição de chegar no milissegundo, fazer com que fique imperceptível a diferença entre o linear e a Zapping. Para isso, investimos pesado em equipamento e CDN. O delay é uma grande preocupação nossa. Temos uma equipe própria dedicada a monitorar isso". 

A partir dessa visão que traz o usuário no centro, a Zapping desenvolve experiências de consumo exclusivas para as crianças e outras pensadas para um público mais velho. "Trabalhamos para atrair também quem estava acostumado com a TV por assinatura tradicional. Temos um projeto chamado 'Simples' que tem esse objetivo", comentou. Para Cavalcante, a TV ainda tem um papel muito forte, e o usuário prefere ver tudo num mesmo lugar – daí a importância desse papel de agregador. 

Evoluir sem perder o foco

A Watch Brasil é uma empresa já consolidada no mercado. Para André Santini, VP de Mercado e Comunicação, é importante, nesse processo de evolução, ter cuidado com o core – que, no caso da Watch, é o mercado B2B2C. "Temos um mercado endereçado de mais de 15 mil ISPs no Brasil e estamos com 10% disso. Temos muito para crescer. Nesses 1500 com os quais trabalhamos, estamos falando de classificações e tamanhos diferentes, mas quase 1200 são pequenos e médios, de menos de 15 mil assinantes. Pensamos diariamente em como atendê-los. É tentador, numa discussão, falar sobre explorar outros setores. Mas temos que ter cuidado. Não podemos deixar que a sede de tecnologia fale mais alto", pontuou. Foi pensando em manter as coisas em gavetas distintas que a empresa abriu a Watch Labs, divisão de tecnologia da Watch Brasil, que ela define como um spin-off da operação principal. A iniciativa, que surgiu a partir da demanda do mercado pela tecnologia desenvolvida pela empresa, oferece soluções de streaming para diversos setores, como clubes de futebol, hospitality e redes de varejo. 

A plataforma da Watch, hoje, é própria. "Não dependemos de escritórios ou empresas desenvolvedoras, e prezamos por isso. Começamos a entender essas demandas de outros business, que não os ISPs, que também têm conteúdos. O conteúdo é relevante para diversos outros negócios. Estamos explorando outros mercados, sim, mas com cuidado, e sem perder nosso core", reforçou. 

Ele também falou sobre outros investimentos recentes da Watch, como os canais FAST. "Lançaremos por uma questão extremamente estratégica em alguns sentidos. Já temos oito canais para começar e estamos em fase final de contratação. Entendemos o FAST principalmente nessa ótica de ISPs. Tenho que pensar no meu cliente 'raiz', e o FAST é a maneira que encontramos de convidar esse cara para jogar com a gente um jogo mais amplo. Para o cliente, não interessa de onde vem, e sim a experiência. Ele tem que transitar numa experiência de tecnologia onde não faça diferença se aquilo é ao vivo ou não. O ao vivo tem que ser fluido – imagem, sonorização, sem delay. Queremos o cliente transitando entre o mundo linear e o ao vivo com a mesma experiência. E precisamos convidar mais gente para o baile. O FAST vem para agregar. Na segunda quinzena de janeiro já entramos com esses canais", adiantou. 

O modelo FAST da Watch é diferenciado e terá o ISP como sócio nas receitas. "No final do primeiro quarter faremos um encontro de contas. Isso porque é ele que traz a base. Queremos que o ISP seja indutor de audiência e ganhe dinheiro com a gente. Vai ser bastante disruptivo. E ele ainda terá um percentual desse espaço midiático para negociar", detalhou. 

Pirataria e tecnologia são desafios

Do lado da TMW Telecom, a experiência é o que fideliza o cliente, segundo Rodrigo Mattos, fundador e CEO. A empresa trabalha comercializando pacotes de internet, canais e conteúdos. Já tentou anteriormente vender a plataforma de forma avulsa, mas o cancelamento foi muito alto. "Quando vendo os dois, fidelizo com certeza. E, como estamos falando de tecnologia, a experiência é o que manda. Para o ISP, funciona bem o OTT. É ferramenta de fidelização, não temos dúvidas", afirmou. Justamente por pensar nessa oferta ao cliente, Mattos se diz frustrado pela notícia de que a Disney encerrará as operações de TV por assinatura, deixando no ar apenas os canais de esporte. "Tínhamos conseguido o contrato com eles há pouco tempo. Isso dá uma frustrada no empresário. A gente quer que o mercado cresça, e para isso temos que crescer os canais. Entendo a questão de mercado, mas ficamos frustrados". 

O executivo ainda comentou uma questão que é sensível a toda indústria, do pequeno ao grande: a pirataria. "O trabalho da Anatel tem sido incrível. Sempre falei sobre a necessidade desse bloqueio na ponta, e tem sido muito efeitos. Cada vez que acontece um bloqueio, surge um monte de cliente novo. Descobrimos que tem pirata cobrando mais caro que a gente. Precisamos mudar esse cenário. Tem tantas plataformas boas no Brasil, feitas por brasileiros, pagando imposto aqui, empregando mão de obra local e impulsionando o desenvolvimento do país. Nossa tecnologia é muito boa", destacou. 

Falando em tecnologia, Mattos pontuou como um grande desafio a adaptação das diferentes plataformas para o ambiente da operadora. "O box infelizmente para nós é dor de cabeça. O futuro é na Smart TV, pela facilidade e comodidade de ativar o cliente. É só pedir para baixar o app. Tem essa questão de precisar desenvolver plataforma por plataforma, uma não conversa com a outra. Mas faz parte do game. E tem sido interessante. No último ano especialmente, os hardwares evoluíram muito. E, assim, a experiência do usuário também melhorou bastante". 

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui