Mais uma rodada no campeonato pela escolha do padrão de TV digital para o Brasil. Esta semana, a bola está com os europeus do DVB, que voltaram a Brasília para apresentar seus argumentos ao governo brasileiro. Desta vez, o foco foi colocado na plataforma para sistemas interativos que o consórcio desenvolveu, a MHP (Multimedia Home Platform). Os representantes fizeram uma sessão de demonstrações do sistema à imprensa utilizando set-top boxes da Phillips e da Nokia. Posteriormente, foi realizada uma outra sessão para representantes do governo brasileiro. Nas pequenas palestras aos jornalistas, o DVB apresenta o mesmo argumento do ATSC: a possibilidade que o País terá de produzir equipamentos do seu padrão e exportá-los a outros países que utilizam o mesmo sistema, além de afirmar que os equipamentos produzidos com a tecnologia européia estão cada vez mais baratos. Os europeus também defenderam uma decisão rápida por parte do governo brasileiro. Na tarde desta quinta, 6, os diretores do DVB, Peter MacAvoc e John Bigeni, também se encontraram com o ministro Juarez Quadros.
Contrapartidas
Sobre as possíveis contrapartidas econômicas a serem oferecidas pelo grupo de países europeus em troca da escolha do DVB, o representante da comunidade européia, o português Paulo Lopes, salientou as dificuldades que o Brasil terá para conseguir algum tipo de off set para a decisão do padrão de TV digital. Segundo Lopes, a dificuldade para a concretização das contrapartidas é que o padrão DVB não pertence a países e nem a grupo de países, mas a um consórcio de empresas, a maioria delas européia. Nenhum dos membros da delegação do DVB quis adiantar qualquer posição sobre o assunto, alegando que preferem aguardar a definição do governo brasileiro. O secretário executivo do Ministério da Indústria e Comércio, Benjamin Sicsú, presente à apresentação, não vê grandes problemas em negociar com empresas. Ele lembrou que no setor militar do governo brasileiro o off set está, inclusive, regulamentado. "Há uma tradição de exigir esse tipo de contrapartida nas compras realizadas na área militar", lembrou Sicsú. Para ele, uma decisão que contemplasse algum tipo de produto fora da área de tecnologia (na agricultura, por exemplo) seria muito complicada porque os negociadores não seriam os mesmos, e talvez nem entendessem o alcance de algumas das contrapartidas. "De qualquer forma, a decisão não poderá ser tomada apenas por uma parte do governo, mas por um conjunto de pessoas devidamente coordenadas pelo Ministério das Comunicações. Uma fábrica de semicondutores seria uma ótima contrapartida. Mas se me perguntarem, eu tenho uma lista completa de pedidos", brincou Sicsú.