Com boa audiência, programadoras se preocupam com alta de custos

Questões de mercado, audiência, custos de programação e empacotamento deram o tom ao debate que reuniu dirigentes do setor de programação da Globosat, Band, Discovery e da maior operadora do País, a Net. No painel "Programando o Futuro", nesta quarta-feira, 5, na ABTA 2015, os players atestaram a inevitável estagnação do crescimento de base, mas celebraram o fato de nunca a audiência do conjunto dos canais da TV por assinatura ter sido tão boa. Os desafios que permanecem dizem respeito a custos crescentes de conteúdo, que seguem uma preocupação.

Alberto Pecegueiro, diretor geral da Globosat, manifestou especial preocupação com a inflação dos direitos esportivos. Apontando o lado do distribuidor, Rodrigo Marques, diretor executivo de gestão e inovação da Net, assinalou que o cliente final não se mostra disposto a pagar mais.

A fala do executivo da Globosat remete à entrada do canal esportivo EI Max no cardápio de canais da Turner – o canal conta com os direitos da desejada Champions League, por exemplo. Ele também se referiu à recente investida do Grupo Discovery na Europa na aquisição do canal Eurosports. "Há loucos à solta", afirmou Alberto Pecegueiro, dizendo que "a Turner entende que para o seu futuro estratégico precisa ter seu canal de esportes. A Discovery já o fez na Europa e a Turner quer fazer o mesmo na América Latina, começando pelo Brasil". Para ele, o limite é a capacidade de os programadores financiarem a entrada no mercado esportivo. Segundo o executivo, no mercado de ficção a lei das cotas nacionais também ajudou a subir os custos.

Sobre as altas de custos de programação, Marques, da Net, diz que é preciso levar o cliente ao centro da discussão: "O distribuidor não tem como pagar a conta se os custos estão subindo. O distribuidor tem de investir muito pra fazer o mercado crescer". Ele lembra que o preço que o consumidor está disposto a pagar está caindo. Neste contexto, com cada novo campeonato com custo mais alto, o mercado não vai crescer, não haverá capacidade para continuar investindo sem retorno. "É uma matemática simples", resumiu.

Para Fernando Medín, vice-presidente executivo e diretor-geral da Discovery no Brasil, a aposta do grupo feita na Europa se deu em virtude de uma oportunidade baseada nos elementos de cada país da região. "Na América Latina, a posição é outra, e por enquanto vamos continuar trabalhando com o tipo de conteúdo que temos". Ele assinala que a operação local da Discovery é muito grande, os canais já passaram a ter produção de on air aqui. "Estamos no País mais de 20 anos e seguimos fortes, independentemente dos resultados econômicos do momento", disse. Os canais também observaram um crescimento nos gêneros de programas que no passado nem eram recebidos como entretenimento em si. "Documentário não para de crescer", afirmou.

Diego Guebel, diretor que responde pela programação dos canais do Grupo Bandeirantes na TV aberta e TV por assinatura, acha que a Lei do SeAC foi dinamizadora para o mercado e fez um grande bem para a indústria, no sentido de tornar possível também uma maior localização do conteúdo. "TV aberta e TV por assinatura vão continuar a coexistir", diz. Além disso, ele assinala que há o fenômeno do long-tail no cabo. Para ele, o mercado local não deve e espelhar no modelo da indústria norte-americana. Diante dos custos crescentes, ele avisa: "A conta não fecha(…). As renegociações já começaram".

Audiência

"TV paga ou aberta é uma questão de hábito", afirmou Alberto Pecegueiro, para quem a audiência continuará numa crescente. "Em função do crescimento acelerado dos últimos anos, uma porção significativa da população brasileira passou a estar exposto ao leque de opções. Essa massa entrante não consegue absorver as opções de conteúdo da noite pro dia, apesar do ritmo de crescimento, vamos ver a audiência continuar crescendo, porque o hábito demora pra mudar."

Mesmo com toda a oferta de novas tecnologias na operadora – VOD, TV everywhere etc, na Net não existe queda audiência dos canais no modelo de exibição linear, assegurou Rodrigo Marques.

Empacotamento

Na questão de empacotamento dos canais, os programadores foram unânimes em achar que não há o que mudar, a não ser o combate ao roubo de sinais. Para o único operador da mesa, a quantidade de canais dos pacotes não é o que estimula pirataria. "O cliente que paga R$ 50 para ter um pacote pirata que custaria R$ 250 não vai voltar para a indústria de TV por assinatura. Sempre vai existir, temos de nos esforçar para dificultar o máximo", analisou Rodrigo Marques, da Net.

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