Empresas querem que governo mantenha portas abertas para parcerias na oferta de serviços satelitais

A recente oficialização do projeto de lançamento de um satélite geoestacionário brasileiro (SGB) sob o comando dos órgãos de defesa e da Telebrás provocou no setor de satélites um misto de apreensão e um sentimento de oportunidade.

Não é de hoje que o mercado de satélites está aquecido no Brasil, com forte demanda por capacidade, sobretudo em função dos serviços de vídeo (distribuição de TV digital e DTH). Mas a sinalização do governo de que o SGB atenderá ao Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) aguçou nas empresas a oportunidade por esse mercado. Foi isso que se viu no Congresso Latinoamericano de Satélites, organizado pela Converge Comunicações esta semana no Rio de Janeiro,  com apoio da Revista TELETIME.

O setor satelital diz estar pronto a contribuir e quer que o governo adote um modelo de parceria, estimulando a oferta da capacidade por parte de empresas privadas. Para Otávio Prates, presidente do Sindisat (sindicato das empresas de satélite), o projeto do governo de ter um satélite geoestacionário só mostra a relevância do setor e a importância da tecnologia. Mas é importante lembrar que o Brasil é um dos mercados mais abertos de satélite no mundo, com empresas privadas nacionais e estrangeiras, e que nunca deixou de atender às necessidades brasileiras". Segundo ele, preocupações com segurança e salvaguardas são importantes, mas existem formas de garantir isso em parceria com a iniciativa privada, como fazem EUA e Reino Unido."

Para Manoel Almeida, presidente da Abrasat (associação das empresas), as demandas do mercado sempre foram atendidas. "Acho que esse projeto deveria ser uma parceria de apoio do governo para subsidiar inicialmente terminais, com redução de impostos, sobretudo de ICMS. Depois de dado o impulso, o mercado se viabiliza, precisa só dessa ajuda inicial."

Para Mauro Wajnberg, da SSPI (sociedade internacional de profissionais de satélites), o momento vivido pela indústria de satélites é único. "Que que mais me chamou a atenção na última licitação promovida pela Anatel para posições orbitais não foi o valor pago pelas posições, mas a quantidade de empresas que estavam interessadas. Havia sete empresas prontas para entrar na disputa, muitas delas pela primeira vez". Segundo ele, o mercado de satélites deve crescer cerca de 3% ao ano até 2020 no mundo, "mas no Brasil esse crescimento será muito maior".

Para Russel Ribeiro, vice-presidente comercial da Gilat para a América Latina, a iniciativa estatal no segmento de satélites tem problemas. "No Brasil, a gente tenta reinventar a roda, mas não devia. O Brasil e a América Latina têm feito um grande esforço para suprir o gap digital. Só em Gesac há 27 mil pontos só com Gilat. Mas há 30 milhões de pessoas que não têm nem como ter acesso à Internet. A conta para essas pessoas não fecha sem reduzir imposto e dar subsídios. A questão hoje é a pressa: vamos esperar três anos, até o satélite brasileiro estar pronto, para atender a estas pessoas?", questiona o executivo. "O governo compra bem e poderia usar essa capacidade para alavancar a indústria", concluiu.

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