Rio Cinema Digital tem curta premiado e aposta em novos projetos de ficção 

O diretor Gabriel Mellin (Foto: Divulgação)

A Rio Cinema Digital celebra os ganhos de 2022 e se prepara para investir em novos projetos em 2023. No ano que passou, a produtora se destacou no cinema e na TV e fez parcerias com grandes marcas e agências de publicidade, produzindo projetos nacionais e internacionais. Dos trabalhos do ano, destacam-se o curta premiado "A Menina e o Mar"; a série musical "Encontros Orquestrados", lançada pelo Canal Bis e Globoplay; o longa documental "MIR4", coproduzido com Taiwan; além das publicidades "Natal Sem Fome", "Coliga.Digital" e "Brasileirão 2022", exibidas na TV aberta, fechada e no digital. A RCD ainda produziu branded contents, como o "Coca-Cola Prospera" e "Globo Diversidade", e seguiu fazendo seus trabalhos de pós-produção, um dos braços mais fortes da produtora. 

O curta "A Menina e o Mar", produzido pela Rio Cinema Digital e dirigido por Gabriel Mellin, tem conquistado prêmios nacionais e internacionais. Ele já passou por festivais em 12 países – entre eles, Brasil, Estados Unidos, França, Itália e Inglaterra, com destaque para a recente nomeação de Melhor Direção no festival Cannes Shorts. O curta ainda levou prêmios de Melhor Curta e Melhor Direção no Poombukar Independent Film Festival e de melhor curta no Indie Festival, na Ucrânia. No Brasil, fez sua estreia na 26ª Mostra de Tiradentes, um dos principais eventos de cinema do país. Inspirado no livro infantil "O Menino e o Mar", de Lulu Lima, o filme conta a história do encontro de duas crianças, um menino e uma menina, que possuem formas completamente diferentes de enxergar o mundo. Ele, com medo do que as águas do mar podem trazer; e ela, que encontra poesia em cada grão de areia, aprendem juntos que, para apreciar a vida, basta se entregar aos sentidos. O curta traz temas importantes do mundo atual de uma forma leve, como a diversidade, acessibilidade, o uso excessivo da tecnologia, o contato com a natureza e o uso da imaginação.

"Eu tenho uma filha de seis anos e descobri o livro durante um passeio com ela. Na hora já imaginei que daria um curta lindo. É uma história sensorial e imagética, além de muito bonita. Então entrei em contato com a autora pelas redes sociais e ela adorou a ideia de adaptar. Fiquei um tempo escrevendo e, quando achamos que estava pronto, começamos a entrar nos editais. Como não fomos selecionados, decidi rodar do meu bolso mesmo. Estava empolgado com o projeto", relembrou o diretor Gabriel Mellin em entrevista para TELA VIVA. Na sequência, ele contou que deu início à busca pelo elenco, e encontrou duas crianças que ainda não atuavam profissionalmente, mas que tinham uma "energia boa e nenhum vício de atuação". 

Cena do curta "A Menina e o Mar"

O curta foi rodado em 2021, em meados de agosto, num processo que "foi uma batalha, mas fluiu bem", segundo o diretor. Após a edição e finalização, a equipe começou a inscrever o curta nos festivais. Entre eles, um dos mais bem-sucedidos foi o Cannes Short, de onde Mellin saiu premiado entre os cinco melhores diretores, além de Tiradentes, que marcou a estreia do filme no Brasil. "A experiência em Tiradentes foi ótima, a recepção lá foi muito boa. O curta fala sobre tecnologia usada da forma errada e muita gente do público veio falar comigo a respeito", disse. A ideia agora é continuar seguindo a trajetória de festivais – antes de disponibiliza-lo em uma plataforma de streaming, por exemplo. "Sabemos que a janela para os curtas não é forte, apesar de que estamos vendo que os streamings estão abrindo espaços. Mas até seguindo conselhos de pessoas do mercado, vamos continuar circulando em festivais para, depois, ir com mais força para o streaming. O circuito dos festivais muda o contexto, é um 'selo' de que aquele filme passou por algum crivo. Ajuda a negociar com as plataformas e a conquistar o público também", observa o diretor. 

Série de comédia é destaque

A produtora agora aposta suas fichas em "American Girl From Ipanema", série de comédia também dirigida por Mellin. Anteriormente, o diretor já tentou vender o projeto para algumas plataformas, mas decidiu gravar um piloto e, assim, apresentar a obra já de forma mais robusta. "Nos Estados Unidos, qualquer projeto de série de ficção é apresentado já com o piloto. No Brasil é mais difícil porque a produção é mais cara e os recursos são mais escassos. Mas aproveitei a estrutura da produtora para rodar", explicou. A história gira em torno de uma garota norte-americana que vem para o Brasil fechar a loja de sua avó, que ela não conheceu muito bem, e quando chega aqui é impactada pela cultura e pelo estilo de vida dos brasileiros. É uma garota do interior dos Estados Unidos, que chega aqui noiva e acaba conhecendo um novo potencial interesse amoroso. "Tem alguma semelhança com 'Emily in Paris', nesse sentido de apresentar nossa cultura a partir do olhar de um estrangeiro. E tem o viés da comédia", detalhou Mellin. 

Episódio piloto de "American Girl From Ipanema"

A protagonista é Sophia Blair, influenciadora digital com mais de três milhões de seguidores. "Não queria uma brasileira interpretando uma americana que tenta falar português. Foi a Luisa, nossa coordenadora de produção, que encontrou a Sophia por meio do YouTube. Ela é americana mesmo e apaixonada pelo Brasil – inclusive, ganhou fama nas redes sociais ao fazer vídeos sobre o que ela acha dos brasileiros. Ironicamente, ela também é de Ohio, como a personagem principal da série. E não é atriz, mas quando falei com ela descobri que esse era seu sonho. Ela veio pra cá gravar o piloto. Além de atuar muito bem, também trouxe muitas particularidades do que é esse olhar do americano sobre a nossa cultura", ressaltou o diretor. O elenco conta ainda com Victor Meyniel, Gigante Léo, Stella Miranda, Iohanna Carvalho e Ricky Tavares. "Terminamos o piloto e estamos montando. A ideia é voltar nos players. Acho que, agora, temos mais força. É uma série com uma pegada mais jovem, mas que vai agradar públicos diferentes. São oito episódios, de 30 minutos cada, em média", revelou. 

A produtora está aberta a possibilidades de coprodução para esse projeto: "Com a nossa experiência, aprendemos que é melhor somar para conseguir emplacar. A nossa ideia é levar o projeto diretamente para as plataformas de streaming mas também para outras produtoras. Apesar de termos 13 anos de história, sempre fomos mais fortes nos programas de TV e publicidade. Do ponto de vista dos projetos de ficção, ainda somos uma produtora pequena. Então acho que coprodução pode ser um bom caminho, sim". 

Expectativas para 2023 

"Somos uma máquina de desenvolver projetos. Tenho muitos – de longa, série, documental. Mas buscamos um equilíbrio. Estamos nos organizando para entrar com mais força nos projetos de ficção mas, financeiramente falando, não podemos nos dedicar exclusivamente a eles, por isso seguimos fortes na publicidade", pontuou Mellin. 

As principais expectativas para este ano giram em torno de três projetos principais: a série de comédia "American Girl From Ipanema"; a segunda temporada de "Encontros Orquestrados", que está em fase de pesquisa; e "Babá Eletrônica", um thriller psicológico, em formato de longa-metragem. "Este é o projeto que mais tem chamado atenção dos players, porque dá para fazer com qualidade e baixo orçamento. Estamos em fase de negociação", adiantou. 

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