Ao longo do mês de janeiro foi rodada a série documental “Gente do Xingu”, de Takumã Kuikuro, cineasta de renome internacional e membro do povo Kuikuro que cresceu na aldeia Ipatse, localizada no Alto Xingu. A série acompanha personagens xinguanos em suas atividades cotidianas, utilizando elementos do cinema direto para retratar a vida no Território Indígena do Xingu, uma área de 2,8 milhões de hectares que une Cerrado e Amazônia. As filmagens chegaram ao fim na última semana.
O projeto é uma produção da Lamiré Cinema e Vídeo, em coproducão com Coletivo Kuikuro de Cinema, Xingu Filmes e Olho-Pião Filmes e tem equipe majoritariamente formada por profissionais indígenas. A produção vai documentar a riqueza cultural dessas comunidades e as complexidades enfrentadas no dia a dia. Questões como o manejo sustentável da terra, o acesso à educação em aldeias, a preservação da biodiversidade e o diálogo entre práticas médicas tradicionais e ocidentais são algumas das abordagens previstas para os nove episódios. A série também vai falar sobre educação, saúde, agricultura, direitos indígenas, música e tradições culturais, explorando as conexões entre saberes ancestrais e desafios contemporâneos.
“O mês de janeiro foi muito intenso e muito importante pra nós. Junto com a comunidade Kuikuro, no território indígena do Xingu TIX, finalizamos as gravações da série ‘Gente do Xingu’. É um momento muito especial: nós gravamos a primeira série dirigida por indígenas contando sobre nosso povo. Isso nos possibilitou virar protagonistas de nossas próprias histórias. Queremos que a série alcance o grande público, dentro e fora do Brasil. Queremos mostrar a nossa cultura e a nossa luta através do audiovisual”, comenta o diretor Takumã Kuikuro com exclusividade para TELA VIVA.
“Após quase dois meses, finalizamos as filmagens da série ‘Gente do Xingu’, que já se faz histórica. Idealizada e executada pelo Coletivo Kuikuro de Cinema, um coletivo de cineastas indígenas do alto Xingu, liderados pelo diretor Takumã Kuikuro, a produção foi marcada por uma execução que busca um modo de fazer cinema muito pautado no coletivo, em conversa com práticas ancestrais do povo Kuikuro”, complementa o produtor Vitor Campanário. “Apesar dos desafios logísticos por conta das chuvas, longos deslocamentos de barco e carros 4×4, a produção ocorreu dentro do planejado. Falada quase inteiramente em línguas originárias como o Kuikuro e Yawalapiti, demonstrando a diversidade cultural dentro do território, a série entra agora em sua fase de pós-produção e busca canais e plataformas parceiros para sua exibição”, adianta.
Com previsão de estreia para 2025, mas ainda sem janela de exibição confirmada, conforme pontuou o produtor, “Gente do Xingu” tem Daniel Massa como roteirista e Vitor Campanario é o produtor. A obra foi financiada com recursos da Lei Paulo Gustavo do Ministério da Cultura e Governo Federal, através do Governo de Mato Grosso/ SECEL-MT.
