Sitcom nacional "Matches", da Migdal Filmes, aborda as novas formas de se relacionar no século XXI

No primeiro semestre deste ano, a Migdal Filmes produziu a série "Matches" para a Warner, uma produção que contou com quatro semanas de gravação consecutivas, em uma casa no Rio de Janeiro. A comédia aborda as novas formas de relacionar no século XXI, explorando, ao longo de dez episódios de 26 minutos de duração cada, as experiências vividas por quatro amigos no aplicativo de paquera "Matches". O grupo é formado pelo certinho Ricardo (João Baldasserini), o malandro Escovão (Renato Livera), a romântica Lara (Juliana Silveira) e a "mente aberta" Mila (Evelyn Castro). Em comum, todos têm esse desejo de encontrar um parceiro. A partir daí, a trama passeia por outras temáticas, como desejo, novos moldes de relacionamento e amor x política.

A história começa quando Ricardo, recém-separado, hospeda seu amigo Escovão em seu apartamento e ele se torna o maior incentivador de sua vida de solteiro. No mesmo corredor do prédio está a casa de Lara, que no momento tenta superar o divórcio com o pai de seu filho e é orientada pela sua amiga solteira, Mila. Na tentativa de lidar com as novidades trazidas pelo mundo digital, eles se aventuram no aplicativo Matches, que une desconhecidos mas, involuntariamente, acaba gerando de encontros fracassados, situações constrangedoras e boas histórias para contar.

"Eu fui casado por dez anos, separei e aí um amigo me falou que, hoje em dia, para sair com alguém, tem que usar aplicativos. Essa história me deu uma angústia e, com a Carolina (Castro, criadora da série), discutimos a ideia e chegamos a conclusão que ela funcionaria como série.", contou, em entrevista exclusiva para TELA VIVA, Marcelo Andrade, que assina a criação ao lado de Carolina Castro. "Tínhamos muita vontade de falar sobre relacionamentos, especialmente dessa mudança que ocorreu nos últimos anos. Essa transição de tudo do analógico para o digital chegou nesse campo também. Hoje está tudo no celular, o que pode ser bom ou ruim. Na série, escolhemos falar da parte ruim, mas com um viés cômico.", completou Carolina, que enfatizou que o diferencial da produção não é abordar esses aplicativos com essa geração mais jovem, que já está acostumada aos relacionamentos que se desenvolvem nesse contexto, e sim com pessoas que estão vivendo essa migração, tentando se adaptar ao novo cenário.

A criadora revelou ainda que, como inspiração, apostou nos clássicos dos anos 90, como "Friends", além de sitcoms mais recentes, como "How I Met Your Mother". "São séries leves, que funcionam tanto para maratonar quanto para assistir semanalmente.", pontua. Sobre o caráter regional da produção, Marcelo discorre: "O humor em geral tem uma coisa regionalizada. Mas fazemos piadas com coisas que conhecemos aqui e que têm um alcance universal pelo assunto que abordam, que é presente em quase todo o mundo. A própria natureza do tema relacionamento é global.".

A direção da comédia é assinada pela dupla Calvito Leal e Eduardo Vaisman, que atua em conjunto há quase quatro anos. "Encontramos um elenco muito disponível para arriscar, e comédia precisa disso, tem que ir um pouco além. Queríamos que eles saíssem do registro realista para dar um passo a mais, e os atores compraram essa ideia. Desenvolvemos uma linguagem de câmera bem particular, que é mais solta e dinâmica.", analisa Vaisman. "Temos um roteiro bom e estruturado, além de atores bem humorados e com boas sacadas. Então o resultado é divertido.", completa Leal. Para o diretor, o gênero da comédia está acompanhando uma mudança mais ampla do audiovisual. "Estamos sendo expostos a conteúdos internacionais como nunca fomos. Hoje, temos acesso a produções de todo o mundo. E a comédia vai acompanhar isso, uma certa internacionalização do que é engraçado. No bom sentido.", aposta. "Além disso, estamos saindo dos moldes de fazer graça dos estereótipos para rir do cotidiano, uma coisa que não é ofensiva. O gênero no Brasil deve evoluir para isso.", acredita.

Para Iafa Britz, produtora de "Matches", um dos pontos fortes da produção é a presença dos redatores no set de filmagem: "É algo que nos ajuda no sentido de ter o melhor resultado final possível. Mas é óbvio que isso só funciona dentro de uma equipe muito integrada e harmônica, justamente para ser um processo construtivo, e não de debates infinitos.". Ainda segundo Iafa, um dos maiores desafios está na competição com conteúdos do mundo inteiro: "Mas acho que, quanto mais fizermos coisas, mais criamos reconhecimento e identificação com o público. Queremos chegar em um momento no qual somos simplesmente parte deste conjunto de grandes séries. Porém, temos de nos adaptar à nossa realidade de tempos de gravação e orçamentos, que são muito diferentes. De qualquer forma, acredito que séries vitoriosas internacionais, das quais somos fãs, servem muito para nos estimular a buscar a excelência deles, ainda que sendo nosso mercado muito mais jovem e ainda em formação.".

A expectativa para a estreia por parte da produtora é positiva. "O público da TV por Assinatura e do streaming é mais aberto, mais receptivo a novas caras, novos idiomas. É também mais rápido, veloz, espera uma temporada nova logo depois que acaba a anterior. O que é bom porque cria uma fidelidade com o conteúdo de forma mais rápida.", aponta. "Essa reinvenção de formatos e janelas acabou mexendo no gênero também. Hoje, a comédia não é mais tão local. Ela tem potencial de viajar e se multiplicar.", completa.

"Matches" tem previsão de estreia para o primeiro semestre de 2020.

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