Primeiro festival de cinema online, My French Film Festival chega à décima edição

A primeira edição do Reach – Audiência, Conteúdo & Tecnologia, que é parte da programação do 9º BrLab e é apresentado também pelo Projeto Paradiso, teve início em São Paulo nesta segunda, 7 de outubro, e trouxe grandes nomes do mercado internacional para debater as questões citadas no título do evento. Entre eles, Quentin Delear, head of digital distribution e co-manager do My French Film Festival, mostra de cinema francesa que acontece exclusivamente no ambiente digital.

"O festival surgiu dentro da UniFrance a partir da ideia de fazer com que mais filmes franceses fossem lançados fora do país e também de uma estratégia de rejuvenescer a imagem do cinema francês tmbém. A principal ferramenta para ambos os objetivos foi o lançamento do My French Film Festival, criado há dez anos. Nossa vontade era ainda entender melhor a audiência dos nossos filmes. O longa 'Os Intocáveis' (Olivier Nakache e Éric Toledano, 2012), por exemplo: sabemos que ele fez 20 milhões de pagantes na França e 32 milhões fora dela, mas não temos ideia de seu alcance via plataformas de VoD. Com o festival online, temos controle sobre isso.", apresentou Deleau. "Com o My French Festival, levamos filmes a audiências que não teriam acesso a eles. É um festival de verdade, com júri e premiações.", completa.

O Festival é normalmente realizado entre os meses de janeiro e fevereiro, ficando um mês inteiro "em cartaz". São dez filmes, entre longas e curtas, em competição, além de outros não-competitivos. Eles são disponibilizados com legendas em 11 idiomas diferentes, para alcançar uma audiência bastante ampla, e podem ser acessados não somente pela plataforma oficial do My French Festival, mas também via plataformas parceiras. "Estamos disponíveis no mundo inteiro por meio de mais de 20 plataformas. Temos parcerias globais, como Facebook, YouTube, DailyMotion, Mubi, iTunes, Google Play e Amazon, e outras locais. A meta é seguir multiplicando os pontos de acesso.", explica o diretor.

Em relação aos curtas-metragens, trata-se de um conteúdo gratuito no mundo todo – "nesse caso, pagamos uma taxa fixa para os produtores.", conta Deleau. Já os longas variam de país para país. "Em alguns, é necessário pagar – são aqueles onde acreditamos que já exista uma audiência madura o suficiente para isso. Nos Estados Unidos é assim. Nesse caso, realizadores são remunerados por número de visualizações. Depende dessa receita. Em outros, o material é gratuito, como acontece com os curtas mundialmente. Mesclamos modelos de negócio. Na Rússia, os longas podem ser assistidos gratuitamente, mas com anúncios em algumas plataformas, ou de maneira paga, no iTunes, com melhor qualidade, mais opções de legenda e sem nenhum tipo de publicidade envolvida. Pela nossa experiência, isso funciona. As pessoas estão acostumadas a pagar para assistir sem interrupção e com alta qualidade, muita gente prefere. Nossa audiência no modelo transacional não para de crescer. Foram dez milhões de visualizações nesse formato no ano passado, sendo um terço delas vindas de países da América do Norte. Na França, marcamos um milhão de visualizações.", garante o executivo.

O número de views é crescente: o festival começou com 37 mil em 2011 e, recentemente, registrou 10 milhões em 2019. "Nosso objetivo é buscar a audiência por meio da inovação. Fazemos isso a partir de quatro pontos distintos: oferta, acessibilidade, comunidade e dados.", resume Deleau. Em relação à oferta, ele se refere a seleção de filmes em si, que passa por variados gêneros, como comédia, drama e terror; à quantidade – mais de 200 filmes exibidos em dezenas de plataforma ao longo dos anos de realização do festival; ao frescor, uma vez que os filmes são sempre novas produções, de cineastas novos no mercado; e à inovação, pois os conteúdos passam por VR e clipes interativos, por exemplo.

Com acessibilidade, o diretor se refere ao fato dos conteúdos serem disponibilizados em 11 línguas diferentes, inclusive em português, e aos diferentes modelos de consumo, como TVoD e SVoD. A questão da comunidade está ligada à vontade que o festival tem de criar online um verdadeiro grupo de fãs do cinema francês. Hoje, eles somam pouco menos de 400 mil fãs no Facebook, na página do festival. "Estamos tentando criar uma comunidade global bastante ampla, inclusive com participação dos países latinos, o México principalmente. Fazemos posts em diferentes idiomas, para engajar conversas específicas em cada parte do mundo.", revela o manager do evento.

Por fim, está uma das questões mais latentes para o festival: os dados de audiência. "Quanto mais plataformas parceiras temos, mais dados conseguimos obter. E eles são cada vez mais precisos, especialmente esses que vêm de fora da nossa plataforma própria. Avaliar os dados só da nossa página levaria o foco para um nicho muito específico, isto é, aqueles fãs convictos de cinema independente francês. Quando olhamos para fora, entendemos melhor onde está e quem faz parte da nossa audiência. Por meio das ferramentas de Business Manager do Facebook, analisamos quais filmes performam melhor, em qual dispositivo as pessoas acessam nosso conteúdo, qual a principal faixa etária e qual o gênero da maioria do público.", exemplifica Quentin. Nas últimas três edições do festival eles constataram, entre outros dados, que a animação é um gênero que se sai muito bem em número de visualizações, apesar de não gerar muita receita. Por outro lado, os filmes de suspense acumulam pouca visualização, mas somam muitas transações. Além disso, foi identificado que, no último ano, 33% das pessoas assistiram aos filmes no computador e 61% delas fez o mesmo pelo celular.

"Nossa missão é seguir ajudando distribuidores locais e lançarem mais filmes franceses digitalmente, fazendo produções de cineastas chegarem a públicos que eles provavelmente não chegariam fisicamente.", afirma o diretor. "Atualmente, temos quatro metas: reputação, que significa continuar disponibilizando filmes de boa qualidade e conseguindo artigos de qualidade na mídia a respeito do festival; visibilidade, que é maximizar o nosso número de visualizações, passando da marca dos 20 milhões por edição; receita, porque é algo que os nossos produtores precisam ter; e negócios, fazendo parcerias com cada vez mais plataformas.", conclui.

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