Mídia busca conteúdos para mulheres e audiências negligenciadas, diz produtor de "East Los High"

Existe uma demanda altíssima por conteúdo destinado a mulheres e audiências negligenciadas por parte de canais abertos e fechados, OTT e players digitais nos Estados Unidos. A afirmação é de Maurício Mota, co-presidente e produtor executivo da Wise Entertainment, produtora da série original do Hulu "East Los High". Já negociando a sua quinta temporada, a série, que foi indicada a cinco prêmios Emmy, aborda a vida de cinco jovens que estão nos anos finais em uma escola em Los Angeles. A atração tem um elenco exclusivamente latino, equipe predominantemente latina e é filmada em East Los Angeles. Apesar da alta demanda, "o mercado está 20 anos atrasado em relação a essas audiências", diz Mota – que participa na próxima semana do Encontro Spcine, que acontece entre 16 e 18 de novembro, como parte do Expocine, em São Paulo.

Maurício Mota, da Wise Entertainment
"Uma série predominantemente Latina atrai outros públicos pois é autêntica e localizada. O que começa como curiosidade se transforma em engajamento, já que as pessoas começam a perceber que as histórias e experiências são similares", explica Maurício Mota, da Wise Entertainment.

A origem latina do elenco e do enredo não restringem a série a este perfil de público. "East Los High" chega a uma audiência formada por 60% de pessoas brancas, negras ou asiáticas. "Uma série predominantemente Latina atrai outros públicos pois é autêntica e localizada. O que começa como curiosidade se transforma em engajamento, já que as pessoas começam a perceber que as histórias e experiências são similares", explica Maurício Mota. Segundo ele, o mercado publicitário também começa a perceber valor em estar engajado com os conteúdos destinados a audiências não ou pouco representadas na audiência. "O mercado publicitário tem sido forçado a acordar para a realidade de que, nos Estados Unidos, mulheres correspondem a 52% da população e, mesmo assim, são pouco representadas. O mesmo acontece com as chamadas 'people of color' (minorias, não brancas)", explica.

De e para

Segundo o produtor, muitos cuidados são necessários ao desenvolver conteúdos que abordam perfis de audiência pouco representados. Principalmente, explica, contar com criadores, roteiristas e membros de produção que façam parte do público sobre o qual se está abordando. "Cansei de ver séries e filmes sobre latinos, negros, índios e mulheres criados e produzidos por homens brancos. E agora isso tudo está vindo à tona com pesquisas feitas por grandes centros acadêmicos (USC e Columbia) e a campanha #OscarsSoWhite mostrando que essas narrativas não foram feitas pelas pessoas que elas buscam atingir".

O segundo cuidado, explica o produtor, é fazer uma história relevante e bem contada. "Fazer uma série latina ruim não ajuda a causa", brinca.

Mercado

Os conteúdos destinados a mulheres e audiências negligenciadas seguem uma lógica tradicional de mercado, como sugere a performance mais ampla em termos de perfil de público, o engajamento dos anunciantes e o prestígio conquistado pela indicação a prêmios relevantes como o Emmy Awards. Estes conteúdos podem, portanto, viajar para outros territórios e transitar entre as janelas, como qualquer outro conteúdo. "O dinheiro é verde e a tela é transparente. Não é branca, negra, marrom, mulata ou tem sexo", diz Mota. "O futuro pertence àqueles que entenderem que existem públicos para diversos conteúdos em todo o mundo", completa.

Evento

No Encontro Spcine, Maurício Mota abordará a criação de conteúdo voltado para audiências negligenciadas, e contará mais sobre esta fatia do mercado pouco explorada mas com enorme potencial. Sua apresentação acontece no dia 17, às 16h30.

Mais informações sobre o evento podem ser obtidas na página www.expocine.com.br/encontrospcine/.

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