CEO da NBC diz que subestimou valor do broadcast

Steve Burke, CEO da NBC Universal

O CEO da NBCUniversal, Steve Burke, disse que subestimou o valor da televisão quando foi feita a fusão do grupo com a operadora de cabo Comcast, há cerca de seis anos. Em palestra na CES, em Las Vegas, Burke contou que acertou em várias projeções da época, exceto duas: o negócio de parques temáticos, que não se imaginou que se tornaria um dos maiores negócios do grupo (fatura US$ 1,3 bilhão) e a TV aberta. "Éramos pessimistas com o broadcast. Na época, avaliamos a NBC em quase zero", disse. A unidade de broadcast do grupo faturou no terceiro trimestre de 2015 quase US$ 2 bilhões (incluindo a NBC e a rede Telemundo).

"O broadcast é bom negócio", afirma. "As quatro grandes redes fazem mais dinheiro hoje do que há 20 anos. Mas as fontes mudaram, não é mais apenas publicidade. Fazem licenciamento, distribuição para VOD, outras coisas", concluiu.
Ele ressaltou a importância de se fazer investimentos em novas áreas e em promover mudanças, numa época em que vários fundamentos do negócio estão em transformação. "Não se pode só tentar preservar o status quo. Não pode ter medo de mudar. Fizemos e faremos muitos erros, mas um deles não será não investir em mudanças", disse.
Uma das mudanças, conta, foi quando decidiram reorganizar a empresa de forma a que todas as áreas atuassem em conjunto (parques, filmes, canais de TV, games etc). "Se cada um só fizer a sua parte, não dá certo. Hoje é difícil criar algo que se destaque. Então, quando fazemos conteúdos como 'Minions' ou 'The Voice', todas as partes da empresa precisam trabalhar e apoiar esse conteúdo. Antes, cada setor tinha seu departamento de publicidade. Decidimos juntar tudo, uma pessoa só concentra todas as mídias, incluindo Telemundo, Buzzfeed etc".
Ameaças
Burke diz que não se sente ameaçado pelas mudanças. "Estou nisso há muito tempo, e sempre teve alguma coisa que ia tirar todo o mundo do negócio, já foi o satélite, o DVD… Minha perspectiva é que há mais competição do que nunca, mas as pessoas também assistem mais TV do nunca, e a maioria é de conteúdo profissional, no cabo". A TV, diz, ainda é um veículo fundamental para as marcas. "Gastamos US$ 1 bilhão por ano em marketing, é impossível pensar em coisas globais sem TV, não vai lançar um grande produto de massas sem TV. O digital vai pegar verbas de muitos lugares, mas a TV vai manter o crescimento por muitos anos, as pessoas vão anunciar no futebol, no 'The Voice', Olimpíadas. O que há, sim, é uma competição maior por talentos, escritores", afirmou.
O executivo disse ainda que em suas projeções não previam a queda tão rápida nos ratings de audiência dos canais a cabo. "Estão mais fracos que há dois ou três anos, porque as alternativas ficaram melhores". Mas ele também acha que há um exagero nesta percepção por parte dos anunciantes. "Acham que o digital é uma coisa nova e melhor. Hoje nos dizem que vão reservar 30%, 40% da verba para o digital. Mas a realidade é que para atingir milhões, a TV é melhor. Acho que agora estão voltando para isso. As pessoas prestam mais atenção, têm mais envolvimento", conta. "Nós mesmos, quando anunciamos nossos filmes, se for uma produção mais de nicho, pode ser no digital. Mas um blockbuster a gente tem que anunciar no jogo de futebol", concluiu.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui