Após se debruçar sobre a independência brasileira na primeira temporada, a série documental “B de Brasil”, uma coprodução do History com a Moonshot, está de volta ao canal destacando os aspectos menos conhecidos de figuras e eventos da História nacional. Desta vez, Eduardo Bueno se inspira nos 200 anos de Constituição no Brasil para fazer uma viagem pelo século XIX e pelo segundo Império. A segunda temporada estreia na segunda-feira, dia 11 de novembro, às 23h, e os novos episódios vão ao ar semanalmente, no mesmo horário.
“Ficamos muito satisfeitos com a primeira temporada e agora, para a segunda, aprimoramos ainda mais os méritos que já tivemos. Acredito que na primeira, em alguns momentos, abrimos muitas janelas, algumas cordas não ficaram de todo amarradas. Nessa, temos plana convicção de estamos tratando muito bem de um tema que os brasileiros vergonhosamente desconhecem, que vieram logo na sequência da independência. Essa segunda temporada é um feito, uma conquista. Aliamos bem o conteúdo ao entretenimento”, disse Eduardo Bueno, apresentador e roteirista do programa, em entrevista para TELA VIVA.
Depois da proclamação da Independência, em setembro de 1822, o Brasil ingressou num período repleto de guerras, turbulências e inquietações políticas que culminou no surgimento de sua primeira Constituição. Apesar de não ter sido promulgada, mas sim outorgada pelo imperador, a Constituição de 1824 perdurou por quase 70 anos – sendo a mais duradoura da história do país. Os temas dos episódios na nova temporada se desdobram a partir daí. “Além de ser uma continuação natural dos assuntos que trouxemos na primeira temporada, ainda aproveitamos da efeméride da data – em março deste ano, celebramos os 200 anos da Constituição”, pontua Bueno. “Mas não é um tema burocrático ou tedioso, embora possa parecer. Estamos falando de turbulências e confrontos que o Brasil ainda vive, questões que o país não resolveu até hoje – como meio ambiente, liberdade de imprensa e de expressão, igualdade de direitos para as mulheres, demarcação das terras indígenas e racismo estrutural”, acrescentou.
Temas dos episódios
No início de cada episódio, uma citação é apresentada para contextualizar o tema abordado, seja proveniente do artigo da Constituição de 1824 relacionado ao assunto em questão ou de outro texto relevante, quando a Constituição é lacunosa ou pouco esclarecedora.
Assim como na primeira temporada, os episódios se dividem em cenas ficcionais, com figuras históricas interagindo com o apresentador; explicações de Bueno dadas diretamente para a câmera, em estúdio e também nos locais onde os eventos do passado aconteceram; além de entrevistas com especialistas, que explicam e desenvolvem os casos que vão sendo contados.
Outra novidade de “B de Brasil” são as cenas de “vox populi”, em que Bueno entrevista o cidadão comum na rua e tenta saber a opinião dele sobre fatos do passado, como por exemplo: “Pedro I fez bem quando dissolveu a Constituinte?”, “Como você resolveria a crise hídrica no Rio de Janeiro?”. Estas cenas são usadas ao longo dos episódios para introduzir e comentar os temas de forma divertida, além de servirem para salientar a ligação deles com a atualidade brasileira. Cada episódio é finalizado com um questionamento sobre o estado atual do tema discutido, em que os entrevistados compartilham suas perspectivas.
“Os cinco episódios da nova temporada tratam de temas que aconteceram com muita intensidade na época e que continuam vivos até hoje”, reforça o apresentador. Neste mês de novembro, vão ao ar os três primeiros: “Quem mandou matar Líbero Badaró?”, no qual Eduardo Bueno investiga o assassinato do jornalista italiano Líbero Badaró durante o primeiro reinado do Brasil, que abalou a credibilidade do imperador Pedro I e levantou questões sobre a liberdade de imprensa; “Quem secou o Rio de Janeiro?”, em que o apresentador conta como Pedro II, enfrentando uma crise hídrica provocada pelo desmatamento para monoculturas, adotou uma abordagem ambiental similar à que foi teorizada anos antes por seu antigo tutor, José Bonifácio; e “Quem foi a primeira eleitora do Brasil?”, no qual Bueno conversa com a dentista baiana Isabel de Mattos Dillon, que, no final do segundo reinado, lutou pelo direito de votar e ser votada, desafiando uma sociedade que tentava lhe negar essa oportunidade.
Dinâmica de edição
“A linguagem que usamos na série é um grande acerto. Achamos que trazer cenas dramatizadas seria legal para dar um gostinho a mais. Além disso, temos os depoimentos de figuras emblemáticas da história e a animação. Vamos completando as histórias dessa forma. Fica visualmente interessante e muito dinâmico. A narrativa tem um ritmo rápido. Tudo isso é atrativo. A história não para – a câmera corta e vamos mudando de cenário”, detalhou o diretor Andre Barmak.
Bueno complementou: “A edição é dinâmica. É picotada, mas não como no TikTok. É um dinamismo de edição que se encaixa, como um quebra-cabeça. Ao mesmo tempo, para competirmos com essas redes, temos que ter justamente essa linguagem, pensando em entretenimento e velocidade de edição. Tem que atrair as pessoas”. O apresentador e roteirista concluiu: “Um programa como esse é muito importante nesse contexto de mundo assoberbado por uma quantidade de informações que estamos, onde muitas delas são falsas ou manipuladas. É indispensável termos conteúdos com informações e fontes confiáveis”.
Ao longo dos episódios, alguns especialistas participam, como a advogada Taís Gasparian; Paulo Rezzutti, escritor e biógrafo; a historiadora Isabel Lustosa; o jornalista Eugenio Bucci; o ambientalista e advogado Fábio Feldmann; a analista ambiental Viviane Lasmar; a indígena da etnia Kadiwéu, Bení Kadiwéu; e Rodrigo Goyena, historiador e cientista político. O roteiro da segunda temporada de “B de Brasil” é de Eduardo Bueno e Jorge Vaz Nande; a direção é de Andre Barmak e a produção executiva é de Cris Moraes.