Mauro Garcia celebra consenso de visão do audiovisual como indústria e andamento de ações

Mauro Garcia, presidente executivo da Bravi (Foto: Reprodução)

Nesta quarta, 9, o presidente-executivo da Bravi, Mauro Garcia, participou do evento de lançamento do Crie Audiovisual, iniciativa que integra o Polo de Referência Nacional em Economia Criativa liderado pelo Sebrae-SP e que será executada pela BRAVI (Brasil Audiovisual Independente). Na ocasião, Garcia ministrou palestra sobre os gargalos e oportunidades atuais do mercado audiovisual brasileiro e destacou que o momento é pulsante. "Agora, a bola está quicando para nós", afirmou.

O executivo refletiu que o lançamento do projeto agora não é por acaso. "São muitos os acontecimentos recentes. A vitória no Oscar; a apresentação do substitutivo ao PL do streaming pela deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ) ontem; a reunião do Grupo de Trabalho do Audiovisual dentro do escopo da Nova Indústria Brasil, que foi incrível… Desde a época da transição de governo tentamos emplacar a noção de indústria audiovisual, que já é praticada na cidade de São Paulo. Agora isso reverberou e entrou na pauta", celebrou.

Garcia lembrou que o Crie Audiovisual tem foco na produção, mas que a produção não existe sozinha. "Audiovisual é um trabalho coletivo – esse é o primeiro ponto que precisamos entender. Todas as trilhas de desenvolvimento que o Crie proporá imporão uma jornada de construção empresarial. E ter empresa, de qualquer tamanho que seja, também não é trabalho de uma pessoa só. E, no caso do audiovisual, não cuida de um aspecto só. Quem não entender toda a arquitetura, desde o conhecimento das leis de incentivo até todas as regras da Ancine, não conseguirá participar desse mercado. É nisso que ajudaremos".

Para ele, o momento atual é marcado por uma convergência de iniciativas. "Esse cenário de sincronicidade permitirá que todo mundo entenda mais esse ecossistema. Todas as questões estarão convergindo nesse cenário de desenvolvimento econômico. Ontem, na reunião, estiveram presentes Embratur, BNDES, todos com essa mesma visão. O Crie surgirá exatamente nesse contexto. Trataremos e trabalharemos nas trilhas, junto com os produtores, em quaisquer que sejam seus momentos de maturidade, pensando nas possibilidades mas também nos desafios, para que cada um enxergue sua vocação".

Desafios sendo superados  

Para além de apresentar números que comprovam a força do audiovisual – como um impacto econômico de R$ 27 bilhões adicionados à economia, 300 mil empregos, R$ 9 bilhões em tributos e 0,5% do PIB – Garcia também abordou os atuais desafios do setor, a começar pela regulação do streaming, que deverá envolver o pagamento de Condecine, contribuindo para o desenvolvimento da indústria; proteção da produção e propriedade intelectual; cotas de conteúdo e proeminência e incentivos a investimentos privados. Ele citou ainda como o FSA, que é o fomento direto à produção nacional, também crescerá com a regulamentação.

E, mais do que falar sobre regular, é importante também mencionar os impactos que essa ausência de regulação tem causado, conforme o executivo pontuou, como a perda da relevância do Brasil no mercado global, a redução das obras brasileiras em plataformas de streaming e o não-aproveitamento das possibilidades de arrecadação. "Envolve tantos aspectos que essa ausência de regulação deixa muita coisa em aberto. E, pior que isso, temos uma desregulamentação reversa, que impacta pra trás. Os canais da TV por assinatura, que eram nosso principal mercado pela Lei do SeAC, estão sendo afetados porque os canais hoje também estão no streaming. Os negócios acontecem no streaming porque não tem regulação. Estamos perdendo cada vez mais espaço dentro do mercado de TV por assinatura. Ou seja, a ausência da regulação do streaming impacta também outros segmentos".

Garcia é inclusive a favor de um marco regulatório para o audiovisual independente da tela. Ele explica: "O Brasil tem um vício de fazer regulações para tecnologias, e aí elas estão sempre defasadas. Até o streaming, quando fizermos já estará velho. Por isso precisamos pensar no que queremos para o audiovisual brasileiro independente da tela onde ele será exibido". No entanto, isso não significa que se deva abrir mão do debate da regulação do streaming em prol de batalhar por uma regulação mais macro para o audiovisual. "Faremos o que tem que fazer. A deputada publicou o substitutivo, que é um aprimoramento dos dois projetos de lei que existiam. Temos que comemorar, porque agora parece que andará. Chegamos a um momento de maturidade de todos os envolvidos para termos regulação. Com uma nova Condecine, e expectativa de aumento nessa contribuição".

De modo geral, o diretor acredita que agora "a coisa andará" – não só falando da regulação do streaming, mas dessa visão do audiovisual como indústria mesmo e todos os potenciais impactos que isso poderá ter em toda a cadeia. "É um momento de oportunidade", garantiu.

Nesse sentido, a iniciativa do Sebrae se torna ainda mais relevante, uma vez que vem para informar empresários e empreendedores de que não se trata apenas de ter uma visão apenas do ecossistema do audiovisual, mas também de construção de empresa para poder competir nesse mercado – que não é mais simples. "Até para quem está nele há muito tempo. Os desafios e competências se renovam", observa Garcia. "Atuar no ecossistema audiovisual exigirá capacitação e atualização empresarial. 'Uma ideia na cabeça e uma câmera na mão' não tem mais lugar no mundo dos negócios audiovisuais", concluiu.

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