"Espero que esta te encontre e que estejas bem", dirigido por Natara Ney, estreia nos cinemas nesta quinta-feira, dia 9 de junho, nas cidades São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Porto Alegre, Manaus, Campo Grande, Brasília, Belo Horizonte, Balneário Camboriú e Aracaju.
Fazendo pesquisas para um outro projeto, na Praça XV, no centro do Rio de Janeiro, a diretora e roteirista Natara Ney se deparou com um maço com 180 cartas, escritas num período entre 1952 e 1953. Nelas, uma história de amor, entre Lúcia e Oswaldo. "Após as ler, colocar em ordem cronológica, fiquei encantada e curiosa. O que havia acontecido com aquele casal apaixonado? Como terminara a história deles? E principalmente encarei como missão devolver aquela preciosidade para os seus verdadeiros donos", conta a cineasta. Com essas perguntas em mente, ela fez o documentário "Espero que esta te encontre e que estejas bem", que chega aos cinemas com distribuição da Embaúba Filmes.
No filme, Natara faz um verdadeiro trabalho de detetive em busca de Lúcia e Oswaldo, sem saber o que encontraria no caminho. No texto das cartas, a apaixonada Lúcia se dirige ao seu amado, enquanto espera-o. Ela, moradora de Campo Grande (MS), Ele, do Rio de Janeiro. Em suas palavras, a jovem fala muito da saudade, da espera e do amor que sente.
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"Depois de ler o conteúdo senti que elas não me pertenciam que eu tinha que devolver para alguém, ainda não havia uma ideia concreta do que fazer. Só mais tarde pensei em filmar esta investigação, este trajeto que, eu esperava, chegasse até os verdadeiros donos", explica a diretora.
Ao longo de sete anos, desde a descoberta das cartas até a finalização do longa, Natara filmou em Campo Grande e Rio Janeiro, e colocou ao centro do documentário a sua própria história de amor, e também falou das sociedades e daquela época: "Depois de ler eu tinha um painel completo de como eram as duas cidades, dos costumes daquela época e o cotidiano daquele casal. Estas cartas foram minhas companheiras por muito tempo".
A documentarista ainda se coloca no filme em primeira pessoa de maneira pontual. "Eu sou uma mulher negra nordestina, geralmente não me chamam para falar sobre amor. Meu corpo é convidado para falar sobre as minhas dores, sobre militância. Eu precisava falar de amor, precisava colocar minhas emoções em outro lugar", diz.
Ao longo do filme, diversos trechos das cartas são lidos por pessoas que cruzam o caminho da diretora. "O texto de Lúcia é muito poético, achei desde o início que seria importante conhecer a história do casal através dela, não caberia outro texto se não o das cartas. Então propus que cada entrevistado lesse um trecho das cartas e isso trazia emoção para a entrevista. Quando a pessoa tocava na carta abria gavetas na memória, e isso ajudava a abrir os caminhos para a entrevista".
Natara destaca também a importância deste documentário no sentido de resgatar memórias, especialmente num país como o Brasil: "Estamos em um momento onde museus estão queimando, memórias afetivas são levadas pela chuva, amores morrem de Covid-19 e descaso, então falar sobre lembranças é fundamental, resgatar o passado na expectativa de que não vamos repetir os mesmos erros".
Nesse sentido, aponta a diretora que o longa resgata uma história do passado mas também pensa no presente do país. "Sete décadas separam as cartas, neste período passamos por um golpe militar, uma ditadura, mais outro golpe e agora uma pandemia. Sinto que a história segue em ciclos, precisamos aprender com os caminhos percorridos e criar um futuro com possibilidades melhores. Particularmente as cartas me trazem coragem para acreditar nos meus afetos e coragem para falar sobre amor".
Um dos maiores desafios que a diretora enfrentou foi com material de arquivo para usar no longa, e, para isso, contou com o trabalho de Antonio Venâncio, um dos principais nomes brasileiros na pesquisa de imagens de audiovisual. Além disso, ela destaca também o trabalho de montagem feito por Karen Akermam e Mair Tavaresm num processo que durou cerca de seis meses até encontrar o ritmo do filme, dosar os offs e as trilhas. A equipe artística ainda conta com o diretor de fotografia Felipe Reinheimer ("Pureza", "SOS Mulheres ao Mar") e trilha sonora original composta por Ricco Viana, também versões de clássicos "El día que me quieras", na voz de Divina Valéria, e "Hino ao amor", interpretado por Laila Garin.
Qusl o nome da música que o cantor Renato Luciano canta no filme?
Por que o nome não aparece nessa descrição ?
A música mais linda do filme com o cantor mais maravilhoso e nessa descrição da trilha sonora não apareceu o nome do cantor