Pesquisa aponta que 75% dos jovens acha que os filmes os retratam de forma estereotipada

(Foto: Freepik)

A pesquisa "Escutar para Criar" reuniu centenas de adolescentes entre 16 e 18 anos, matriculados em escolas públicas e privadas do estado de São Paulo para entender quais temas atraem os jovens na hora de escolher os filmes que vão assistir e quais os gêneros favoritos deles, entre outras questões. O trabalho foi realizado pela produtora Haikai Filmes em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, através da Lei Paulo Gustavo. A pesquisa completa pode ser acessada gratuitamente no site

"Escutar para Criar" foi idealizado pela roteirista, diretora e produtora Caroline Fioratti ("Meus 15 Anos" e "Meu Casulo de Drywall"), que tem grande parte de sua obra audiovisual direcionada a esse público. O trabalho contou com uma equipe multiprofissional dedicada a garantir que os estudantes se sentissem respeitados e motivados a compartilhar suas ideias. O projeto teve como objetivo investigar os tipos de histórias que os jovens desejam ver, de maneira a se sentirem representados nas produções audiovisuais.

"A nossa pesquisa buscava uma postura ativa dos jovens com perguntas que exigiam uma reflexão sobre a sua própria subjetividade", comenta a cineasta. O coordenador do projeto, o psicólogo e pesquisador Fabio Redkowicz, explica a razão da pesquisa se chamar "Escutar para Criar": "Transformar a escuta ativa em dados concretos é sempre um grande desafio. Ouvir diretamente essa geração é essencial para promover reais mudanças nas narrativas que permeiam e moldam nossa cultura".

O formulário desenvolvido pela equipe mapeou desde dados concretos relacionados aos hábitos de consumo até informações subjetivas sobre sensações e emoções que os adolescentes procuram ter ao assistir um filme. Temas como diversidade racial, sexualidade, religião e empoderamento feminino, entre outros, foram relacionados com as informações pessoais dos participantes e com suas preferências de narrativas, gêneros e personagens. 

As respostas deram para a equipe não apenas uma visão do tipo de conteúdo que eles desejam ver, mas também uma ideia dos dilemas e conflitos internos dessa geração. "Quando vemos que 'amizade', 'saúde mental' e 'relacionamentos amorosos' estão no topo da lista de temas de interesse e 'redes sociais' e 'sexo' no final, temos uma indicação do desejo que eles têm por conexões humanas reais e talvez uma sensação de falta e solidão, já que subtemas como 'ansiedade' e 'depressão', entre outros adoecimentos mentais, foram citados também", avalia Fioratti.

Principais insights

De acordo com a análise, 75% dos entrevistados acha que a maioria dos filmes retrata o jovem de forma estereotipada e quase metade afirma não se identificar com os filmes que assistem.

Para as produtoras brasileiras, fica o alerta: filmes americanos geram maior envolvimento em 64% dos jovens entrevistados; 75,6% dos adolescentes disseram que gostam de filmes nacionais, mas somente 45,2% assistiram a filmes brasileiros nos cinemas; e a maioria dos jovens relata dificuldade para encontrar filmes brasileiros disponíveis.

Por fim, 82% dos adolescentes demonstram interesse por filmes em que os personagens vivenciam situações que gostariam de experimentar e 47% dos jovens desejam ver filmes com os quais possam se identificar em termos raciais. 

A pesquisa é uma realização da Haikai Filmes com produção e idealização de Caroline Fioratti, coordenação de pesquisa de Fabio Redkowicz e assistência de pesquisa de Alexandre Meirelles e Laura Sciulli. Caroline Fioratti e Fabio Redkowicz ainda assinam a interpretação dos dados e a redação.

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