Com produções para cinema e streaming, Migdal Filmes une entretenimento e impacto social

"As Polacas", da Migdal Filmes, estreia em novembro (Foto: Ique Esteves)

A Migdal Filmes, da produtora Iafa Britz, completa 15 anos em 2024 com uma trajetória de títulos bem sucedidos no audiovisual, como a franquia "Minha Mãe é uma Peça", "Casa Grande", "M-8 – Quando a Morte Socorre a Vida", "Irmã Dulce", "Nosso Lar" e "Linda de Morrer", além de documentários como "Cássia Eller". Na TV, assina as três temporadas da série "As Canalhas" (GNT) e as cinco temporadas de "220 Volts", com Paulo Gustavo, para o Multishow. 

A produtora traz atualmente em seu line-up filmes e séries para as salas de cinema e para o streaming como os longas "As Polacas", drama inspirado em histórias reais dirigido por João Jardim, e "Overman", com direção de Tomás Portella, baseado nos quadrinhos de Laerte. Já entre as séries, assina a produção da inédita "Body By Beth", de Carolina Castro, com exibição na TNT. Entre as produções do biênio 2024/2025 destacam-se dois filmes para a Netflix: "Caramelo", de Diego Freitas, e "Diário de um Mago", adaptação audiovisual da obra de Paulo Coelho. "Geni e o Zepelim", filme inspirado em música de Chico Buarque, de Anna Muylaert, em coprodução com a Globo Filmes e distribuição da Paris Filmes, completa a lista. 

"Temos uma mistura de projetos muito original para o cinema. É isso que estamos sempre procurando. Para o streaming, temos dois projetos relevantes e importantes com a Netflix. Todos eles são projetos que olhamos e falamos 'isso tem que ser feito'. São apostas nossas em coisas que podem ser diferentes, pegar numa 'veia aberta' do público. E temos projetos num lugar alternativo, como 'As Polacas', que é estranhamente atual. O filme se passa em 1918 e traz esse lugar de resgatar histórias e memórias para olharmos para trás e pensarmos para onde estamos indo como sociedade", detalhou Iafa Britz em entrevista exclusiva para TELA VIVA. Entre as próximas produções, ela citou ainda "Descontrole", uma dramédia que vai tratar de assuntos importantes, como o alcoolismo feminino, dentro de uma perspectiva bem-humorada. "Estamos sempre refletindo questões da sociedade. Senão a gente, como público, não se identifica", pontuou. 

A Migdal busca conscientemente ter projetos de gêneros variados, destinados a diferentes janelas. Olhando para o passado, Britz relembrou que, quando produziu "Nosso Lar", entre 2009 e 2010, passou a receber muitos projetos de temática espírita. Depois, quando veio "Minha Mãe é uma Peça", ficou conhecida como uma produtora de comédia. "Somos sempre encaixotados. E eu nunca gostei de ocupar esse lugar porque reduz muito a gente na nossa capacidade e potencial. Temos o direito de querer mudar, experimentar outras coisas. Sempre procurei um equilíbrio de gêneros", afirmou. E em relação às janelas, ela disse estar gostando da experiência de produzir filmes para o streaming: "Acredito muito nessa coexistência dentro de uma empresa. Acho saudável. Tem muitas coisas que a gente aprende fazendo determinado formato e que vai nos ajudar a melhorar os processos em outro". 

Dados e pesquisas x Fé e instinto

A produtora olha para tendências e algoritmos com cautela. "Quando você pega uma onda, é porque ela já passou. Temos que estar sempre à procura da próxima. E eu gosto de pensar que podemos encontrar o novo, aquilo que não foi feito e que o público quer ver", observou. "Não dá para negar que pesquisas são importantes. Conhecer o público e saber o que ele está consumindo é fundamental. Olhando com uma lente positiva, temos ferramentas que, hoje, ajudam, potencializam e fazem com que o filme chegue até as pessoas que vão querer assistir. Por outro lado, acho que tudo aquilo que te reduz a uma coisa só é ruim. Ser reduzido a um algoritmo, por exemplo, te deixa ser a possibilidade de mudar de perspectiva e ponto de vista, ou ser apresentado a uma coisa nova". 

Britz considera que algoritmos podem ser limitantes. "Vamos ficando reduzidos a alguma coisa que já quisemos ver no passado e reféns disso para sempre. O lance é usar com sabedoria", apontou. "Às vezes até para fazer o contrário de tudo, ir pelo caminho inverso. Tudo depende de ponto de vista – pesquisas e algoritmos dependem de quem os interpreta. Seria impossível para mim desenvolver projetos só com base nos números existentes. A gente não descobriria nada, não tentaria achar coisas novas", completou. Mas ressaltou: "Também não podemos negar a realidade – e às vezes somos bons nisso. Temos que pensar nas reais chances daquele filme atingir um público maior. É nessa hora que entendemos que talvez aquele título não seja para o cinema, por exemplo. É nesse lugar de flexibilidade. A busca é por um equilíbrio, acreditando no seu instinto, mas de uma forma que não seja imatura nem irresponsável". 

Ela chama a atenção para outro ponto importante dessa conversa, que é a velocidade de desenvolvimento e produção: "Hoje, parece que o tempo está mais curto. Em dois anos, aquele conteúdo parece que já ficou velho. O roteiro que você escreveu anos atrás, se ainda não rodou, certamente tem mil questões para revisar. Coisas que não ficaram legais, que não se fala mais assim, ou que ninguém mais liga, não aguenta mais o assunto". 

Relevância está na paixão e na responsabilidade

No mercado, fala-se muito sobre produzir projetos relevantes – é o que todos estão buscando, ainda que o termo seja bastante abstrato. Para Britz, a questão da relevância da história pode estar num lugar muito passional: "Você tem que acreditar naquilo. A maior parte dos filmes e séries que produzi eram, para mim, a coisa mais importante do mundo, que iria impactar a vida das pessoas de uma forma avassaladora. Não tem outro jeito de fazer, de movimentar tanta gente e tantos recursos, se não for algo que você acredite muito. Os projetos que deram certo foram aqueles em que eu acreditava na força do conteúdo e no potencial de comunicabilidade. E eu mesma sou uma super espectadora. Tenho que sentir que eu quero muito ver aquele filme. Esse sentimento de fazer algo que precisa ser feito. Por isso temos que nos renovar o tempo inteiro e manter nossa paixão – o que pode ser exaustivo. Cada projeto se torna a coisa mais importante e relevante do mundo pra você. E não porque terá muito sucesso, e sim porque é maravilhoso fazer". 

A produtora enfatiza que é um trabalho que envolve muito tempo e muita responsabilidade. "Eu levo muito a sério o que a gente faz. Tenho responsabilidade com as pessoas e com o público e uma gestão transparente de recursos, porque eles vêm de políticas públicas ou de grupos e empresas que confiaram em mim. É uma coisa muito séria, e que exige que você tenha muita paixão. Eu vejo esse jeito de trabalhar muito capilarizado na Migdal e acho que por isso sempre atraímos pessoas que pensam assim também", concluiu. 

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui