A 29ª edição do Cine PE – Festival do Audiovisual começou celebrando o cinema como uma festa da cultura brasileira. A abertura do festival, realizada na noite da última segunda-feira, 9, no Teatro do Parque, foi marcada pelo lançamento do edital de Arranjos Regionais, iniciativa do Ministério da Cultura (MinC) que destinará R$ 300 milhões para impulsionar a produção audiovisual fora do eixo Rio-São Paulo.
O anúncio foi feito pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, acompanhada do diretor do Cine PE, Alfredo Bertini; do prefeito do Recife, João Campos; da secretária de Cultura de Pernambuco, Cacau de Paula; da secretária do audiovisual, Joelma Gonzaga; entre outras autoridades. A iniciativa busca descentralizar os investimentos do setor, garantindo 70% dos recursos para projetos das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, enquanto os outros 30% serão destinados a Minas Gerais, Espírito Santo e Sul do país.
Durante o lançamento, a ministra da Cultura exaltou a força da produção audiovisual brasileira e destacou a importância da descentralização dos investimentos no setor. "O cinema brasileiro está vivendo uma janela de oportunidades fantástica. Não estamos mais falando apenas em descentralizar, mas em nacionalizar a cultura, para que o povo brasileiro se veja nas telas", afirmou. Ela também destacou o compromisso do governo federal com a reconstrução das políticas culturais e o fortalecimento das produções regionais. O edital, que integra o Programa de Arranjos Regionais para o Audiovisual, estará com inscrições abertas a partir do dia 16 de junho.
Na ocasião, o prefeito do Recife, João Campos, destacou o protagonismo da capital pernambucana no cenário audiovisual brasileiro: "Recife é uma cidade que respira cultura e ser escolhida para o lançamento dos arranjos produtivos do audiovisual mostra a força histórica da nossa gente. Vamos garantir contrapartida no orçamento municipal para ampliar o impacto desse investimento, porque cultura transforma. O cinema precisa estar na formação das crianças, nos equipamentos públicos e no centro das decisões políticas".
Exibições
Os horrores cometidos contra os corpos femininos e as consequências que as mulheres enfrentam pela violência a que são submetidas foram o tema central da primeira noite de exibições do Cine PE.
A cineasta Vitória Vasconcellos, que recentemente estreou seu novo curta, "Esconde-Esconde", no festival Biarritz Amérique Latine, foi a primeira a apresentar sua obra, que está concorrendo na Mostra de Curtas Pernambucanos. "Esconde-Esconde" é um curta ficcional que acompanha Babi (interpretada pela própria Vitória Vasconcellos), uma jovem recifense que vive em São Paulo e se vê encurralada pela visita dos pais. O filme aborda a dificuldade de viver em um país onde as mulheres não têm o direito sobre seus próprios corpos.
Na sequência, concorrendo na Mostra de Curtas Nacionais, Dênia Cruz apresentou "Liberdade sem Conduta", um documentário que revela o ponto de vista de uma mulher condenada pela justiça como mandante da morte de seu ex-marido. O filme desvela a dor de uma mulher que, para não perder sua vida, viu-se forçada a tirar a vida do companheiro. Casada durante dez anos, ela sofreu diversos tipos de abuso, até que decidiu dar um basta à violência de uma forma trágica. Ainda na Mostra de Curtas Nacionais, o pernambucano "Cavalo Marinho" encerrou a exibição de curtas da noite. Dirigido por Leo Tabosa, o curta traz à tona a realidade do envelhecimento de pessoas LGBTQIAPN+.
Estreando no Brasil após ser exibido na Berlinale, "A Melhor Mãe do Mundo", de Anna Muylaert, encerrou a noite de exibições. O longa é um filme da +Galeria e estreia nos cinemas dia 7 de agosto. Na Mostra Hors Concours, foi exibido o documentário "Eu Preciso Dizer Que Te Amo", dirigido por Marlom Meirelles em parceria com estudantes da rede pública de Jaboatão dos Guararapes.