Broadcasters e teles brigam por destinação de 700 MHz também na Europa

O último dia do congresso da IBC 2012, cuja área de exposição permanece aberta até esta terça-feira, 11, em Amsterdã, se encerrou com um debate conhecido no Brasil: a disputa entre radiodifusores e operadoras móveis sobre o destino da faixa de 700 MHz.

Mas, diferentemente do que acontece aqui no Brasil, a Europa está vivendo a segunda etapa da destinação de faixas do dividendo digital. “A etapa que o Brasil vive agora com a faixa de 700 MHz foi a que vivenciamos há dois anos e meio, quando decidimos pela destinação da faixa de 800 MHz para a transmissão de dados móveis”, lembra o head da unidade de radiofrequência da Comissão Europeia, Pearse O’Donohue. “Com o switch off da TV analógica, que será concluído em 31 de dezembro deste ano, decidimos pela destinação de toda a faixa de 800 MHz para a telefonia móvel porque entendemos a necessidade de mais espectro para atender à demanda por dados móveis e porque pudemos garantir que ainda haveria espectro suficiente para a radiodifusão em 700 MHz”, explica.

O Parlamento Europeu solicitou um total de 1.200 MHz alocados para banda larga móvel até 2015 e por isso haverá a discussão para destinação da faixa de 700 MHz. E de acordo com O’Donohue, essa segunda etapa de discussão do dividendo digital se apresenta ainda mais complexa. “Já fizemos os broadcasters abrir mão da de 800 MHz e agora não será simples com a de 700 MHz. No entanto, não podemos tomar uma decisão com base na sobrevivência de uma indústria ou outra, mas sim no que será melhor para os cidadãos”, avalia.

Enquanto operadoras móveis continuam clamando por mais espectro para fazer frente à explosão da demanda por dados móveis, broadcasters da Europa argumentam que uma redução ainda maior do seu espectro pode colocar em risco a continuidade da TV digital terrestre na região diante da impossibilidade de acompanhar avanços tecnológicos como transmissões HD, 3D e super HD 4K.

“Hoje a TV digital terrestre chega a 72% dos lares da Europa, tem 275 milhões de telespectadores e mais de 1.800 canais. Atualmente, os canais de 21 a 60, que incluem a faixa de 700 MHz, estão totalmente ocupados em muitos dos países e precisaremos de todo o espectro disponível para migrar nossas transmissões para HD, 3D e, possivelmente, 4kHD”, defende Lars Backlund, Chairman da Broadcast Networks Europe (BNE).

Outro risco, lembrado por Bernard Pauchon, chairman do grupo de espectro e redes da DigiTAG, é a interferência do LTE nas transmissões de TV digital e para o qual estudos já estão sendo desenvolvidos.

“Precisamos é de uma visão de longo prazo. Podemos melhorar a eficiência de transmissão da TV digital terrestre com novas tecnologias como o novo padrão DVB-T2 ou mesmo com maiores compressões. Mas não podemos também apenas espremer os broadcasters, temos que cobrar eficiência também das teles móveis. A melhor solução será a convivência de ambas as indústrias na faixa, mas para isso será preciso ainda muita conversa, o que está apenas começando”, conclui O’Donohue.

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