Para produtores, distribuição por novas plataformas é essencial para financiar produções

O IBC 2015, principal evento de televisão da Europa, que acontece esta semana em Amsterdã, não é um evento em que se discute os modelos tradicionais de TV por assinatura versus os modelos OTT. Nas discussões do IBC, esta questão parece superada: os modelos não-lineares, seja de empresas oriundas do mundo da Internet, como Netflix, Amazon e Apple, seja nos produtos de vídeo sob-demanda das próprias operadoras de TV por assinatura, deverão substituir, em pouco tempo, o modelo tradicional de empacotamento da TV paga tradicional. Mas o que isso significa para os produtores de conteúdo?

Gary Wolf, vice-presidente da all3media, uma produtora de conteúdo controlada pela Liberty Media e pela Discovery, ressalta que não existe mais como evitar que os produtores e detentores de direitos fiquem presos a um único modelo. "A demanda por conteúdos de qualidade, mais caros, é cada vez maior, e um bom acordo com um canal cobre, no máximo, 70% do custo de produção. Precisamos compensar essa diferença buscando benefícios fiscais, coproduções, financiamentos públicos e, sobretudo, precisamos de outras plataformas e janelas de distribuição", diz ele. Por isso, ter a oferta dos conteúdos no VOD e em outras plataformas não-lineares é essencial para rentabilizar as produções.  "O VOD é a grande oportunidade para o produtor de conteúdo", diz ele, lembrando algumas estatísticas "No Reino Unido, 36% dos usuários de pay TV já fazem catch up de conteúdos pela Internet. Em alguns casos, 40% da audiência já vem do consumo não linear. Em algumas operadoras, como a Sky, 73% dos assinantes usam as plataformas online. As pessoas não consomem o conteúdo na melhor tela possível, mas na melhor tela disponível", diz Wolf. "Por isso, precisamos pensar muito bem nas janelas e nas novas plataformas de distribuição".

Para Phillip Lupp, diretor para a Europa da Scripps International (canais HGTV, Food Network entre outros), todas as novas plataformas de distribuição e os novos modelos dos operadores de TV paga tradicionais trazem um elemento muito positivo: "a diferenciação vem pela qualidade, e nunca o conteúdo de qualidade foi tão demandado". As operadoras tradicionais se beneficiam dos conteúdos ao vivo e dos conteúdos esportivos. As operadoras de conteúdo sob demanda como Netflix e Amazon estão apostando em produções próprias de alta qualidade, diz o executivo. A má notícia, diz ele, é que esse tipo de conteúdo é caro, não só pelo custo de produção, mas porque exige um marketing específico, "para fazer os programas conhecidos individualmente, porque a venda será individualizada, e a programadora passa a ser apenas um selo de qualidade".

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