"Igarapé Mágico" será carro chefe de horário infantil da TV Brasil

“Igarapé Mágico” é o projeto mais ambicioso da TV Brasil, emissora pública controlada pela EBC (Empresa Brasil de Comunicação), entre as produções que irão ocupar o espaço da sua programação que será destinado ao público infantil. A série está sendo produzida pela Dogs Can Fly, com direção de Ricardo Whately e Bia Rosenberg, conhecida por trabalhos em produções como “Castelo Ratimbum” e “Cocóricó”, da TV Cultura. Além de atuar como diretora, Rosenberg é co-autora de “Igarapé Mágico” junto com Flávio de Souza. A produção combina atores reais com bonecos e animação 3D. As gravações, realizadas em São Paulo, duraram cerca de um mês e foram concluídas no início de outubro. Agora, o projeto segue para uma fase de pós-produção, onde atores e bonecos serão inseridos em um cenário digital. A primeira temporada, com 26 episódios de 12 minutos, tem estreia prevista para janeiro de 2014.

Ambientada na Amazônia, a série terá como protagonistas filhotes de animais típicos da região, como a sucuri, o peixe-boi e o jacaré, representados por bonecos, que contracenam com a sereia Iara, interpretada pela atriz Roberta Estrela D'alva. Voltada para o público infantil de até 6 anos de idade, a série abordará temas como sustentabilidade, amizade e relações familiares, apostando em um entretenimento lúdico. “Queremos mostrar que entretenimento para crianças pode perfeitamente ensinar coisas. Nesse caso, abordaremos a questão da preservação de espécies em extinção. Como a história ocorre em ambiente aquático, também teremos a possibilidade de abordar a questão da sustentabilidade”, diz Rosenberg.

Para combinar três linguagens diferentes (atora, bonecos e animação), a produtora utilizou a técnica conhecida como Chroma Key, com atora e bonequeiros – artistas que manipulam os bonecos – contracenando em um cenário com fundo azul, que será substituído na pós-produção por animações. No caso dos bonequeiros, foi preciso cobri-los por inteiro com uma roupa produzida com um tecido azul. De acordo com Ricardo Whately, desenvolver a identidade visual do projeto foi o maior desafio enfrentado pela Dogs Can Fly. “É um grande desafio combinar atores, bonecos, 2D e 3D. Fizemos cenários bem coloridos, com muita cor e luz. O cenário não é algo estático, está presente na história, sendo concebido diariamente”, diz.

Cereja do bolo

Sem revelar o valor investido no projeto, Rogério Brandão, diretor de produção da TV Brasil e idealizador de "Igarapé Mágico", classificou o orçamento da produção como “de nível internacional”. “O projeto foi concebido para ser a cereja do bolo da hora da criança no canal. Recebemos a demanda de criar uma produção infantil para ser referência internacional”, explica. “Igarapé Mágico”, diz Rogério, foi produzido com o objetivo de ser comercializado para outras janelas de exibição nacionais e internacionais, além da TV aberta, e levantar recursos com licenciamento de produtos. “Apesar de ser uma empresa pública, obtemos receita para amortizar os investimentos. A produção já foi concebida pensando na possibilidade de licenciar bonecos, material escolar, CDs e outros produtos”. De acordo com ele, três canais de televisão de TV paga presentes no Brasil já demonstraram interesse de contar com a produção na sua grade desde o lançamento.

A TV Brasil planeja levar a série finalizada para o Kidscreen 2014, evento que será realizado em fevereiro em Nova York. “Estamos buscando parceiros nacionais e internacionais para licenciar produtos. O Kidscreen será nossa principal vitrine internacional. Levamos o projeto no ano passado e despertou grande interesse, agora vamos retornar coma produção finalizada”, informou Brandão. A ambição do canal, diz o executivo, é concorrer ao Emmy com a produção.

A ambientação da série faz parte de um plano da TV Brasil para regionalizar seu conteúdo, com programas mostrando características típicas de diferentes regiões do país. “Quando falamos de séries infantis, os animais presentes são sempre aqueles do imaginário típico. O urso, a girafa, o hipopótamo. Não temos animais típicos brasileiros, e estamos mudando isso na produção”, argumenta Brandão.

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